Muito complicado o xadrez político das últimas semanas.
Apesar do aparente otimismo de setores do Partido dos Trabalhadores com a candidatura de Lula, a pressão contra ele é imensa.
Lula é tratado como se fosse "cachorro morto" pela mídia hegemônica, e mesmo seu gentil depoimento ao juiz Marcelo Bretas, com o ex-presidente na condição de testemunha de Sérgio Cabral Filho, foi subestimado pela mídia.
Com medo de sofrer o que Marcelo Bretas sofreu, tomado pela simpatia do ex-presidente, o Jornal Nacional não mostrou a voz de Lula depondo no processo contra o ex-governador fluminense.
Bretas, comovido, chegou mesmo a lembrar do seu passado de antigo eleitor do PT.
Lula, simpático e carismático, não é o "grosseirão" que a mídia mais reacionária (incluindo extremistas como MBL, Antagonista etc) tenta dizer que é.
Pelo contrário. Desde os tempos de sindicalista, o brasileiro Luís Inácio Lula da Silva é simpático, gentil e muito emotivo.
Ele demorou para deixar a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, naquele 07 de abril deste ano, porque muita gente queria abraçá-lo e posar para fotos, na despedida. E ele acolheu as pessoas com muito carinho.
A prisão foi motivada por interesses políticos: banir o favorito de concorrer à Presidência da República.
Pura burrice dos reaças. Se eles fossem mais inteligentes, poderiam concorrer com Lula tentando provar que eram melhores do que ele.
Em vez disso, sentem medo e, com esse medo, prendem aquele que têm pavor de concorrer, com medo de perder por W. O. (de walkover - como se conhece o termo "vitória fácil" em inglês).
Diante dessa situação kafkiana, Lula é oficialmente considerado "perdido" e "descartado" da corrida eleitoral.
A persistência, justa, de Lula ser candidato sofreu até uma gozação, digna de valentonismo, dos jornalistas Ricardo Boechat e José Simão, no quadro deste último, que é humorista, na Band News FM.
Os dois caíram na gozação ao falarem que Lula, embora preso, continue se considerando candidato à Presidência da República.
Para um Ricardo Boechat que falou em "Dilma Rousseff de biquíni" servida junto à comida do ex-presidente, isso é compreensível.
O xadrez político está complicado e tanto esquerda quanto direita mostram casos de desunião e crises.
Na direita, vemos Geraldo Alckmin perdendo a cabeça numa reunião com lideranças do PSDB. O insosso tucano, "paulista demais" para ter projeção nacional e desprovido de qualquer carisma (daí o apelido "picolé de chuchu"), não consegue um mínimo de popularidade para o Executivo federal.
E isso num cenário em que Luciano Huck e Joaquim Barbosa desistiram da corrida presidencial e a gatona Valéria Monteiro tenta uma forma de filiar a um partido para disputar o cargo.
As esquerdas parecem impotentes, e as alternativas como Manuela d'Ávila (PC do B), Guilherme Boulos (PSOL) e um petista cogitável, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, possuem projeção inexpressiva.
Além disso, há divergências até em certas agendas, como na ênfase das "causas identitárias" (como o movimento LGBT), em detrimento de causas como a reforma agrária e a recuperação dos direitos trabalhistas.
Temos desfile de LGBT em vários cantos do país, mas a reforma agrária emperra e a violência no campo continua intensa e impune.
E ainda há o "Cabo Anselmo" do "funk", que, quando conquista seus objetivos, deixa as esquerdas comendo poeira e vai festejar nos palcos da Rede Globo.
Ultimamente, o caso mais polêmico, no entanto, é a pré-candidatura de Ciro Gomes, do PDT.
Ele é considerado, por parte das esquerdas, um nome viável para a Presidência da República.
Até Lula, do qual Ciro chegou a ser ministro, aconselhou seus seguidores a pouparem críticas ao político cearense.
Por outro lado, ele ganha simpatia de partidos direitistas como o DEM e o PP.
Ciro Gomes mistura ideias neoliberais com algumas concessões progressistas. Traz certa simpatia, mas para uns desperta desconfiança.
Mas, diante do perigo de Jair Bolsonaro, a ser beneficiado por uma diarreia eleitoral de uma parcela da sociedade, há quem diga que é muito melhor um Ciro hesitante eleito presidente da República.
As alianças se costuram, os quadros buscam uma definição, mas nada ficou fechado até agora.
Se ao menos Bolsonaro se tornar fogo de palha, sobretudo quando os cariocas pararem de esquentar as cabeças e esfriar os pés em prol de falsas novidades, vai ser alguma coisa.
O golpe político, pelo menos, se desgasta. Michel Temer está politicamente morto.
Além disso, os partidários do golpe militar cometem gafes imensas. A mais recente é a proibição de um representante do papa Francisco de visitar o ex-presidente Lula, uma atitude que pode gerar "saia justa" entre o Brasil e o exterior.
Mas com o juiz Sérgio Moro mostrando a que veio viajando para os EUA e até para Mônaco, é algo comparável com as inesquecíveis imagens do falso herói com Aécio Neves.
O Correio Braziliense revelou, recentemente, que Moro (um sósia ranzinza do Super-Homem), na linguagem codificada de empreiteiras que realizavam pagamentos ilegais a políticos, era apelidado de "Mazzaropi".
O motivo mais provável é o sotaque caipira comparável ao do saudoso humorista e cineasta Amácio Mazzaropi, embora não tenha o senso de humor e o caráter humanista deste.
Moro tornou-se o símbolo de um Brasil confuso e inseguro, que não sabemos como vai acabar neste ano que parece mais longo do que seus limites de 365 dias indicam.
Não sabemos se o golpe político acabará. Mas sabemos que qualquer vitória dos golpistas será uma "vitória de Pirro".
Os golpistas vão repetir o que o imperador Pirro havia dito, em seu tempo: "mais uma vitória como a de 2016 estaremos arrasados".
Daí os 72% de brasileiros que afirmam que o país piorou após o golpe de dois anos atrás.
Comentários
Postar um comentário