Com muita certeza, e indiscutível o sentido positivo da liberação dos brasileiros que estavam confinados em Gaza, no Oriente Médio, depois de vários dias proibidos de retornar ao Brasil. A liberação é um grande alívio e tranquiliza muitas famílias e muitos amigos, que agora podem ter novamente em seu convívio seus entes queridos.
Mas devemos tratar as coisas com certo discernimento. Esse episódio está sendo interpretado pelos lulistas como uma desculpa para alegar que a ênfase exagerada do presidente Lula com a política externa, que como um carro na frente dos bois deixou em segundo plano até mesmo o combate à fome, choroso apelo de Lula para ser eleito para o atual mandato presidencial.
Devemos prestar atenção que o que fez os brasileiros saírem de Israel foi a atuação direta do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, com as embaixadas do Brasil e de Israel. É, portanto, um caso episódico, cujo mérito não pode ser confundido com as constantes e desnecessárias viagens de Lula no exterior, que aliás fogem do contexto do drama e tragédia vividos pelos brasileiros em Gaza.
A validade do socorro das autoridades aos brasileiros confinados em Gaza está no contexto específico da situação. É uma urgência relacionada com determinada situação, uma emergência que exige não só agilidade para salvar os brasileiros como habilidade de negociação para que tudo seja resolvido de forma tranquila e segura.
Não se pode usar o fato de Lula priorizar a política externa, intervir em assuntos alheios ao Brasil, como os conflitos entre Israel e Palestina, entre Rússia e Ucrânia, e bancar o dublê de pacifista mundial, como fator de validade deste socorro, que ocorreria, com a urgência com que se realizou, sem que Lula fosse passear pelo mundo buscando o prestígio internacional.
Não aprovo a divinização de Lula, definido como o "herói" da situação. Como governante, ele cumpriu o que deveria naturalmente cumprir: zelar pelo retorno seguro dos brasileiros numa área de riscos e ameaças sérios. Seu trabalho em resgatar os brasileiros de Gaza, exercido pelo Ministério das Relações Exteriores, foi portanto uma obrigação ética, um serviço de utilidade pública.
Em outras palavras, uma coisa é socorrer os brasileiros em situação de risco em um outro país. Outra coisa é Lula deixar de lado a política de reconstrução do Brasil para se pavonear de maneira desnecessária em eventos como a reunião do G7, na qual o presidente brasileiro era apenas um convidado ouvinte, mas tentou um discurso de dez minutos para se promover.
A propósito, quando eu voltei do trabalho no domingo - fruto de um estágio de corretagem de imóveis que estou fazendo - , um miserável me pediu dinheiro para comprar comida. Eu, com dificuldades, disse que não podia e o rapaz me explicou que percorreu várias padarias pedindo para tudo quanto é freguês e ninguém lhe deu um trocado sequer. O pessoal "bem de vida" não tem dinheiro para ajudar o próximo, mas para comprar cerveja e cigarros tem dinheiro de sobra. Pura hipocrisia do Brasil lulista de hoje.
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