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SÍLVIO SANTOS AJUDOU NA PRECARIZAÇÃO CULTURAL DO BRASIL


(ATENÇÃO: TEXTO ATUALIZADO)

Ontem Sílvio Santos se foi e hoje é o primeiro domingo da sua ausência física, embora ele já tenha praticamente se aposentado das apresentações de seus programas. O apresentador e, também, um dos maiores empresários do Brasil, cujo nome de batismo foi Senor Abravanel, marcou a carreira como uma das mais curiosas personalidades do nosso país.

Não vou aqui descrever a biografia completa de Sílvio Santos, pois foram mais de 60 anos de carreira como apresentador, com uma trajetória bastante dinâmica e rica em fatos e detalhes. Mas podemos dizer alguns fatos interessantes sobre o hoje falecido homem-sorriso.

Ele começou como camelô e foi também locutor das barcas de Niterói a Paquetá. Sim, o apresentador símbolo de São Paulo era oriundo do hoje Grande Rio, tendo nascido no então Distrito Federal, o município do Rio de Janeiro, em dezembro de 1930. Neste sentido, até o Brigadeiro Faria Lima era natural da ex-Cidade Maravilhosa, pois o militar que batizou a famosa avenida da burguesia paulistana, embora tenha feito carreira na capital paulista, nasceu e morreu no Rio de Janeiro.

O primeiro programa de Sílvio Santos foi Vamos Brincar de Forca?, que a Internet durante um bom tempo divulgou os anos errados de lançamento. Algumas fontes diziam 1962, outras 1961, mas depois se descobriu que o programa foi lançado no próprio ano de 1960, o mesmo em que o Rio de Janeiro deixou de ser capital do Brasil e passou a viver do ressentimento que deu origem à sua atual decadência.

Sílvio era contratado pela TV Paulista, das Organizações Victor Costa, nome de um antigo radialista da Rádio Nacional do Rio de Janeiro que havia falecido em 1959. A empresa estava em crise e, em 1965, negociou sua venda com a emergente TV Globo do Rio de Janeiro, dando origem à atual TV Globo de São Paulo, que realiza uma parte dos programas de rede nacional da Globo.

Isso significa que, durante anos, Sílvio Santos foi empregado de Roberto Marinho. Eu pude acompanhar essa fase e ver o sr. Abravanel no ar no canal 4 da televisão do Grande Rio. Mas, já no fim dos anos 1970, Sílvio já havia ganho a concessão para uma rede, cujas emissoras do Rio de Janeiro e São Paulo deram origem ao SBT, inicialmente chamadas de TV Studios.

SOMENTE NOS ÚLTIMOS ANOS, DEPOIS DE DADOS DESENCONTRADOS, SE REVELOU NA INTERNET QUE O ANO DE LANÇAMENTO DO PROGRAMA VAMOS BRINCAR DE FORCA?, ESTREIA DE SÍLVIO SANTOS NA TELEVISÃO, FOI NO ANO DE 1960.

Sílvio inegavelmente era um comunicador de primeira, de carisma profundamente indiscutível e bastante divertido com seu senso de humor. Como apresentador, sua inspiração maior foi o lendário estadunidense Ed Sullivan. Aliás, o próprio Sílvio sempre foi fã da TV dos EUA, tanto que via muito TV quando morava em Miami. O programa popularesco Geraldo, do apresentador Geraldo Rivera, chegou a ser exibido, dublado, no Brasil.

Apesar das grandes virtudes de comunicador e do indiscutível senso de humor que cativava, com muita facilidade, o povo brasileiro, Sílvio Santos era também um conservador e, de maneira decisiva, ajudou na bregalização cultural que precarizou a cultura popular no Brasil, de maneira terrivelmente danosa que nem mesmo as esquerdas se empenharam em combater. Muito pelo contrário, intelectuais "invadiram" a mídia de esquerda para fazer proselitismo em prol da música e do culturalismo brega.

A bregalização do SBT influiu tanto que o "funk carioca" nasceu de uma colcha de retalhos do culturalismo degradante que a televisão, sob inspiração de todo o culturalismo popularesco dos tempos da ditadura, formou na população pobre carioca, de uma maneira específica mas não exclusiva, pois todo o Brasil estava subordinado à bregalização, cada região à sua maneira. É porque o "funk" gourmetizava a pobreza caricatural e montava seu sistema de valores através de elementos degradantes como o machismo estrutural, por exemplo, que alimenta até o falso feminismo das funqueiras.

Nas mãos de Sílvio, o povo pobre acabou se transformando numa caricatura digna de personagem de A Praça é Nossa, programa que o apresentador manteve na grade do SBT como herança da antiga A Praça da Alegria do humorista e empresário Manuel da Nóbrega, amigo e sócio de muitos empreendimentos com o homem-sorriso. O filho de Manuel, Carlos Alberto de Nóbrega, que já era parceiro do pai no começo dos anos 1960, é o titular do famoso humorístico.

No entanto, os tempos são outros e o humor de A Praça é Nossa envelheceu mal, mas o pior não é isso. Trata-se da deterioração da cultura popular que incluía uma imagem depreciativa da mulher popularesca ingênua, através das "colegas de trabalho" da plateia do apresentador. Aquele tipo de mulher inofensiva, ingênua mas também pouco atrativa geralmente, e que musicalmente é aquela típica fã de pagode romântico ou breganejo mais antigo, o dos anos 1990.

O povo pobre que se produziu com o culturalismo do SBT mais parecia miseráveis razoavelmente vestidos, mas ainda distante da imagem gourmetizada que se conhece a partir de 2002. Mas a trilha sonora brega já mostrava o crescimento da precarização da cultura popular através do Programa Sílvio Santos, deixando as zonas suburbanas para invadir as áreas urbanas.

Sílvio também antecipou a era das "boazudas" com Gretchen - que a falsa nostalgia do brega-vintage promoveu como influencer pretensamente cult - e, através de seu contratado, o também falecido Gugu Liberato, ter investido nas "garotas da Banheira do Gugu", com destaque para Solange Gomes simbolizando durante anos a hipersexualização feminina na mídia de subcelebridades.

Não devemos nos esquecer, também, do policialesco O Povo na TV, no começo dos anos 1980, que deveria já nesta época se chamar Aqui Agora, mas na época havia problemas de copraite com uma marca argentina dona deste nome e só nos anos 1990 seu uso foi permitido. 

O programa não foi pioneiro dos programas policialescos, pois, de maneira insólita, a TV Cultura da fase Diários Associados, no começo da ditadura militar, teve a ideia surreal de lançar O Homem do Sapato Branco, com Jacinto Figueira Jr., em 1964, iniciando o filão que hoje é simbolizado pelo Brasil Urgente.

O Povo na TV lançou, entre outras personalidades, o então "especialista em Direito" Roberto Jefferson, que mais tarde tornou-se, como apoiador de Jair Bolsonaro, um dos mais sórdidos e decadentes símbolos do fascismo brasileiro, que chegou mesmo a reagir a tiros a uma ordem de prisão.

O Povo na TV e Aqui Agora, juntos, fizeram o povo pobre se acostumar em ver notícias de crimes no horário vespertino, corrompendo as mentes das crianças na sua volta para casa, às 18 horas em média. Os dois programas, não bastassem noticiar assassinatos nessas horas, ainda mostraram, ao vivo, imagens de morte de bebê num hospital e de uma pessoa cometendo suicídio.

E como a mídia sensacionalista promoveu muito determinado "médium" tido como "símbolo de dedicação e amor ao próximo" - uma mentira plantada pela ditadura militar (detalhe: o "médium", o maior pé-frio da história da religiosidade brasileira, tem como iniciais as consoantes da palavra "caixa") - , O Povo na TV também teve como uma das principais atrações um curandeiro charlatão que prometia "milagres" com suas práticas "paranormais".

O charlatão foi depois desmascarado e condenado, mas também eventualmente explorava, como toda a mídia sensacionalista, qualquer atividade "mediúnica" ou "psicográfica" que virasse notícia no Brasil. A propósito, o "médium" dos pés de gelo, que inspirou o falso curandeiro, embora fosse um "médium" de livros e cartinhas fake de hipotéticos autores mortos, foi eleito pelo SBT "o maior brasileiro de todos os tempos" numa votação de 2012.

Mas o pessoal se acostumou tanto que passou a aceitar até um constrangedor comercial de uma marca de TV, entre 1994 e 1995, que foi ao ar nos intervalos do Jornal Nacional e que fazia sutil apologia ao feminicídio, através de um menino brincalhão que anunciava o desfecho de um hipotético filme numa tela de cinema. Já noticiei esta barbaridade várias vezes neste blogue, como nesta de 2022.

Sílvio Santos também era acusado de cometer calotes contra os premiados do Baú da Felicidade, algo que nem o mafioso jogo-do-bicho - que nos bastidores é uma verdadeira disputa de tiro ao alvo entre chefes rivais - era capaz de fazer. Também criou uma loteria ilegal, a Tele Sena, disfarçada de título de capitalização. Daí a prática que muitos pensam ser "divertida", mas é humilhante, de Sílvio jogar dinheiros como aviõezinhos para a plateia, com aquela pergunta famosa: "Quem quer dinheiro?".

E as causas ambientais? Sílvio Santos queria construir um condomínio no Ibirapuera, desfigurando o parque e travando uma briga judicial com o saudoso ator e diretor teatral Zé Celso Martinez Correa. Amostra da ganância financeira do empresário animador.

O crescimento da bregalização fez com que até a Rede Globo aderisse ao esquema, com a máquina traiçoeira de fazer sucesso e de sucatear a MPB comandada por Michael Sullivan. E aí vemos o quanto o culturalismo conservador arrasou com o Brasil.

Sílvio Santos apoiou a ditadura militar e foi beneficiado por ela, o SBT, como citamos, elegeu um charlatão religioso como "brasileiro do século" e seu dono e apresentador apoiou com gosto o governo Jair Bolsonaro e deu espaço publicitário para a canhestra rede de lojas Havan. O patrimônio de Sílvio cresceu porque ele apoiou e recebeu ajuda da ditadura para ampliar seus negócios e, ganhando concessão para o SBT, retribuiu criando o informativo chapa-branca "Semana do Presidente".

Sílvio, nos últimos anos, chegou a fazer piadinhas maliciosas com famosas convidadas. Nem a conservadora cantora Cláudia Leitte foi poupada de uma piadinha maliciosa do "homem do Baú", e olha que ela é esposa de um empresário. Isso já mostra o lado ruim do homem-sorriso, que ajudou a "desenhar" o país concebido a partir do golpe militar de 1964.

Com certeza, Sílvio fará falta como apresentador e animador, mas lembremos também de seu lado sombrio, de um empresário ganancioso, uma personalidade ultraconservadora e um colaborador crucial para transformar o povo pobre numa multidão de pessoas resignadas com sua própria inferioridade social. Neste caso, Sílvio nada teve de divertido, mas de lamentável.

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