Depois de aliviar as coisas com a taxação branda, sazonal e potencialmente seletiva dos super-ricos, Lula resolveu endurecer com o empresariado não necessariamente de grande gabarito. Ontem o presidente brasileiro vetou o texto integral que prorrogava a desoneração da folha de pagamento, causando revolta na oposição no Congresso Nacional.
A desoneração da folha de pagamento consiste na empresa, em vez de recolher 20% de impostos sobre sua folha salarial, apenas paga de 1% a 4,5% de tributos sobre a receita bruta, que é a renda obtida pela venda e pelos serviços. A medida já estava em vigor, mas Lula decidiu cancelá-la.
Os movimentos sindicais, descontada a CUT, manifestaram repúdio ao cancelamento de Lula, afirmando que a decisão do presidente pode estimular a precarização do trabalho, a insegurança no emprego e a perda de arrecadação. Os sindicalistas destacam que é um grave equívoco usar o ajuste fiscal sobre o setor produtivo e o emprego formal.
Quanto às empresas, os pequenos e médios empresários sairão prejudicados, porque, com mais tributos, eles não poderão sustentar seus empreendimentos, o que pode resultar em falências e demissões. A desoneração da folha de pagamento é também considerada uma medida de sensibilidade social.
Imagine cobrar 20% de um pequeno ou médio empresário, todo mês, enquanto o super-rico é cobrado em 15% e duas vezes ao ano. O veto de Lula, corroborando com a escolha do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em voltar com a Contribuição Previdenciária Patronal de 20%, mostra o quanto o petista adotou uma postura neoliberal incondizente com a antiga trajetória sindical e progressista.
A propósito, Lula repetiu Jair Bolsonaro ao ignorar a necessidade de uma lista tríplice para a escolha do novo procurador-geral da República, lista aberta a todos os membros do Ministério Público Federal (MPF) e organizada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
E Lula se desinteressou também em receber a subprocuradora carioca Luísa Frischeisen, de 57 anos, cotada para o PGR na votação dos 526 dos 1.153 procuradores ativos do MPF. Além do desinteresse de receber uma mulher para sucessão de Augusto Aras no comando da PGR, Lula também manifesta desinteresse pela instituição.
Acreditando na "democracia do eu sozinho", Lula parece não ouvir sequer os seus pares e se perde agindo apenas conforme seus impulsos e suas vontades pessoais. As esquerdas já começam a se decepcionar com o presidente.
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