Grande ofensa que se faz a Fábio Assunção, fazendo pouco dele por causa de seus vícios.
O grupo de "funk" La Fúria foi fazer uma música chamada "Fábio Assunção", puxando o clima de zoeira que envolveu a produção de máscaras de carnaval com o rosto dele.
Triste exemplo de agenda setting popularesca que se deixa valer por episódios que considera pitorescos.
Não respeitam o fato de que Fábio Assunção, grande ator, luta contra seu vício por álcool e drogas.
Uma suposta mensagem atribuída a ele foi viralizada na Internet, alegando essa luta, mas o próprio ator afirmou que não escreveu a mensagem.
Creio que Fábio também não iria dramatizar demais a sua situação.
Mas o sarro que se tira contra ele e, em diferentes motivos e contextos, outras personalidades, mostra o quanto o show business é macabro e a chamada "cultura popular demais" é hipócrita.
Há também dois aspectos a considerar.
A música que "zoa" de Fábio Assunção é um "funk". E Fábio é um dos poucos atores com postura política progressista, filiado ao Partido dos Trabalhadores.
O "funk" havia feito sua choradeira, durante vários anos, contra o "preconceito", que é o que se atribuía às críticas negativas dadas ao gênero.
A choradeira era orquestrada por "militantes" de um discurso "zangado", como MC Leonardo e Bruno Ramos (Liga do Funk), "esquerdistas fiéis" dos mesmos moldes do Cabo Anselmo, 55 anos atrás!!
Eram falsos petistas, psolistas de ocasião que, no fundo, quiseram mesmo é sabotar o esquerdismo por dentro, forçando o povo pobre a "mexer o popozão" em vez de lutar por melhorias de vida.
Resultado: o "funk" abriu espaço para Michel Temer e Jair Bolsonaro e vários funqueiros deixaram a máscara cair manifestando um bolsonarismo mais ou menos enrustido.
O "petista" dos sonhos dos anti-petistas, Bruno Ramos, foi participar de um protesto anti-Globo em São Paulo, em março de 2016, e, poucos meses depois, já estava articulando uma gravação de reportagem para o Fantástico.
O "funk", em parte, produziu o "pobre de direita", o "favelado zangado" que fingia apoiar o PT e, depois, foi fazer um apoio enrustido e, às vezes, fantasiado de "repúdio", à candidatura de Jair Bolsonaro.
O "ufanismo das favelas" deixava claro, pois a ideia é juntar todos os pobres nas favelas - exceto os funqueiros, que se enriqueceriam com a empreitada - e deixar que o plano "anti-crime" de Sérgio Moro fizesse sua parte.
Com Temer consolidado e Bolsonaro eleito, Bruno Ramos e MC Leonardo (este apadrinhado por José Padilha a partir do "justiceiro" filme Tropa de Elite), sumiram, como Cabo Anselmo depois de decretado o AI-5 (Anselmo trabalhou seu "bom esquerdismo" até 1968, integrando guerrilha etc).
E aí temos um "funk" que tira sarro do vício do ator, através do La Furia.
Fábio Assunção é um dos poucos atores com visibilidade plena e referência para gerações mais recentes do apoio às causas progressistas.
Por que não existe um "funk" chamado "Alexandre Frota"? Claro, não pode, né, pois o deputado bolsonarista foi um dos que MAIS divulgaram o "funk" no Brasil, além do Luciano Huck.
Nenhum MC em sã consciência vai cantarolar: "Lá vem o deputado, astro pornô e taradão" etc.
Talvez o tempo possa revelar os Cabos Anselmos que se escondiam ao lado de DJs e dançarinas siliconadas de shortinho.
Enquanto isso, eu me junto aos que pedem respeito a Fábio Assunção. Eu pessoalmente, torço para que ele supere todos os vícios, a exemplo de Robert Downey Jr., que também viveu fase semelhante.
Desejo boa sorte a Fábio e que ele possa dar a completa volta por cima.
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