O rádio FM obteve sua vitória de Pirro quando praticamente derrotou o hoje agonizante rádio AM.
A Frequência Modulada venceu a Amplitude Modulada, mas perdeu para a concorrência da televisão e da Internet.
E isso se confirma atualmente, com a Copa do Mundo de 2018.
Aí o leitor estranha, porque as rádios FM estão tendo "muita audiência" nos últimos anos.
Engano seu. O rádio FM, propriamente dito, está moribundo. Só emissoras de pop adulto ou popularescas conseguem hoje ter audiência expressiva no setor, em que pese a mesmice do repertório de músicas estrangeiras.
De resto, o que é realmente ouvido não é o sinal sintonizado do dial FM, no rádio comum.
A sintonia, na verdade, vem de aplicativos de web radios instalados nos telefones celulares.
O que se ouve, sob o rótulo de FM, são rádios digitais, que, por alguma coincidência, possuem sinais de sintonia em FM.
A propaganda tem como carro-chefe a sintonia no rádio FM, mas o sinal que é mais sintonizado é do aplicativo de rádios digitais baixado nos chamados smartphones.
O rádio FM nunca havia vencido, digamos, por walkover ou W. O. ("de barbada", no português), o rádio AM.
Os programas tipo "rádio AM" transmitidos em FM nunca tiveram uma audiência comparável ao que as AMs tiveram no auge.
Inútil tentar provar o contrário, até porque, infelizmente, como todo hobby periga sucumbir ao corporativismo, muitos radiófilos preferem reproduzir os pontos de vista dos executivos de rádio, transformando um hobby numa espécie de religião patronal.
A "gigantesca audiência" não passa, geralmente, de um recurso do jabaculê.
É a de atribuir a quantidade de pessoas que frequentam um estabelecimento comercial ou usam um serviço - como pegar um táxi e, morando num prédio, entrar em contato com um porteiro - à audiência de uma rádio.
Isso é muito falso. A pessoa vai comprar, por exemplo, materiais para obras em sua casa e o estabelecimento está sintonizado numa emissora FM. Nem por isso o freguês pode ser creditado como ouvinte da emissora.
Tem emissora que vende uma imagem de "ter audiência gigantesca", atribuindo seu Ibope a 400 mil supostos ouvintes.
Mas se retirar o número que, na verdade, corresponde a frequentadores de lojas, táxis, portarias, bares etc, o doping radiofônico que isso significa, ao ser desfeito, revela que a emissora só tem umas poucas centenas de ouvintes.
Em FM, o forte de audiência sempre foram rádios musicais, como as de rock, de pop adulto, educativas e até mesmo as popularescas.
"AeMão" de FM sempre caiu quadrado no estômago e, embora seja muito paparicado pelos "fanáticos modulados" que fazem barulho nas comunidades de rádio nas redes sociais, sempre se valeu pela audiência comprada de estabelecimentos comerciais.
E hoje, quando o FM parecia reinar soberano sobre o espólio do AM, eis que a realidade mostra cruel para a Frequência Modulada: as web radios já substituíram o rádio FM.
Embora os celulares mostrem as frequências das emissoras de rádio em cada local, mesmo assim elas são apenas referências para emissoras que divulgam programação radiofônica em cada região.
Na prática, porém, o que os celulares sintonizam são web radios, preparando para a realidade do futuro protocolo Digital Audio Broadcasts (DAB).
O DAB, que já fez extinguir ou caminhar para a extinção o rádio FM em alguns países europeus, ainda não foi oficialmente implantado no Brasil, mas o que hoje muitos entendem como "FM" na verdade é um embrião do DAB.
Os próprios celulares apresentam problemas na sintonia comum de FMs. Na maioria dos aparelhos, já se baixa aplicativos para ouvir rádios pela Internet, numa época em que a Internet pelo celular alcançou plena popularidade.
Portanto, se alguma FM transmitindo futebol está sendo ouvida pelas ruas, quase sempre não é a própria sintonia FM, mas o mesmo sinal e a mesma programação transmitidos por uma web radio.
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