Os empregadores precisam ter discernimento, menos preconceito e muita cautela, pois os velhos critérios de aceitação de mão de obra no Brasil não contribuem para o crescimento econômico, antes complicando ainda mais a situação do baixo rendimento no serviço e na formação de ambientes tóxicos nas relações profissionais.
O mercado de trabalho não consegue entender o profissional certo. Seus preconceitos envolvem o critério fantasioso de combinar pouca idade com muita experiência, além da estética do profissional "bonito", com aquele visual de mulheres atraentes de blazer ou de homens com traje casual, cabelo cacheado simples e barbinha bem cultivada.
Mesmo quando o mercado de trabalho se torna mais "flexível", é um desastre, pois contrata pessoas "divertidas" que levam a melhor nas entrevistas de emprego e conseguem interagir com os colegas de trabalho, mas servem mais para contar piadas para os colegas na hora do cafezinho do que para fazer um trabalho além daquela atividade qualquer nota que só sabe fazer e faz praticamente pelo piloto automático.
Do contrário que alardeia tanto o governo Lula com seus relatórios, o desemprego não teve redução. Pelo contrário, ele aumentou e se agravou, e, o que é bem mais grave, os critérios de emprego se tornaram ainda mais fechados, dando a impressão de que até os influenciadores digitais e os comediantes de estandape levam a melhor sobre aqueles que mais precisam, querem e sabem trabalhar (ou, mesmo se seu talento é latente, possuem grande facilidade e humildade para aprender uma função).
Como o Brasil, até pela grande influência do divertimento das redes sociais, quando o Instagram praticamente está ditando as práticas do dia a dia dos brasileiros, o mercado de trabalho é afetado por priorizar candidatos "bonitos", "jovens" e "divertidos", deixando o talento em segundo plano.
Os recrutadores e patrões, mais preocupados com o lucro e valorizando menos a grandeza da função profissional, pois acham que o trabalho em questão é uma função qualquer nota, cometem erros grosseiros ao contratar gente que pode dar uma imagem publicitária bastante favorável à empresa, visualmente falando, mas, na melhor das hipóteses, faz uma empresa ou instituição ficar não só presa em zonas de conforto, como pode pegar ranços de empresas concorrentes, no caso de contratar quem tem experiência.
Mas até o fato de ter experiência torna-se também duvidoso. Se os padrões clientelistas de contratação de empregados - movidos pela prática do "quem indica", ou seja, pelo apadrinhamento social - são comuns e sucessivos, isso demonstra que o empregado experiente não é aquele que necessariamente sabe fazer um trabalho de maneira dinâmica e criativa, mas aquele que segue uma carreira fazendo um trabalho medíocre que apenas não prejudica as empresas onde trabalha.
Nas comunidades do Reddit, muitas pessoas reclamam das injustiças do mercado de trabalho, e as queixas residem na ideia de que as contratações de emprego priorizam do familiar do dono da empresa, do filho do diretor de Recursos Humanos ou até mesmo do influenciador digital de ocasião, que muitas vezes nem precisa daquele emprego, sendo apenas um meio de ganhar grana para liberar a remuneração que já tem para seu lazer.
Foi isso que aconteceu no caso do comediante de estandape que se passou por "jornalista veterano", inventando, na mentira descarada, que passou por "todas as editorias" dos órgãos de imprensa. O sujeito cobiçava uma função de analista de mídias sociais, com uma remuneração modesta com o valor de cerca de R$ 2.500, mas sendo o rapaz divorciado o salário era apenas para a pensão alimentícia, pois consta-se que ele é até empresário, sócio de sua trupe de humor.
O trabalho dele é desempenhado sem muita criatividade, e num expediente de meio-turno de uma "oficina de ideias", do meio-dia até as 18 horas, ele apenas têm que bolar uma mensagem para o cliente ter melhor desempenho na repercussão pública de sua campanha publicitária. O comediante até faz um trabalho razoável, mas ele nada acrescenta à empresa a não ser sua aparência estética atrativa e a grife de seu grupo humorístico, que empresta visibilidade a tal "oficina".
Hoje o mercado de trabalho está sofrendo por ser tão fechado, com empresas presas em suas zonas de conforto. O pior é que gente talentosa só consegue ter emprego quando o empregador é arrivista que criou sua empresa de forma desonesta e tenta limpar sua imagem com um projeto profissional em tese "bastante honesto", pouco exigindo além da competência do candidato a um emprego.
No extremo oposto, o mercado de trabalho viciado que se prende aos critérios discriminatórios de sempre - pouca idade, muita experiência, boa aparência e desenvoltura (os tais profissionais "divertidos") - pode criar ambientes profissionais tóxicos, em que a mediocridade profissional é compensada por um complexo de superioridade que transforma as empresas e instituições em verdadeiras fogueiras da vaidade, criando ambientes bastante tóxicos que, de início, parecem bastante "fraternais".
Pois, com o tempo, o pouco caso com a missão profissional, pois o trabalho em si é uma atividade de segundo plano, ocorrem assédios morais, sexuais, disputas por posições de poder, e aí aquele profissional nem tão talentoso que conseguiu passar pela entrevista de emprego, além de ter se revelado um trabalhador medíocre, pode se ascender ao poder através dos conflitos com colegas e de muitas intrigas tramadas.
Com isso, a empresa deixa de crescer de maneira saudável, apenas crescendo de maneira fraudulenta e, ainda assim, sem ter um diferencial de trabalho que possa ser realmente admirável, o que faz com que o mercado de trabalho, na medida em que se torna exigente e preconceituoso demais, torna-se também um ninho de ambientes tóxicos, que podem colocar em risco até mesmo a estabilidade econômica das empresas. Até no emprego vale o ditado "Quem quer demais, tudo perde".
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