Nem para defender seus interesses cariocas e fluminenses agem com prudência.
Eles se preocupam tanto em transformar o futebol em unanimidade, agindo com preconceito contra quem não curte futebol, que se esquecem de zelar pelos assuntos relacionados ao esporte.
Se preocupam, quando conhecem um possível amigo, em perguntar primeiro o seu time, antes do próprio nome, mas não se cuidam da segurança de um alojamento de jogadores.
Pois o time com maior número de torcedores, o Clube de Regatas Flamengo, sofreu uma tragédia que vitimou aqueles que seriam seus futuros jogadores.
Um incêndio ocorrido no Centro de Treinamento do Flamengo, na Vargem Grande, onde se alojaram meninos da equipe sub-17, matou 10 jovens atletas, além de deixar outros três feridos, um com gravidade, conforme informações dadas até a tarde de ontem.
Os mortos teriam sido sufocados por gases tóxicos expelidos pelas chamas, além de gravemente feridos por queimaduras e sem poderem sair de seus quartos, onde dormiam.
A tragédia teria ocorrido pelo habitual descaso neste Grande Rio que desconhece seus próprios problemas.
O alojamento do Ninho do Urubu não tinha certificado de vistoria do Corpo de Bombeiros e a casa não tinha condições de segurança para tais casos.
Além disso, suspeita-se que o ar condicionado, provavelmente já pelo efeito do temporal de quarta-feira, teria sofrido curto-circuito.
O descaso dos cariocas e fluminenses, perdidos no seu pragmatismo viciado, permite que tragédias como esta e outras aconteçam.
Fico preocupado em ver um grande número de pessoas fumando alegremente seus cigarros, sem saber que estão ingerindo substâncias venenosas.
Volta e meia a mídia noticia um falecimento de um famoso ou seu correspondente familiar, na casa dos 59, 63 anos ou até antes dos 55, de câncer.
Muitas vezes não se diz, mas o fumo contribuiu para mortes prematuras que ocupam os noticiários.
Muitos desses mortos são atores e jornalistas muito carismáticos cujos óbitos comoveram o país e viviam no Rio de Janeiro.
Em Niterói, espécie de "o pior do Rio de Janeiro levado às últimas consequências", onde é preciso fazer o tempo todo o cidadão se mexer, como se controlasse um boneco de cordas, pessoas fumam como se gozassem a melhor coisa da vida.
Depois essas pessoas morrem - sim, elas morrem mais cedo que imaginam - seus parentes e amigos ficam transtornados e ainda perguntam "Por que agora? Tão cedo...", transtornados.
Só na mente de um Olavo de Carvalho é que fumar cigarro não causa câncer. Mas alguém consegue ser capaz de acreditar num sujeito desses?
O Grande Rio tem instalações elétricas caóticas, vários postes estão carregados de energia elétrica, oferecendo risco à população.
Não existe uma política de reflorestamento, recuperação de seu verde e é risível que árvores sejam podadas, mas não têm removidas as ervas de passarinho.
Ou seja, cortar as folhas que servem de abrigo para ninhos de passarinhos, pode. Mas retirar os perigosos parasitas que parecem trepadeiras simpáticas, vistos ao longe, não?
Já vi uma árvore sendo podada e pássaros voando nervosos e desnorteados porque perderam os abrigos das folhagens.
Enquanto isso, árvores tomadas de ervas de passarinho são enfraquecidas ou mortas. Além de serem impossibilitadas de fazer a fotossíntese - absorção de gás carbônico que ajuda a liberar oxigênio, diminuindo a poluição e o calor - , podem destruir carros se caírem após um vendaval.
Fiquei abismado quando, ao sair de casa, aqui em Niterói, uma pequena fogueira estava se formando ao lado de um poste elétrico e as pessoas, em volta, desligadas e felizes.
Anos atrás, uma churrasqueira foi montada diante de um posto na Rua São Sebastião, junto ao Morro do Estado, também em Niterói, e saía uma baita fogueira.
Se houver um acidente com a churrasqueira, se terá uma explosão que pode atingir seu entorno, atingindo desde algumas casas do Rink e São Domingos até parte da favela do Morro do Estado, causando várias mortes.
Os cariocas e fluminenses têm uma indignação seletiva. Quando o assunto é Partido dos Trabalhadores, a revolta é geral.
Mas, fora disso, as pessoas se esquecem até dos próprios problemas.
Veem amigos e parentes morrerem de repente, em muitos casos em função do cigarro, e ainda coçam a cabeça para entender porque seus entes partiram tão cedo.
E deixam que o descaso público faça ocorrer as tempestades que mataram pessoas no Grande Rio e, em seguida, fez ocorrer o incêndio que matou jovens esportistas do Flamengo.
Foi a segunda grande tragédia envolvendo jogadores de futebol, depois do acidente aéreo com o time da Chapecoense, no final de 2016.
Dá uma grande tristeza ver os rostos sorridentes desses jovens, e constatar que tudo acabou para eles. Um dos jovens iria fazer aniversário daqui a pouco, mas o velório dará lugar a essa festa.
Eram rapazes cheios de esperança e projetos de vida, mas que tiveram o caminho interrompido nesse traumático incidente.
E ver que essa tragédia poderia ter sido evitada, se não fosse o "pragmatismo" que está acabando como o Estado do Rio de Janeiro, fazendo-o virar uma grande vergonha nacional.
O refrão "não é essa maravilha, mas está bom demais" já começa a causar sérios problemas...
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