A estranha medida de cortes de investimentos do governo Lula, que atingem setores essenciais como a Educação e Saúde públicas e até mesmo programas como o PAC, a Farmácia Popular e o Pé-de-Meia, jogam uma pá de cal na teoria de que o atual mandato do petista está voltado "mais à esquerda".
São bilhões de reais cortados, creio que mais de R$ 20 bilhões, que destoam da imagem de Lula como um presidente que prioriza os pobres e os mais necessitados, preferindo cortar gastos públicos para manter o chamado "déficit zero" do arcabouço fiscal.
Isso significa que o governo Lula está mais preocupado em satisfazer as pressões do setor financeiro, apesar da aparente briga com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e da promessa do presidente do Brasil de indicar, ainda este mês, um substituto para o comando da referida instituição financeira.
Lula se perde discursando muito, mas sabemos que essa mania do presidente brasileiro falar demais e abusar das argumentações serve de cortina de fumaça para compensar a realidade que o brasileiro médio não quer admitir, a de que o presidente brasileiro está fazendo muito pouco pelo povo, em seu mandato que, confirmadamente, se torna o pior dos três exercícios presidenciais.
Os lulistas também não querem admitir isso, pois suas narrativas tentam fazer crer de que falar, opinar e propor são sinônimos do verbo fazer. Quem entende do bom português e conhece a realidade dos fatos e os significados das palavras sabe que isso não é verdade, pois não tem consistência a ideia de que Lula já faz muito quando fica só falando.
E aí vemos o quanto cai a máscara, pois Lula, que prometeu romper o teto de gastos, embora, em sua tagarelice, sempre jurou, citando até os conselhos da mãe, dona Lindu, de que "não gosta de gastar mais do que deve", está se nivelando ao controle de gastos públicos do governo Michel Temer.
E ver que Lula cortou gastos sociais em grandes quantias para manter o déficit zero, mas também teve que cortar as "verbas para emendas parlamentares" - nome "técnico" para compra de votos - para evitar problemas, já se percebe a farsa desse governo que prometia ser "o melhor de toda a História da República Brasileira".
E Lula vai compensar isso com os tais investimentos privados que prometeu trazer para o Brasil nas suas muitas viagens ao exterior? Isso é neoliberalismo escancarado, e lembremos que o empresariado e os grandes investidores não têm a mesma visão social que se espera de alguém progressista.
Mesmo a alegação de "democracia" não fará bater um coração socialista num grande investidor, que, abraçado ao Lula, tem a esperança de, mesmo tendo fortunas exorbitantes, ser excluído da classe dos super-ricos que sofrerão uma cocegazinha fiscal de 4% ao ano, a tal da "taxa de impostos sobre grandes fortunas".
Infelizmente, muita gente no Brasil aceita fazer papel de crédula, de trouxa, desde que os enganadores de plantão sejam gente de prestígio e muitíssima visibilidade. E o pessoal se recusa a saber da realidade dos fatos, havendo muita resistência ao senso crítico, preferindo ouvir e ler os "contos de Cinderela" da vida adulta, que fazem com que achem que Lula, mesmo senso neoliberal, continua "de esquerda" e que, mesmo errando, o presidente brasileiro "sempre está no caminho certo".
Triste ver tanta gente gostando de ser enganada neste país...
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