FESTIVIDADE TÓXICA - "FUNK" ESTIMULA ATOS DE VANDALISMO E POLUIÇÃO SONORA, COMO NESTE "BAILE FUNK" IMPROVISADO DIANTE DE UM ÔNIBUS NO RIO DE JANEIRO.
Quem lê o Linhaça Atômica sabe que este blogue, um oásis de jornalismo crítico diante do comercialismo jornalístico da imprensa corporativa e o deslumbramento político da imprensa esquerdista pós-2022, anda questionando profundamente o governo Lula, identificando seus erros reais.
Se o governo Lula está sendo elogiado e exaltado, devemos prestar muita atenção para quem este governo está sendo ótimo. Não é para todo mundo. Quem está adorando o governo Lula é quem domina as narrativas, uma burguesia enrustida que, praticamente, monopoliza os principais espaços de difusão da opinião e de produção de bom senso, portanto é uma minoria que está bem de vida e cheia de dinheiro que detém o dogmatismo político e cultural da "democracia de um homem só" de Lula 3.0.
Num momento em que o governo corta nada menos do que R$ 4,4 bilhões de recursos para a Saúde pública, no desespero de poder conquistar o tal déficit zero das dívidas públicas, Lula decide pelo pior: decretar o "Dia Nacional do Funk", com a data escolhida para 12 de julho, que, embora tenha como referência um evento de funk autêntico, o Baile da Pesada de 1970, a ênfase se dá para o "batidão", o derivado do miami bass estadunidense que moldou sonoramente a precarização sonora do "funk".
O MINISTRO DAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS, ALEXANDRE PADILHA, E O PRESIDENTE LULA, AO ASSINAREM DECRETO DO DIA NACIONAL DO "FUNK".
O presidente Lula comentou, em seu perfil oficial no X, a iniciativa:
"Sancionei hoje lei que cria o Dia Nacional do Funk (12 de julho). Reconhecimento mais que merecido para uma cultura que nasceu nas periferias e conquistou o Brasil e o mundo. Hoje, ganhamos medalha com nossas ginastas em Paris e o funk estava presente! O funk é muito mais do que um gênero musical; é uma plataforma de transformação social que dá visibilidade às realidades e talentos dessas comunidades. O funk é voz, é identidade, é resistência!".
A narrativa predominante do "funk" é cheia de inverdades e glamouriza a precarização sociocultural a que estão sujeitos os jovens pobres brasileiros, praticamente reféns desse milionário mercado do entretimento, em que empresários, DJs e MC's demonstram, de maneira cada vez mais confirmada, se enriquecerem às custas da suposta "cultura das periferias", que se consagrou às custas do marketing do vitimismo, sempre usando a seu favor a choradeira do pretenso "combate ao preconceito".
Por trás da narrativa atraente, persuasiva e persistente em torno do "batidão" ou "pancadão", que com tanto dinheiro acumulado fez o "funk ostentação" paulista comprar a franquia estadunidense do trap - derivado fracassado do gangsta rap que, no Brasil, se vale de vocais em grande parte robotizados e batida com som que lembra o de uma lata de ervilha - , há verdades dolorosas que os funqueiros não querem que você saiba.
BATIDA JÁ TEVE O SOM DO "PUM"
Se hoje a batida mais parece a de uma lata de ervilha, como no trap brasileiro que faz seus MC's ficarem milionários, acumulando bens luxuosos, o "funk" começou com a sonoridade crua e precária da batida do "pum", como se ouve no chamado "funk de raiz" da virada dos anos 1980 para os 1990. A "batida do pum" já vinha importada de sucessos estrangeiros como os de 2-Live Crew, ícone do miami bass.
O "funk" surgiu no mesmo contexto de degradação sociocultural que abriu caminho para o crime organizado, a contravenção e o bolsonarismo, além de permitir a ascensão as mulheres-objetos a partir da onda das mulheres-frutas, a deturpação do radialismo rock (com a vergonhosa experiência da Rádio Cidade, que cuspiu no prato em que comeu ao trocar o pop pela postura burra da "jaqueta de couro" a qualquer preço como pretensa "rádio rock") e até a decadência do sistema de ônibus com a moda dos "ônibus padronizados".
Com base na ilusão de que "é piorando que a gente melhora a longo prazo", todos esses fenômenos podem não estar relacionados todos uns com os outros, mas cada um deles é resultado de um sentimento de ressentimento pelo fato do Rio de Janeiro ter deixado de ser capital do Brasil e, se vingando do lacerdismo, promoveu a fusão dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro no auge da ditadura militar, dando início à decadência do atual Estado do RJ. A ex-capital fluminense Niterói, antes uma cidade cosmopolita, sucumbiu a um provincianismo pior do que muita cidade do interior paulista.
Espécie de "frankenstein" cultural (funkenstein?), o "funk" diverge do verdadeiro funk original quanto à sua estrutura sonora. O funk original, popularizado, lá fora, por nomes como James Brown e Earth Wind & Fire, é marcado por instrumentistas e vocalistas impecáveis e uma elaborada composição de músicas e arranjos. O que hoje entendemos como "funk" se limita a uma precarização sonora com a ação do DJ e do MC, que já demonstram uma grande hierarquização cultural.
O DJ é o "cérebro" do "funk", no sentido dele ser o elaborador da base sonora que serve para todo mundo. É uma mesma batida, uma mesma estrutura sonora - houve uma época em que, pasmem, a "batida" era o sâmpler de um MC dizendo "tchu-tchá" ou "tchuscudá" o tempo todo - que vale para todo intérprete. O MC ou o vocalista ou a vocalista do "funk" é geralmente o porta-voz, o "empregado" desse verdadeiro capitalismo populista.
Dotado de rigor sonoro, o "funk" é muito austero na sua sonoridade, não permitindo grande criatividade musical. O rigor estético é nivelado por baixo, para dar um ar de "pobreza" para enganar os jovens das periferias, prisioneiros de uma ideologia da qual o "funk" é o único caminho de ascensão social, forçando os jovens pobres a não terem outra escolha senão esse antro de divertimento tóxico.
O "pobre" retratado pelo "funk", portanto, não é o pobre da vida real, que acorda cedo para trabalhar longe de casa ou ainda procura um emprego, que tem que comer em restaurante popular quando tem um dinheirinho para uma refeição, e vive das limitações terríveis da vida miserável, dentro das degradantes favelas, que já foram consideradas um cenário trágico, antes que a narrativa pró-funqueira transformasse esses lugares precários em verdadeiras "paisagens de consumo".
No "funk", o que vemos é o "pobre" caricato, das novelas, das comédias de TV e de cinema e do showrnalismo esportivo (como o Globo Esporte da Rede Globo), que expressa uma visão espetacularizada da pobreza que, de maneira bastante perversa, investe na glamourização da miséria, forçando os pobres a permanecerem na pobreza simbólica ou a se ascenderem socialmente dentro dos padrões pequeno-burgueses de oportunidades de vida.
O "funk" fez a pobreza passar de problema social grave a uma pretensa "etnia", como se o pobre fosse uma "identidade social" e não um problema socioeconômico. A intelectualidade "bacana", que se diz "sem preconceitos" mas é cruelmente preconceituosa, tenta transformar os favelados em "indígenas modernos" para evitar que se resolvam os trágicos problemas sociais que os miseráveis vivem há séculos, desde o extermínio dos antigos povos indígenas e a escravidão dos negros africanos.
E aí a gente vê a questão de dois pesos e duas medidas. Temos a "pobreza" caricatural do "funk" em que o público aceita contribuir, mesmo aos poucos, com o enriquecimento abusivo de DJs e produtores de "funk", indo para eventos cujos ingressos não são muito baratos e vendem refeições caras. Hoje consta-se que os empresários, produtores, DJs e intérpretes de "funk" estão entre aqueles que acumulam mais dinheiro nas últimas décadas, de maneira abusiva que nem de longe significa justiça social.
O "funk" também vai contra o trabalhismo porque os "bailes funk" e festas similares - como as de vizinhos comuns que, em suas casas, gritam e tocam com alto indiferentes à necessidade da vizinhança de descansar para acordar cedo no dia seguinte, não só para trabalhar em dia útil, mas também para caminhar, passear ou visitar um amigo ou parente num fim de semana ou feriado - , em total desrespeito humano, promove poluição sonora que vai até o começo do amanhecer.
A festividade tóxica é caraterística do "funk", como houve recentemente, no Rio de Janeiro, quando um grupo de funqueiros cercou um ônibus, no subúrbio carioca, para dançar o "funk" enquanto um deles chega a subir no teto do veículo para participar da festinha improvisada. Nas redes sociais, também há denúncias de "bailes funk" perturbando o sono da vizinhança, patrocinados por grupos criminosos e, em certos casos, por políticos locais.
Enquanto Lula sanciona o "Dia Nacional do Funk", também realiza ou deixa de realizar medidas em favor da vida do povo brasileiro, não agindo para baratear as mercadorias nem a melhorar o poder aquisitivo das pessoas, e, além disso, mentindo a respeito da suposta "queda histórica do desemprego", uma ladainha que a realidade desmente, apontando, pelo contrário, o agravamento do desemprego com um mercado de trabalho extremamente preconceituoso, rígido, exigente e clientelista.
Na mesma época do "dia do funk", o governo Lula, através do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cortou R$ 4,4 bilhões de verbas públicas para a Saúde, recursos que ajudariam na melhoria do atendimento médico para as populações carentes. Sem esses recursos, os hospitais tendem a continuar superlotados, com muitos doentes morrendo à espera de um atendimento e sem poder adquirir ou manter equipamentos para tratamentos de saúde.
Enquanto os lulistas vão dormir tranquilos porque o "funk" realizou mais uma conquista, as mocinhas que, depois de dançarem o "baile funk", voltarem para casa grávidas depois da transa forçada de machões afoitos, não vão poder ter atendimento médico para realizarem os abortos que evitariam a gestação inesperada produzida por um pai biológico indesejado. Em muitos casos, essas grávidas precoces acabam morrendo, causando dor das mães que se incomodam com o divertimento tóxico que o "funk" representa para seus filhos.
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