Um hábito que pode demonstrar uma falta de educação bastante grosseira e desrespeitosa é muito comum de acontecer num país como o Brasil, cujo futebol é encarado com muito fanatismo em dimensões fundamentalistas que resultam nas célebres violências movidas por torcedores. Afinal, o futebol, no Brasil, é movido por uma paixão extremamente tóxica que, pelo menos no Rio de Janeiro, infui perigosamente até nas relações de trabalho.
Imaginamos que existam dois amigos. Independente de um deles gostar ou não de futebol, este convida o outro para viajar para uma cidade conhecida por suas belas paisagens naturais, geralmente localizada no interior do Brasil. O foco é a cidade, são seus locais históricos, suas paisagens, seus encantos peculiares.
Só que o passeio entra num dia em que há um jogo do Campeonato Brasileiro, o Brasileirão. E aí o amigo convidado resolve, com um semblante que mais parece um zumbi, pegar no seu celular e entrar num aplicativo que transmite o jogo de futebol considerado importante naquele torneio.
De repente a paisagem à sua frente não tem mais importância e o sujeito se torna obsessivo com as jogadas, com o seu time favorito tendo que vencer a partida para obter uma boa pontuação. O semblante se torna tóxico, o sujeito de repente deixa de falar com o amigo ou, quando fala, é para comentar sobre o jogo.
Só que este não é o propósito da viagem. O foco da viagem é a cidade do interior, suas paisagens, seus lugares, não há motivo para o sujeito ficar preocupado com futebol. Se tivesse, deveria ter aberto mão da viagem e ficado na sua cidade para ver TV ou ir ao estádio, se for o caso.
A atitude do sujeito se ocupar com o futebol torna-se uma atitude grosseira, uma grande falta de educação, um grande desrespeito para o amigo que o convidou para fazer algo diferente e prestar atenção a outras coisas.
E se lembrarmos que o futebol não traz benefício algum para seus torcedores, que na prática pagam pau para encher de muito dinheiro os empresários de futebol, de mídia e de cerveja - estes integrantes de uma parcela de super-ricos socialmente aceita e apoiada pela elite do bom atraso - , a coisa se torna ainda mais grave, pois o sujeito não precisaria ver o jogo nem ficar aflito com a partida.
O sujeito poderia muito bem esquecer a partida, e só saber o resultado depois de chegar de volta à sua casa. O fato dele estar lá obcecado em ver a partida de futebol e torcer pelo seu time favorito não vai contribuir para que esta equipe de jogadores atue melhor ou pior na partida. O desempenho do time é por conta dos jogadores, pouco importando se os torcedores vibrem mais ou menos para o sucesso desta equipe.
Portanto, isso acaba se tornando uma perda de tempo e uma demonstração de falta de educação e profundo desrespeito ao amigo que o convidou para acompanhá-lo na viagem. E, ainda mais, soa bastante ofensivo, uma vez que o foco é fazer algo diferente, ter uma outra experiência. Pouco importa se o time de futebol está ou não numa boa campanha. O negócio é com os jogadores e dirigentes esportivos, os torcedores nada têm de influentes nesse desempenho.
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