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PACTO DA DEMOCRACIA E A IMPOTÊNCIA DAS ESQUERDAS


A perda de protagonismo das esquerdas mostra que a situação está delicada.

No momento, o maior herói deles é o craque Neymar, que em 2014 manifestou sua opção por Aécio Neves.

Há, entre os esquerdistas que se comportam como viúvas, vendo a camiseta da CBF associada aos reaças anti-PT, um certo pensamento desejoso.

Como aquele nerd que tenta fazer crer que aquela líder de torcida está apaixonada por ele e ela lhe manifesta um terrível e intransigente desprezo.

As esquerdas são assim com certos nomes e instituições que lhes desprezam firmemente.

São assim com o "funk" patrocinado pela Rede Globo, com os midiáticos "médiuns" de um Espiritismo catolicizado, e são assim com gente como Neymar.

E, para recuperar protagonismo e visibilidade, os movimentos esquerdistas apelam sobretudo para representantes da mídia venal que andam "namorando" as esquerdas visando obter vantagens pessoais.

Pedro Alexandre Sanches atacando os direitistas da moda (Michel Temer, Rede Globo, Operação Lava Jato etc) e Mário Kertèsz, lá na Bahia, entrevistando algum petista. Ambos surfando na sua suposta solidariedade a Lula em troca de umas boas "gorjetas".

Com estes dois príncipes da mídia venal que pegam carona nas esquerdas, as esquerdas, sobretudo o Partido dos Trabalhadores, acham que os dois têm o cadeado da cela onde Lula está preso.

Provavelmente, acreditam ingenuamente que os dois, acompanhados de "médiuns espíritas", dos funqueiros e de Neymar, vão, no próximo dia 26, invadir a Polícia Federal em Curitiba, libertar Lula, viajar a Brasília e formalizar sua candidatura à Presidência da República.

É ingenuidade demais esperar uma revolução dessas praticada por gente "de fora".

Por isso, prefiro ter cautela. No dia 26, segundo pedido dado na semana passada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, a segunda turma do órgão irá julgar o pedido de libertação do ex-presidente Lula.

E, por outro lado, a mídia conservadora ainda pressiona contra Lula.

Parece que o reacionarismo midiático anda arrefecendo na medida em que reservas de pré-sal estão sendo vendidas para o estrangeiro.

A Petrobras anda encolhendo e as estrangeiras estão pegando nossas riquezas, aos poucos.

Essa realidade não vai ser rompida por Ciro Gomes, já que o coordenador de programa de governo do pré-candidato, Nelson Marconi, economista e professor da Fundação Getúlio Vargas, declarou isso.

Marconi afirmou que irá abrir o refino de petróleo para empresas privadas, quebrando o monopólio da Petrobras.

Contraditoriamente, Marconi afirmou que ele quer "absolutamente aumentar a competição" do refino de petróleo para evitar a "dependência de petróleo refinado importado".

O golpe político de 2016 virou um grande pepino para os brasileiros, segundo aquele ditado "se correr, o bicho pega, se ficar, o bicho come".

Agora temos a ameaça do extremo-direitismo de Jair Bolsonaro, que mesmo com suas gafes e posições retrógradas ainda é admirado por considerável parcela de brasileiros, dispostos a fazer, no voto, o "salto para a morte" das morsas do Alasca.

Para deter esse terrível fenômeno, que poderia transformar as urnas brasileiras em sacos de vômito de uma parcela de reaças, movimentos de "centro", que inclui esquerda e direita brandas, se reuniram em São Paulo para lançar o "Pacto da Democracia". Uma página foi criada para o movimento.

Várias entidades da sociedade civil e movimentos como Agora!, Renova BR, Frente Favela Brasil, Nova Democracia, Bancada Ativista participam da iniciativa, comandada pela herdeira do Itaú, Maria Alice Setúbal.

O evento de lançamento também teve a presença de pré-candidatos ao Legislativo, os vereadores paulistas Eduardo Suplicy, do PT, e Sâmia Bonfim, do PSOL, além do deputado federal Carlos Bezerra, do PSDB e também representando São Paulo.

Partidos que vão do PSOL ao Partido Novo estão à frente desse projeto, que sinaliza também o apoio de empresários do porte de Luciano Huck, Abílio Diniz e Jorge Paulo Lemann.

A ideia é, em tese, "deixar de lado as divergências" e "lutar por um Brasil melhor". Fala-se em "diversidade", "pluralismo", "tolerância"

Mas o discurso de "buscar uma democracia de verdade", que parece atraente, requer cautela.

Esse discurso mais parece colocar certos problemas por baixo do tapete, como a reforma trabalhista e a venda das riquezas brasileiras a estrangeiros, do que um projeto de progresso e liberdade.

Mas o problema é que, praticamente, os brasileiros se sentiram reféns desse cenário.

Nesse xadrez político cheio de trapaceiros, é difícil revivermos janeiro de 2003.

Há uma pressão enorme para banir Lula das eleições, e o chamado "centro" já busca concentrar em opções como Geraldo Alckmin, Marina Silva e Ciro Gomes.

Infelizmente, prefiro ser realista. As esquerdas não podem surfar em maremoto, num cenário bastante inseguro como este.

É claro que existe o desejo de ver Lula livre, leve e solto para disputar os votos dos brasileiros e ganhar de barbada. Seria bom ele governar e reverter todos os retrocessos políticos de 2016.

O problema é que tem gente muito rica investindo para barrá-lo da corrida presidencial, e não creio que a segunda turma do STF irá libertá-lo, se o órgão sempre atuou contra vários apelos da defesa do ex-presidente.

Se pudermos todos sermos prudentes, talvez aceitássemos que um presidente neoliberal fosse eleito.

Se nos preocuparmos em eleger um Legislativo mais progressista, isso será uma boa forma de pressionar o presidente em sua pauta conservadora.

Se os sindicatos e outros movimentos sociais pressionarem de suas conhecidas formas, com passeatas ou greves, é possível que os retrocessos trabalhistas e previdenciários recuem.

Se os brasileiros puderem agir com prudência e cautela, poderão pegar de surpresa todo um aparelho político-jurídico-midiático mesmo com a vitória de um projeto político conservador.

Não há como acreditarmos, de forma quixotesca, que os opositores de Lula irão ceder na última hora, ou que os "alienígenas" que usurpam as esquerdas irão tirar o ex-presidente da prisão.

Há quem acredite até que o tal "médium", já falecido, que defendeu abertamente a ditadura militar irá, em espírito, intuir os carcereiros a libertar imediatamente o ex-presidente.

São visões como estas que fazem as forças progressistas de esquerda perderem o protagonismo, mordendo a isca de conservadores supostamente convertidos aos ideais de esquerda.

Quantos lobos em peles de cordeiro ficam gritando "Fora Temer e Lula Livre", e fazem todo um teatrinho para arrancar apoio dos movimentos progressistas?

Esse é o perigo. De que adianta a livre navegação das esquerdas com tantos cantos de sereia a lançar seus navegadores à perdição?

Muitos desses "amigos das esquerdas", na verdade, abriram o caminho ao Michel Temer que fingem rejeitar.

Depois esses "amigos dedicados" irão abrir o caminho para a família Bolsonaro e os "bons esquerdistas" de fachada vão passar o tempo chorando o leite derramado.

E vão escrever artigos contra Temer, Moro, Globo, Bolsonaro etc que serão reproduzidos, via Ctrl+C/Ctrl+V, nas páginas de esquerda difundidas na Internet, na preguiça de seus articulistas escreverem artigos próprios.

Não se pode acreditar na "grife" do aventureiro, seja ele o "filho da Folha" ou o "astro-rei da Rádio Metrópole" que se aventurar num apoio tendencioso e oportunista ao PT.

Perde-se princípios aqui e ali, e boas oportunidades se perdem porque abrimos espaço para aventureiros pseudo-solidários, que parasitam as causas progressistas para proveito próprio, enquanto deixam os progressistas na mão.

Na cultura rock, foi constrangedor, há quatro anos, os órfãos da Fluminense FM fazerem "política da boa vizinhança" com a canastrona Rádio Cidade. Isso enfraqueceu ainda mais a cultura rock no RJ.

A mesma coisa está com os progressistas, que preferem a precipitação da visibilidade de pretensos aliados vindos do terreno adversário.

Ninguém reserva um tempo para pensar, ter autocrítica ou coisa parecida. Difícil, nas paixões carentes, diferenciar quem realmente apoia o Lula Livre ou quem diz apoiá-lo sonhando com a volta das verbas estatais a encher suas contas durante os governos do PT.

O cenário do Brasil está delicado e bastante complicado. Não podemos defender o "Lula Livre" na marra ou a qualquer preço, sob o perigo de deixarmos Jair Bolsonaro vencer as eleições presidenciais.

Portanto, um pouco de prudência e cuidado não fazem mal algum.

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