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LULA FINGE CRITICAR A ELITE BRASILEIRA, PARA A QUAL ELE GOVERNA


Infantilizadas, as esquerdas médias e as forças "democráticas" em geral têm que manter suas narrativas de ilusão e fantasia. Se acham na necessidade de ver a realidade não como realmente é, mas como elas gostariam que fosse. E, com isso, ficam brigando com os fatos de tal forma que acabam preferindo boicotar textos questionadores que lhes soam bastante desagradáveis.

Dito isso, se depender dessa fatia da elite do bom atraso, somos convidados a fazer crer que o presidente Lula continua sendo o "mesmo esquerdista de sempre", mesmo quando ele vendeu sua alma para o tucanato clássico - informalmente em segundo plano no PSDB, hoje um clube de fascistas dente-de-leite - , para a frente ampla e para o Centrão, que mexeram no projeto político do petista até resultar em quase nada em favor das classes populares.

Lula deixou as pautas trabalhistas de lado e priorizou as causas identitárias. Mas o presidente brasileiro tem que manter as aparências e nenhum pelego vai dizer para o proletariado que se vendeu para o patronato. A lógica do mentiroso não é assumir a mentira, mas torná-la sob a aparência da verdade, e Lula, se vendendo para a burguesia, precisa desesperadamente dar a impressão de que, se não é mais o antigo líder sindical, pelo menos que mantenha a imagem de "grande líder político popular".

No evento que lançou a candidatura de Evandro Leitão, do PT cearense, para a Prefeitura de Fortaleza, no último dia 03, Lula, para parecer bem na foto, resolveu fazer um discurso "criticando" a elite brasileira. O presidente estava usando máscara por apresentar sintomas de um resfriado. Lula alegou que retornou ao poder "para provar que a elite não está apta a governar este país". 

Disse o presidente do Brasil:

"Digo a vocês que só voltei a governar este país porque eu queria provar, mais uma vez, que a elite brasileira não está preparada para governar o país. Ela [a elite] não enxerga a sociedade como um tonto, ela enxerga 30% da sociedade. Os pobres da periferia são invisíveis para a elite brasileira".

Tentando mascarar, além do rosto resfriado, as mudanças que ele adotou de 2022 para cá, Lula tenta agradar o povo pobre que se sente abandonado e traído pelo petista, como eu posso provar quando vou a tudo quanto é canto nas ruas de muitas cidades brasileiras onde visitei ou morei, seja Salvador, Belo Horizonte, Niterói, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Nova Iguaçu ou São Paulo. 

Disse Lula, tentando agradar aqueles que deixaram de confiar nele:

"Os primeiros que eu vejo são os trabalhadores, as trabalhadoras, as pessoas que moram nos bairros mais distantes, as pessoas que não têm acesso à educação, que não têm acesso ao cinema, que não têm acesso ao teatro, que não têm acesso à água potável, que não têm acesso a nada. São pessoas invisíveis, e é para esses invisíveis que nós precisamos priorizar a nossa ação e governar".

A prova de que esse discurso todo é conversa para boi dormir se dá pelos fatos que devemos admitir. Lula tem muito medo de aumentar significativamente os salários, só anualmente reajustando botando apenas R$ 90 de acréscimo, insuficiente para os "primeiros" que Lula vê poderem manter as contas e a alimentação em dia.

Enquanto isso, Lula não mede valores quando se trata de comprar votos de parlamentares para aprovar as medidas do governo, prática clientelista, digna da República Velha, mas hoje creditada ao eufemismo "técnico" de "verbas para emendas parlamentares". 

Milhões e milhões de reais que deveriam servir para matar a fome dos brasileiros acabam, como sempre, alimentando as fortunas abusivas de deputados e senadores. E o mais assustador é que as esquerdas vão para a cama dormir tranquilas diante dessa barbaridade.

Lula apenas finge criticar a elite brasileira. São jogos de cena comparáveis à suposta rivalidade que, no passado, tiveram Emilinha Borba e Marlene, e, no Reino Unido, Beatles e Rolling Stones. Sabe-se que, em outras ocasiões, só falta Lula beijar as bocas dos empresários, com tamanho entrosamento com os grandes donos de riquezas, aliança feita sob o pretexto da "democracia", palavra da qual o presidente brasileiro agora se julga seu dono.

A boa vontade de Lula com as elites ocorre de tal maneira que a cobrança de impostos aos super-ricos nem de longe arranha as grandes fortunas, pois, cobrando alíquota de 2% a cada semestre, o presidente brasileiro dá tempo não só para os donos de grandes riquezas recuperarem a quantia perdida, como podem até mesmo ficar ainda mais ricos.

Além disso, como Lula também promove o entretenimento identitário, ele também está promovendo a formação de novos ricos e novos super-ricos, financiando ídolos popularescos, subcelebridades, influenciadores, comediantes, medalhões de MPB pós-tropicalista, astros dos esportes, DJs e empresários de festivais e outros agentes do divertimento brasileiro, mesmo aqueles sob a fachada de "cultura popular".

Ou seja, o que Lula menos vê, na verdade, é o povo pobre da vida real, que anda magoado, decepcionado, iludido e até irritado com o presidente brasileiro. E isso é certo, conforme vemos no proletariado, nos professores da rede pública, no campesinato, nas tribos indígenas e em outros movimentos sociais que hoje não se sentem devidamente atendidos nem representados por Lula.

O presidente Lula, na verdade, só consegue enxergar mesmo o "pobre de novela", o "pobre de comédia", que já tem acesso aos bens e à certa prosperidade que os verdadeiros pobres continuam não tendo. Como todo pelego, Lula precisa manter as aparências e discursar nas palavras que ele discursou e continuará discursando. Mas, nos bastidores, Lula voltará apaixonado para os braços das elites, e, flagrado fazendo amor com os magnatas, o presidente já tem uma desculpa pronta: "É a democracia".

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