Com um clima de euforia que lembra muito os Roaring Twenties (os "loucos anos 1920") dos EUA, que antecederam a crise de 1929, o Brasil pós-Bolsonaro é marcado por uma histeria consumista que leva muita gente ao entretenimento mais obsessivo.
Quando a sorte grande lhes dá o dinheiro desnecessário para a "gente bem" que está bem de vida, esse pessoal corre para o supérfluo: festinhas todo fim de semana, viagens ao exterior, compras de carros para cada membro da família, transformação de seus apartamentos em canis. Isso quando não são os jovens adultos com apetite desmedido de consumir grandes engradados de cervejas em festas, eventos de entretenimento ou nas noitadas em bares.
Enquanto isso, vemos pessoas acumulando contas sem poder pagar, gente vendo o dinheiro ficando escasso e não podendo obter uma renda imediata, enfrentando muitas dificuldades. Foi esse clima de desigualdade que impulsionou as ondas de assaltos que apavoraram o país nos anos 1970 e 1980, porque o "milagre brasileiro" não compartilhava seus benefícios para os brasileiros comuns.
A "boa" sociedade atua como um gado bovino "democrático" - sim, existe gado não-bolsonarista, incluindo o gado de esquerda - , feliz em sentar-se nos patéticos parklets (espécie de curral humano simulando falsas praças ou mesas de lanches) para cantar "Wouin' on the Ribo" (versão balbuciada de "Proud Mary" do Creedence Clearwater Revival) com cerveja na mão e brincando de estar em algum canto da Route 66 nos EUA.
E como todo gado, a elite do bom atraso tem também suas mãos de vaca, recusando-se a fazer vaquinha (olha a ironia) para ajudar os mais necessitados. São pessoas que parecem experimentar pela primeira vez o privilégio de ganhar demais sem ter mérito nem necessidade disso.
E aí vemos pessoas mergulhando no consumismo mais compulsivo e obsessivo, festejando os privilégios próprios deles, enquanto a miséria, a falência e outras crises sérias ocorrem fora das bolhas sociais da felicidade tóxica. Isso mostra o quanto a "sociedade do amor" do lulismo atual se mantém bastante egoísta. Precisamos de outra ordem social mais altruísta e humana.
Comentários
Postar um comentário