Nada contra os pais ensinarem os filhos em casa, o que, em certas condições, é até saudável.
Mas a forma com que o atual Ministério da Educação do governo Jair Bolsonaro quer fazer, implantando a homeschooling e o Ensino Superior à Distância, isolando os estudantes do convívio social, é preocupante.
O ministro Ricardo Veléz Rodriguez foi indicado por Olavo de Carvalho, por ser seu discípulo.
Olavo de Carvalho, o "fisólofo", é um anti-pedagogo por convicção.
Ele odeia a Ciência, prega a intolerância, vive recluso no Estado da Virgínia (EUA) e vive publicando asneiras fantasiadas de "assuntos polêmicos".
Denúncias dos movimentos sociais apontam que o projeto educativo do governo Bolsonaro visa enfatizar, de forma exagerada, a educação a domicílio.
Evidentemente são válidos alguns contextos e condições para educação a domicílio ou à distância, sem que o estudante precise sair de casa.
Exemplos são as moradias em lugares distantes, como em muitas regiões do interior do país ou em áreas de selvas, montanhas ou pantanais, ou quando as pessoas não têm condições para usar o transporte para ir a escolas ou faculdades.
A educação presencial tem que ser levada em conta, e não tratada como coisa secundária.
Isso porque, além de haver a transmissão do ensino, há também o convívio social dos alunos.
Eu vejo várias comédias na TV, entre filmes estudantis e seriados da Nickelodeon, e muitos deles são ambientados em escolas.
A vida social dos alunos inspira muitos e muitos seriados na TV dos EUA. E temos franquias como High School Musical e uma infinitude de outros.
Mesmo um filme sobre matar aula, Curtindo a Vida Adoidado, cujo ator protagonista Matthew Broderick, também nasceu num 21 de março, não é um filme contra a Educação.
Infelizmente, temos um tipo de rebelde reacionário, que parece "moderno" e "vibrante", um imbecil que se acha de "vanguarda" e deseja a extinção do Poder Legislativo e o fim da Educação.
Sobre esses jovens niilistas, me lembro do real propósito de Mike Judge quando criou Beavis e Butthead. Ele queria satirizar os jovens niilistas que ouviam rock barulhento, fazendo uma crônica social dos anos 90.
Só no Brasil Beavis e Butthead foram vistos em outro enfoque. Os caras viraram "gurus" da cultura rock e "consultores culturais" da juventude roqueira.
Qualquer porcaria poser metal era endeusada só porque Beavis e Butthead exaltaram seu vídeoclipe, e nem tanto pela banda, mas pela presença de mulheres sensuais.
No entanto, os brasileiros passaram a endeusar o metal-farofa pela "sonzeira", a ponto de considerá-lo "rock clássico".
Não é muito difícil ver que Guns N'Roses é a banda favorita dos bolsomínions, juntamente com os Mamonas Assassinas (de outro estilo, pois eles eram uma espécie de Pânico da Pan musical).
E aí vemos os "rebeldes" nandomouretes (fãs do Nando Moura) que nos anos 1990-2000 foram educados pela dupla rockaneja 89 FM e Rádio Cidade, defendendo o fechamento do Congresso Nacional como se isso ajudasse na democracia.
Esses caras são apenas uma parte dos punheteiros digitais cuja musa "sensual" é a Mulher Melão e cuja musa "intelectual" é a Joyce Hasselmann.
São olavetes que durante muito tempo fingiram ser esquerdistas só para chamar gente para lhes apoiar.
E são eles que a maior parte do "ensino doméstico" pode produzir, sem o necessário convívio social e dentro de valores do mais puro conservadorismo de herança medieval.
A ditadura militar, com sua educação deficitária, já produziu pessoas reacionárias suficientes para influir no golpe político de 2016 e no masoquismo eleitoral de 2018.
A educação ditatorial causou tanta atrofia mental que recentemente vimos esquerdistas defendendo valores culturais de direita - de funqueiros a "médiuns espíritas" - só por causa do "verniz de pobreza" que acobertava abordagens estereotipadas.
Gente progressista que, como patos saindo do ovo para endeusar como "mãe" até uma pedra que encontrar na frente, aceitava qualquer coisa que tivesse "falso cheiro de pobre".
E aí, deu no que deu. Uma esquerda debilitada, uma direita ainda mais raivosa e convencida.
Não vamos deixar que isso vá longe demais com o homeschooling bolsonarista.
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