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NITERÓI E O DESCASO AMBIENTAL


Há tanta e tanta gente fumando cigarro em Niterói que eu fico perguntando se o niteroiense é masoquista.

A cidade que chegou a ser considerada a quarta em Índice de Desenvolvimento Humano parece buscar uma queda livre em expectativa de vida.

Há muito descaso, muita acomodação, muita indiferença em Niterói.

Fico pasmo. Eu, nas minhas andanças no Centro niteroiense, sinto que a cidade anda muito velha, enferrujada.

A cidade está suja, fedorenta, mofada, cheirando a cigarro, com calçadas cinzentas e caminhões de lixo também mal-cheirosos.

O pessoal parece estar feliz, acostumado com isso. Claro, não é coisa do Partido dos Trabalhadores, hostilizado pela maioria dos niteroienses.

Se não é o PT, tudo bem. Vale até ônibus turístico caindo no precipício. A choradeira fica pra depois.

Infelizmente, isso é verdade. O espírito do descaso, que marca o Sul e Sudeste na sua indignação seletiva, tem em Niterói seu reduto mais extremo.

E isso num Brasil que, no caso do governo Jair Bolsonaro e o escândalo dos "laranjas" do PSL, o filho do presidente, Carlos Bolsonaro, andou se desentendendo com o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno.

Carlos acusou Bebianno de mentiroso quando este disse que conversou três vezes com Jair, então ainda internado no Hospital Albert Einstein em recuperação de uma cirurgia. Desde anteontem o presidente teve alta do hospital paulistano.

Jair compartilhou a mensagem do filho, nas redes sociais, o que desagradou Bebianno, que negou que tenha sido pivô da crise dos "laranjas" do PSL.

Bebianno, pelo menos nos últimos dias, disse que não pretende demitir-se do cargo, embora admitisse sair se for por determinação do presidente.

Isso tudo é só para perceber o quanto o Sul e Sudeste, sobretudo o Estado do Rio de Janeiro, produziu esse cenário político, impulsionando o golpe político que culminou nesse desastrado cenário do bolsonarismo.

Cariocas e fluminenses, tanto ou mais quanto paulistas, mineiros, catarinenses, paranaenses, gaúchos e capixabas, salvo exceções, costumam estar indiferentes aos próprios problemas.

Andam votando contra seus direitos, se conformam com a degradação da cultura popular, da Educação, da Economia brasileira, desde que sejam eles os privilegiados.

E, aqui em Niterói, o pessoal fica feliz diante dos problemas, sem saber dos desastres que ocorrem e, quando sabem, é tarde demais.

Fotografei uma árvore caindo na grade lateral do pátio esquerdo da Catedral de São João Batista, na altura da Rua São Pedro.

Isso é um efeito da chuva, mas também da falta de manutenção das árvores, que são enfraquecidas e mortas pelas ervas de passarinho.

A árvore destruiu a grade, mas poderia ter destruído um carro.

Os temporais ocorrem por um conjunto de fatores.

Mas vários deles vêm do descaso: poluição, desmatamento, falta de manutenção adequada nas árvores, pessoas fumando muito.

Tudo isso cria condições para que as trovoadas façam o que a fotossíntese não é feita pelas árvores enfraquecidas.

E aí temos temporais, que causam engarrafamentos, matam pessoas por deslizamentos, queda de raios etc, e causam muitos prejuízos.

As chuvas, quando ocorrem, causam muitas enchentes, e o clima não se torna muito agradável depois da tormenta, apenas reduzindo o calor de sauna dos dias de Sol.

Mas o Rio 40 Graus é visto apenas como "poesia", "alto astral", "praia, Carnaval e futebol", "borogodó" etc. Nunca é visto como uma tragédia real.

Todo verão o Grande Rio é atingido por temporais, que ceifaram tantas vidas e causaram prejuízos materiais muito grandes. Rio 40 Graus, "borogodó"?

E Niterói, que está feliz em ter perdido o posto de capital fluminense e agora parece uma cidade do interior das piores, com sua gente, salvo exceções, desligada dos seus próprios problemas, sofre com congestionamentos e com a cultura do descaso.

Pessoas sem ter o que fazer com cigarrinho na mão, tragando substâncias que incluem até veneno de rato, achando que isso é "a melhor coisa da vida".

Depois esses niteroienses morrem cedo e seus parentes e amigos ficam sem entender.

Quanto descaso.

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