A quantas andam os textos jornalísticos no Brasil do portinglês, onde o já galicista maiô foi substituído por um tal de body, e da horrível gíria "balada", da Faria Lima e da Jovem Pan, que acostuma mal muita gente, temos também aberrações diversas na nossa língua.
E nem se está falando do uso do verbo "assistir", na qual o certo seria "assistir um filme" quando se trata de um membro da equipe técnica ajudando numa filmagem, enquanto ver um filme tem que ser "assistir a um filme", com o "a" preposição bem colocado.
Fala-se do uso errado do gênero, como na matéria do UOL no dia 27 de outubro passado, quando a notícia de um acidente fatal na Itália foi acompanhado do assassinato linguístico, quando a finada moça que pilotava um helicóptero foi chamada de "pilota" (com o "o" pronunciado como se tivesse um circunflexo invisível - cortesia da reforma ortográfica de 1972) e não "a piloto", como seria o correto.
O uso da palavra "pilota" parece normal, mas poucos percebem que não é. É tão ridículo quanto usar a palavra "jacaroa" como feminino de "jacaré". Fica algo muito burro, embora "pilota" soasse, na hierarquia dos termos constrangedores, mais pesado que "soldada". Definir a fêmea de "soldado" como "soldada" soa errado - o certo é "a soldado" - , mas arranha menos os ouvidos e os olhos do que "pilota".
Mas é a mesma língua que não define o feminino de "poeta" como "poetisa". Poeta acaba sendo erroneamente invariável no gênero, quando vemos que o termo "poetisa", além de mais adequado, soa, com a licença do trocadilho, bastante poeta. Mulher que faz poesia é poetisa, não poeta. E a única mulher que pode ser chamada de "poeta" é a Patrícia Poeta.
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