Até pouco tempo atrás, os encrenqueiros on line estavam em alta. Como trogloditas isolados em suas cavernas, eles urravam contra tudo aquilo que era o contrário que essa turma retrógrada acreditava. "Patrulheiros" do establishment, essa moçada esnobava até para as mais realistas advertências contra seus abusos.
Houve gente que defendia da gíria "balada" à pintura padronizada nos ônibus, da "roqueira" Rádio Cidade às mulheres-frutas, e que, quando contrariada, chamava sua "tropa-de-choque" em alguma comunidade nas mídias sociais para esculhambar o discordante.
Era assim. De repente, a vítima via sua página de recados transformada em uma paródia de chat, com internautas grotescos despejando, em quantidades "industriais", ironias, sarcasmos, xingações e ameaças.
Quando a situação saía do controle, o "valentão" que lidera o triste espetáculo de humilhações virtuais produz um blogue de ofensas em que pega tudo de sua vítima: textos, fotos de infância, fotos de família e esculhamba acreditando que os leigos só verão uma "brincadeirinha de nada".
Tinha que haver um caso de maior repercussão, como o de Maria Júlia Coutinho, para que a turma pudesse sentir contra si os efeitos danosos que produziram com seus sarcasmos e ofensas atirados de dentro de suas cavernas digitais. Hoje esses grupos "divertidos" podem responder, dependendo do caso, até pelo crime de formação de quadrilha, algo muito chocante para esses "miguxos".
Desconhecendo leis punitivas referentes a racismo, danos morais, crimes na Internet etc, os internautas encrenqueiros agora se comportam como pessoas em um barco à deriva, podendo a qualquer momento ter seus computadores apreendidos e seus protocolos de Internet revelados para as autoridades policiais, que rastrearão as atividades da "galera irada".
Em artigo recentemente publicado, o jornalista Régis Tadeu, um dos corajosos críticos do "estabelecido" no entretenimento popularesco, alerta para esse trogloditismo virtual, antes vitorioso nos tempos do Orkut e no auge do Facebook, hoje uma coleção de pilhérias violentas muito conhecidas pelas autoridades especializadas em Internet da Polícia Federal. Disse o jornalista:
"Neste exato momento, você deve se perguntar “Regis, por que você está escrevendo isto?” e a minha resposta é simples: porque estou cada vez mais preocupado em ver que um imenso rebanho de gente descerebrada está cerceando o direito de pensar de maneira diferente do senso comum imbecilizado. Porque já saquei que fãs deixaram de ser apenas idiotas comuns para se tornarem censores imbecis. Porque já percebi que programas de TV se tornaram um imenso painel de cretinice para buscar a audiência desta imensa turma de bucéfalos, com a cumplicidade medrosa de atores, atrizes, cantores, cantoras e músicos em geral, que se escondem atrás de discursos e elogios mentirosos para não desagradar a verdadeira horda de mentecaptos que os assistem e consomem seus produtos".
Em seguida, Régis, conhecido também pelas críticas severas ao brega-popularesco, ainda acrescentou:
"Faço isso porque sei que uma Nação repleta de ignorantes é o prato cheio para a desgraça. Foi assim que surgiu o nazismo e o tal Estado Islâmico: repita uma mentira dez milhões de vezes para um ignorante e ela se tornará uma verdade para ele".
Teve até busólogo fanático por pintura padronizada que publicava ofensas até em petições de Internet e criou blogue de ofensas usando pseudônimo, brigava com outros busólogos, ia para a cidade dos desafetos só para intimidar, mas, pela sua "discrição", chamava a atenção das máfias das vans que, vendo que o forasteiro "fazia ponto demais" na área, pensava ser um "concorrente no mercado".
E não adiantava defender gírias da moda, rádios do momento, modismos da hora, como pretexto para despejar ofensas pesadas contra quem discorda disso porque hoje eles são rastreados. Sem falar que hoje eles também "tomam surra" de internautas que acham esses encrenqueiros grotescos e estúpidos demais.
Os tempos mudam e, se os jornalistas mais truculentos do país, seja Reinaldo Azevedo, Diogo Mainardi ou mesmo José Luiz Datena e uma Rachel Sheherazade defendendo a agressão de justiceiros contra um menino pobre que roubava por não ter qualquer oportunidade de vida digna, são duramente atacados, imagine uma "panela" de internautas idiotizados e esquentadinhos!
Muitos desses internautas são de elite e se achavam "divertidos", como todo valentão da escola se achava o maioral. Mas chega um momento em que essa turma "ixperta" é considerada chata e irritante, e o caçador de um dia pode se tornar caça, na medida em que esse fascismo na Internet passa a receber a reação contrária de um número muito maior de pessoas.
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