Pular para o conteúdo principal

FORA DA BOLHA PETISTA, LULA É DURAMENTE CRITICADO


Por sorte, as redes sociais são dominadas por uma elite que prefere a fantasia agradável do que a realidade dolorosa. Uma elite que pede "mais amor e união", mas briga furiosamente contra os fatos. Uma elite vestida à paisana, que tira onda de moderna, mas é conservadora. Uma elite que não vê o mundo em sua volta, bastando acreditar cegamente nos relatórios. 

Sem sair de casa, essa elite, a elite do bom atraso, acredita em tudo que gráficos, palavras e números dizem, os fatos que se danem, a realidade é que tem que se adaptar e se ajustar de acordo com as convicções da bolha lulista que hoje quer tomar as rédeas das narrativas em geral.

Dito isso, a gente vê que o governo Lula está sendo muito medíocre, diferente dos dois mandatos anteriores que, mesmo assim, eram apenas bons, mas longe da grandeza de um Getúlio Vargas e das promessas de glamour de Juscelino Kubitschek e de ousadia de João Goulart.

Mas hoje o governo Lula é espetacularizado, feito mais para a burguesia ilustrada, para o identitarismo cultural e para a juventude infantilizada. É mais um Brasil de parque de diversões, pois Lula, que fala que o nosso país ficou em ruínas sob Bolsonaro, mas para reconstruí-lo, se lança mão de um desnecessário clima de festa. 

Pelo que eu saiba, não se vê uma equipe médica fazer festinha no momento de realização de uma cirurgia de alto risco. Se uma equipe de socorristas posou para uma foto ao lado dos escombros do avião da Voepass, em Vinhedo, dias após a tragédia que matou 62 pessoas, é um ato reprovável, por que teremos que aceitar uma reconstrução do Brasil que mais parece uma micareta política?

Mas não podemos falar isso para a elite do bom atraso. Ela não gosta. Para ela, relatórios são "realtórios" e pronto. Essa elite tem direito de fazer barulho durante a madrugada e de jogar comida fora e, em que pese sua aparente ojeriza ao bolsonarismo que outrora apoiou, com toda sua simbologia, essa burguesia de chinelos se esquece que, não aceitando textos críticos contra o fumo, estão na prática beijando na boca do cadáver de Olavo de Carvalho, que tratava o consumo de cigarro como "saudável".

Por isso as redes sociais, como Instagram e Tik Tok, entre outras plataformas badaladas, sofrem a hegemonia de um grupo que prefere a fantasia e o sonho do que a realidade. O realismo é que tem que negociar para não ferir as convicções sonhadoras da elite do bom atraso, esta burguesia de chinelos que, à paisana, se camufla de "gente simples" e se espalha, num mimetismo social, dentro do povo.

Mas, fora dessa bolha composta pelos netos das velhas elites golpistas, as críticas ao governo Lula se tornam cada vez mais enérgicas e até "respingam" nas páginas solidárias ao presidente brasileiro, com muita gente cética em relação às supostas realizações do governo, que de tão rápidas, fáceis e brilhantes demais despertam desconfiança, principalmente quando confrontadas com a realidade dos fatos que desmntem muitos dados otimistas.

O desemprego, por exemplo, não diminuiu. O que houve foi apenas uma retomada de empregos com carteira assinada nos parâmetros mornos do período de crise do governo Dilma, e mesmo assim mais uma questão de ofertas do que contratações, pois ainda não é uma redemocratização do mercado de trabalho, pois ele é marcado por exigências exageradas, de um lado - a velha desculpa de "pouca idade e muita experiência" - , e, de outro, a "cosmética" do profissional "lindo, jovem e divertido".

O preço da carne não reduziu. O que há são pequenas promoções de um ou dois dias, ocorridas de maneira tendenciosa, para que o encarregado dos relatórios do governo anotassem a temporária queda de preços como se fosse "permanente".

Os preços em geral continuam caros, sejam os da carne, do leite, do feijão, do arroz etc, e as quedas são sempre provisórias e difíceis. O leite integral líquido de caixinha dificilmente consegue cair para R$ 2,99 ou R$ 2,80, que é o que seria se acreditarmos nos relatórios fáceis demais do governo Lula. E o azeite de oliva, pelo contrário, triplicou ou quadruplicou o preço que tinha até cerca de três anos atrás.

No Reddit, se vê o refúgio de quem não compartilha das narrativas fantasiosas de Lula, e comunidades como Faria Lima Bets, Anti-Trampo e Conversas já mostram críticas severas ao governo do petista, assim como os fóruns de Internet. E quem imagina que isso se trata de uma "renascença bolsonarista", pode tirar o burrico do temporal, porque os críticos de Lula são quase sempre críticos de Bolsonaro.

Lula faz do seu próprio governo um reality show. E quem domina as redes sociais e se encontra na bolha "democrática" que apoia o petista é que vê a realidade mais como um espetáculo do que a própria realidade. É muito confortável ver Big Brother Brasil, ver Instagram e Tik Tok e, depois, ver a mídia esquerdista hoje convertida em fã-clube de Lula e aceitar tudo que é escrito de bandeja.

Quem não aceita a tese de que relatórios nem sempre são "realtórios" e acha que as narrativas oficiais do lulismo podem substituir a realidade, está dispensado de sair de casa devido à confiança cega do Brasil-Instagram, por apostar na vida real como serviçal das fantasias sonhadoras dessa elite que pratica o "ativismo de sofá".

Mas quem está fora dela e, em vez de frequentar restaurantes da moda, têm que gastar R$ 1 por refeição no restaurante popular, é que está decepcionado com o governo Lula, porque não se deixa enganar por uma "reconstrução" feita em clima de festa e anunciada como se as realizações tivessem sido feitas da noite para o dia e sob um passe de mágica.

Os fatos, porém, confirmam que a coisa está mais complicada e difícil do que se imagina, e não é à toa que a bolha lulista tenta privatizar, para si, a verdade, mas, fora dela, Lula está perdendo popularidade e credibilidade, ao preferir transformar o Brasil num parque de diversões.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BRASIL TERRIVELMENTE DOENTE

EMÍLIO SURITA FAZENDO COMENTÁRIOS HOMOFÓBICOS E JOVENS GRITANDO E SE EMBRIAGANDO DE MADRUGADA, PERTURBANDO A VIZINHANÇA. A turma do boicote, que não suporta ver textos questionadores e, mesmo em relação a textos jornalísticos, espera que se conte, em vez de fatos verídicos, estórias da Cinderela - é sério, tem muita gente assim - , não aceita que nosso Brasil esteja em crise e ainda vem com esse papo de "primeiro a gente vira Primeiro Mundo, depois a gente conversa". Vemos que o nosso Brasil está muito doente. Depois da pandemia da Covid-19, temos agora a pandemia do egoísmo, com pessoas cheias de grana consumindo que em animais afoitos, e que, nos dois planos ideológicos, a direita reacionária e a esquerda festiva, há exemplos de pura sociopatia, péssimos exemplos que ofendem e constrangem quem pensa num país com um mínimo de dignidade humana possível. Dias atrás, o radialista e apresentador do programa Pânico da Jovem Pan, Emílio Surita, fez uma atrocidade, ao investir numa

BRASIL TÓXICO

O Brasil vive um momento tóxico, em que uma elite relativamente flexível, a elite do bom atraso - na verdade, a mesma elite do atraso ressignificada para o contexto "democrático" atual - , se acha dona de tudo, seja do mundo, da verdade, do povo pobre, do bom senso, do futuro, da espécie humana e até do dinheiro público para financiar seus trabalhos e liberar suas granas pessoais para a diversão. Controlando as narrativas que têm que ser aceitas como a "verdade indiscutível", pouco importando os fatos e a realidade, essa elite brasileira que se acha "a espécie humana por excelência", a "classe social mais legal do planeta", se diz "defensora da liberdade e do humanismo" mas age como se fosse radicalmente contra isso. Embora essa elite, hoje, se acha "tão democrática" que pretende reeleger Lula, de preferência, por dez vezes seguidas, pouco importando as restrições previstas pela Constituição Federal, sob o pretexto de que some

WOKE OU "ESQUERDISNEY": A ESQUERDA FESTIVA DO DESBUNDE E DO IDENTITARISMO

PARADA DA DIVERSIDADE EM RECIFE, 2018 - Exemplo do identitarismo cultural que converte o ativismo em mera festividade e entretenimento. Uma "Contracultura de resultados" ou a carnavalização do ativismo político. Uma diversidade caricatural, enfatizada no identitarismo cultural, já ganhou um termo nos EUA, chamado woke : espécie de ativismo estereotipado, feito mais por diversão do que pela conquista de espaços dignos da sociedade, o que se encaixa nos paradigmas das esquerdas festivas do mundo e, em especial, do Brasil. Principal força social que se ascendeu no atual mandato de Lula, o identitarismo cultural deturpa o conceito da diversidade social, que esvazia o sentido original do ativismo, antes observado nos grupos socialmente oprimidos na Contracultura (1964-1969), convertendo em mero espetáculo. Daí que a liberdade sexual se converte em libertinagem, os direitos sociais dos LGBTQIA+ se distorcem num travestismo caricato e infantilizado, a negritude se volta para estereó

AXÉ-MUSIC ESTÁ VELHA E DECADENTE, SIM

Recentemente, a cantora baiana Daniela Mercury declarou que a axé-music está "viva e apontando para o futuro", discordando das afirmações de que o cenário musical do Carnaval de Salvador esteja decadente. A cantora, em entrevista recente, deu a seguinte declaração: "O axé virou tudo que a gente produz na Bahia para dançar. A gente é especialista nisso no mundo, vamos sempre ser um polo de produção de cultura, arte, dança. Os artistas de outras linguagens estão indo pras nossas festas. Estamos vivos, produzindo e apontando para o futuro". Apesar da aparente boa intenção da declaração, Daniela na verdade só se refere a uma parcela da música baiana que justamente está desapegada ao contexto carnavalesco e se aproxima da herança tropicalista e das raízes culturais baianas, mas que está incluída nesse balaio de gatos que se tornou o termo axé-music, atualmente priorizado na alegria tóxica de nomes bastante comerciais. O que está relacionado, na verdade, com o "polo

PABLO MARÇAL É REFLEXO DA ALIENAÇÃO PRAGMÁTICA DO BRASIL DE HOJE

O triste fenômeno do empresário, palestrante e influenciador digital Pablo Marçal, símbolo emergente da extrema-direita pós-bolsonarista, parece sinalizar um desgaste, embora o sujeito, candidato à Prefeitura de São Paulo e virtual aspirante à Presidência da República para 2026, se torne um sério perigo para a saúde política brasileira, que não está das melhores. Num momento em que Lula se torna mascote da burguesia e esta acaba travando os debates públicos, restringindo a "democracia" brasileira a um mero parque de diversões consumista, nota-se que hoje o cenário sociopolítico é de uma grande polarização política entre lulistas e bolsolavajatistas. Com o desgaste de Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, o bolsolavajatismo tenta ver em Pablo Marçal a esperança de um país reacionário retomar o protagonismo do inverno político de 2016-2022. Mas não é só a herança do golpismo recente que faz de Marçal uma séria ameaça para os brasileiros. Há outros motivos, também. O próprio protagonism

"ANIMAIS CONSUMISTAS" E BOLSONARISTAS QUEREM DESTRUIR SÃO PAULO

A velha ordem social que obteve o protagonismo pleno no Brasil atual, a burguesia que derrubou João Goulart e que agora, repaginada, defende até a reeleição de Lula - hoje convertido num serviçal das elites "esclarecidas" - está destruindo o país, juntamente com os bolsonaristas que não se sentem intimidados com o cenário atual. Enquanto bolsonaristas ensaiam tretas contra o colega extremo-direitista Pablo Marçal, xingado de "traidor" na manifestação do Sete de Setembro na Avenida Paulista - , e realizam incêndios no interior de São Paulo, no Centro-Oeste e no Triângulo Mineiro, os "animais consumistas" consomem dinheiro feito bestas-feras ensandecidas, realizando happy hours  até em vésperas de dias úteis e promovendo "festas de aniversário" todo fim de semana. E como a "boa" sociedade tem um apetite para fumar cigarros bastante descomunal, se solidarizando, sem querer, com as "lições" do "fisólofo" Olavo de Carvalh

GOURMETIZAÇÃO DO BREGA REVELA ESTUPIDEZ DOS INTELECTUAIS "BACANAS"

Coisas de uma visão solipsista. Para quem não sabe, solipsismo é quando a pessoa concebe sua visão de mundo baseada nas suas impressões pessoais, nos seus juízos de valor e no seu nível de compreensão que, não obstante, é bastante precário.  Dito isso, dá para perceber como muita gente boa caiu nas narrativas bastante equivocadas das elites intelectuais que, compondo a parcela mais "bacana" do seu meio, defenderam a bregalização cultural sob o pretexto choroso-festivo (?!) do "combate ao preconceito" (ver meu livro Essa Elite Sem Preconceito (Mas Muito Preconceituosa)... ). Essas narrativas não correspondem à realidade. Elas se baseiam na falácia de que a bregalização cultural seria "cultura de vanguarda" apenas por uma única, vaga e nada objetiva justificativa: a suposta provocatividade e a hipotética rejeição da chamada "alta cultura", como as críticas dadas a uma imaginária elite burguesa ortodoxa que não existia sequer no colunismo social tra

SÓ A BURGUESIA "ON THE ROCKS" ESTÁ COM SAUDADES DA 89 FM

THE CLEVEL BAND - Bandinha de rock de bar chique, feita por empresários e dedicada à burguesia que de vez em quando brinca de ser rebelde. Nada menos rebelde do que submeter o rock ao domínio e deleite do empresariado, esvaziando de vez a essência do gênero. E digo isso num dia posterior ao que, há 54 anos, perdemos Jimi Hendrix, um músico que praticamente reinventou o rock com seu talento peculiar de guitarrista, cantor e compositor. É vergonhoso ver que nossa cultura está sob o controle do empresariado, seja ele do entretenimento, seja da mídia e seja das empresas patrocinadoras. Estamos num cenário de deterioração cultural pior do que o que se via justamente no começo dos anos 1970 ou, mais ainda, em relação a 1964, quando a burguesia que hoje se empodera se passando por "democrática" se empenhou em derrubar João Goulart. Percebemos o quanto a Faria Lima define costumes, hábitos, crenças, gírias etc para o público jovem, que aceita tudo de bandeja como se esse culturalismo

SÉRGIO MENDES ENGRANDECEU O BRASIL E, EM PARTICULAR, NITERÓI

Morto por problemas respiratórios a cinco dias de completar 83 anos, o músico Sérgio Mendes faz a MPB se tornar cada vez mais vazia de grandes mestres. O músico era um símbolo da jovialidade da Bossa Nova e, curiosamente, apesar de ser de uma geração tardia de bossanovistas, foi um dos maiores e melhores divulgadores do gênero assim que foi viver nos EUA. A perda de Sérgio choca um pouco pelo fato dele ter mantido um semblante jovial, mesmo quando ele estava bem idoso. E sua música tinha um vigor e uma fluência de poucos, tendo sido ele um dos mais significativos instrumentistas, compositores e arranjadores brasileiros do século XX. Musicalmente, Sérgio Mendes era muito versátil, como ele mesmo havia dito em uma entrevista de 2015 ao portal espanhol ABC Cultural, em abril de 2015: "Não gosto dos rótulos. Sou pianista, compositor, produtor... Gosto de trabalhar com outras pessoas e fazer arranjos. Eu canto um pouco também, mas gosto de todo tipo de música: gosto de jazz, flamenco,

A "SOCIEDADE DO AMOR" SENTE ÓDIO DOS FATOS

O QUE A "BOA" SOCIEDADE QUER É VIVER NO MUNDO DA FANTASIA. A elite do atraso, que foi repaginada na classe "democrática" de hoje, briga com os fatos. Não quer ler textos questionadores do estabelecido e ficam submissas a quase tudo que lhes oferece de surreal. Se autoproclamando a "sociedade do amor", o que essa elite mais sente é um ódio profundo e incurável com a realidade dos fatos. Sem sair de casa, a elite do bom atraso, essa burguesia à paisana metida a "gente simples", se acha no direito de julgar a realidade sem conhecê-la. Afinal, os textos e livros que apresentam a realidade essa elite se recusa a ler, por achá-los desagradáveis. A estupidez dessa elite é tal que nostalgia é sempre associada à mediocridade cultural vivida na infância e adolescência dessa elite nos últimos 50 anos. Questionar isso aumenta o risco de cancelamento nas redes sociais e boicote a textos que não aceitam o que está estabelecido de bandeja. Seu solipsismo lhes d