A Região Metropolitana de Salvador está criando estradas para fazer fluir o trânsito e garantir mobilidade urbana.
Há belas e modernas passarelas, e um esforço para conter os congestionamentos e facilitar vida de pedestres e motoristas na hora de ir e vir.
No acesso da Av. Tancredo Neves para a Av. Magalhães Neto, em Salvador, existe uma passarela onde antes havia um semáforo que levava tempo para abrir para os pedestres.
Me lembro do drama que era esperar o sinal abrir para pedestres para eu passar, vindo do Stiep, para ir ao entorno do Shopping Sumaré.
O mesmo drama agora enfrento, quando, no entorno das avenidas Marquês do Paraná e Roberto Silveira e Rua Miguel de Frias, em Niterói, defronte ao Rio Cricket, tenho que esperar o sinal abrir para pedestres.
Uma passarela ou um mergulhão para pedestres poderia resolver o problema.
Na RMS, foi inaugurada há dois dias a Via Metropolitana, que liga Lauro de Freitas a Camaçari, reduzindo o tempo de deslocamento do trânsito, antes dependente só da Estrada do CIA-Aeroporto, situada no bairro soteropolitano de São Cristóvão.
A nova via se torna uma comunicação importante para os municípios de Camaçari (sede da fábrica brasileira da Ford) e Lauro de Freitas, que nos seus limites se avizinha ao Aeroporto de Salvador.
Em Niterói, porém, o que se observa é apenas o recapeamento de asfalto nas avenidas e ruas existentes no entorno de Rio do Ouro e Várzea das Moças.
O vergonhoso descaso, mesmo de parte da opinião pública, quanto à sobreposição de funções da Rodovia RJ-106 - que no trecho niteroiense vira "avenida de bairro" - , torna-se uma grande comédia surreal.
Afinal, há sempre aquela desculpa: "Rio do Ouro e Várzea das Moças não precisam de avenida de ligação, porque já têm a RJ-106".
Dããããã. Isso é como dizer "não há necessidade de solução, porque o problema nos satisfaz".
Isso é coisa de gente que pensa que Niterói é Rua Coronel Moreira César, Saco do São Francisco etc, e que não precisa torcer por times de futebol da própria cidade porque basta torcer pelos times da cidade vizinha.
Ao que me parece, não há registros históricos do povo troiano torcendo por gladiadores de Esparta, e olha que Troia e Esparta, na Grécia, não eram cidades vizinhas.
Mas vizinhança é doce vida em Niterói: niteroiense torcendo por times do município do Rio de Janeiro e bairros vizinhos dependendo de rodovia estadual para se comunicarem.
Os niteroienses não sabem a dimensão que é a Rodovia RJ-106.
Ela atende a um número muito grande de municípios. Vai de Tribobó (duplamente bairro de Niterói e São Gonçalo) a Macaé, o que não é lá pouca coisa.
Envolve não apenas um trânsito de carros e ônibus por si, mas caminhões que fornecem ou recebem produtos de mercados das cidades envolvidas.
Quando há um acidente na RJ-106, fala-se em nó no trânsito. No trecho niteroiense, isso se complica ainda mais.
Os veículos que querem ir rápido de Tribobó a, pelo menos, Maricá, correm o risco de "esbarrar" com veículos que vêm da RJ-100 (antiga Estrada Velha de Maricá e atual Rod. Pref. João Sampaio).
Em seguida, os veículos que vêm do Trevo de Várzea das Moças têm que seguir parte da rodovia no sentido Maricá para um retorno mais próximo.
Com essa manobra, os veículos têm que mudar de faixa, causando incômodo nos veículos que já percorrem a rodovia.
Isso é um grave problema de mobilidade urbana que ninguém percebe.
O que se vê hoje, no entorno do Rio do Ouro e Várzea das Moças, é a sobreposição de funções da Rodovia RJ-106.
Seria um problema a ser debatido por todos, se não fosse o comodismo da população e o descaso das autoridades. Refletiria até nas páginas de O Globo, O Dia e Jornal do Brasil.
Nem o DER-RJ se incomoda com o fato da RJ-106 sofrer sobreposição de funções no trecho niteroiense, no qual acumula-se à função principal a de "avenida de bairro".
A rodovia será privatizada sem que se resolva a situação da falta de avenida própria ligando Rio do Ouro e Várzea das Moças.
Não dá para entender a falta de indignação a essa situação, sobretudo se percebermos que o Grande Rio supervaloriza o uso do automóvel.
É lamentável a falta de visão dos niteroienses. Se pelo menos a imprensa escrita ou digital niteroiense denunciasse a falta de avenida direta ligando dois bairros vizinhos em Niterói, seria alguma coisa.
Na Bahia, a visão estratégica das autoridades anda abrindo estradas para facilitar o trânsito, procurando resolver os sérios problemas de congestionamentos existentes.
Em Niterói, falta, e muito, essa visão estratégica, e já tivemos a gafe de levar sete décadas para se construir a estrada e túnel Cafubá-Charitas.
Espera-se que os niteroienses acordem para mais um problema de mobilidade urbana e não esperem mais 70 anos para resolvê-lo.
Comentários
Postar um comentário