Estranha a elite do bom atraso, essa espécie de brasileiros que se mimetiza sob a multidão, se achando "a espécie humana por excelência", "a sociedade mais legal do mundo" e agindo com muita arrogância e megalomania nas mídias digitais, onde essa classe é majoritária, pois, com a exceção de alguns bons samaritanos, quase não existe vida inteligente nas redes sociais.
A elite do bom atraso adota dialetos de portinglês como dog, bike e o bizarro body (maiô), além da gíria farialimer e jovempaniana "balada" (gíria bizarra, "popularizada" mas eufemismo para "rodízio de drogas alucinógenas"). Jogam comida fora, depois de umas poucas garfadas. Ouvem a vida toda um mesmo punhado de sucessos musicais bastante previsíveis, independente da qualidade.
Outro aspecto também estranho dessa elite que se acha "dona do mundo" - a ponto de, viajando para o exterior, inicialmente esbanjar ar de superioridade imediatamente desfeito pela desconfiança natural dos gringos - são os parquiletes (parklets), o estranho modismo das "praças de rua" que vão na contramão da mobilidade urbana.
Os parquiletes são denunciados aqui, com exclusividade, por serem uma farsa que atende a interesses comerciais de estabelecimentos, geralmente bares e restaurantes. Se vendem como "praças públicas" e chegam a forçar a barra se vendendo como "espaços públicos" e fingindo condenar o uso desses espaços para interesses privados dos comerciantes.
Contem outra. Está mais do que óbvio que os parquiletes são espaços privados concedidos ao uso público, enquanto não são lotados por ocupantes dos estabelecimentos mantenedores. Por sorte, quase nunca esses espaços ficam lotados, e supostamente até mesmo os operários da construção civil podem usar as mesas de refeições de certos parquiletes para almoçar a marmita que trouxeram de suas casas.
Só que os parquiletes, salvo raras exceções, são muito feios, com aquele ar vintage forçado, além do clima americanizado de Route 66. São currais humanos, para o gado hedonista etílico tomar sua birita, de preferência cantando coisas como a versão balbuciada de "Proud Mary" do Creedence Clearwater Revival", intitulada "Wouin' On The Ribo".
O mais risível é que os espaços se anunciam como "temporários", mas insistem em ser permanentes. Isso lembra muito a gíria "balada" (©Jovem Pan), que tenta renegar sua condição de temporalidade e grupalismo específicos, insistindo em sobreviver acima dos tempos e das tribos. E ver que até gente evangélica fala em "balada", se esquecendo que esta palavra é eufemismo para um tipo de drogas, é coisa de fazer careca arrancar os cabelos.
Comentários
Postar um comentário