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O MACHISMO E A "CULTURA" DA FALTA DE AFINIDADE


A violência contra a mulher, infelizmente, é fruto de uma "cultura" machista da falta de afinidade.

Homens tidos como durões, viris, privilegiados de toda sorte - embora, no fundo, sejam também frustrados em não terem grandes qualidades - , tentam ser os maiorais nas noitadas e nas redes sociais.

A boa parte dos feminicídios e das agressões próximas a esse fim ocorrem porque há uma "cultura" em que casais tem que se formar sem afinidade, sem a necessária identificação pessoal que rendesse uma relação marcada pelo respeito e pelo afeto.

Depois do chocante caso de Tatiane Spitzner, assassinada depois de agredida durante vários minutos pelo ex-marido Luiz Felipe Manvailer (Rott-Vailer?), um pit-boy de Guarapuava (PR), hoje preso, temos uma agressão longa que, por pouco, não teve o mesmo fim trágico.

Na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, a empresária Elaine Caparroz, de 55 anos e muitíssimo bonita, foi internada com graves feridas devido a uma agressão do furioso namorado, Vinícius Batista, com pinta de mauricinho "boa vida", com apenas 27 anos.

Mas o dado chocante é que a agressão durou quatro horas, o que dá ideia do caráter insano desse sujeito, talvez irritado com alguma discussão com ela.

Os dois se conheceram nas redes sociais, pareciam se dar bem, e combinaram jantar na casa dela.

Dormiram juntos, mas depois ela acordou sendo agredida pelo rapaz.

Não se sabe o que motivou isso, mas a estupidez dos machistas é que eles só se interessam pelas mulheres através de fetiches, hábitos coincidentes, que não podem ser vistos como "afinidades".

Frequentar o mesmo restaurante ou a mesma casa noturna costuma ser a "única afinidade" desses casais dissolvidos pela violência e, na maioria das vezes, pela tragédia.

Vinícius foi preso e, felizmente, apesar dos ferimentos que afetaram seu rosto, Elaine está se recuperando. O filho Rayron Gracie a visitou na internação.

Vinícius também é acusado de agredir um irmão deficiente, Diego. É considerado de temperamento explosivo, que a defesa tenta definir como "problemas psicológicos".

Infelizmente, as redes sociais e as noitadas tentam se vender como um "paraíso de curtição" em que "todos são irmãos".

E afinidades pessoais verdadeiras, através do caráter, não importam, dentro dessa ilusão de que basta ter apenas "afinidades circunstanciais" nos bate-papos digitais ou noctívagos.

Não são ambientes humanistas e o mercado engana muita gente dizendo que é aí que alguém "irá encontrar o amor de sua vida".

É difícil encontrar o grande amor num ambiente desses. Isso é quase uma loteria. Quanto muito, uma "Loto Fácil" da vida amorosa, mas mesmo assim essa tese parece pouco provável.

As mulheres não são culpadas, elas são vítimas induzidas pelo "sistema" que tenta convencê-las de que é nas noitadas e nas redes sociais que haverá, necessariamente, o "príncipe encantado".

Tudo parece simples. O assediador é bem-humorado, boa pinta, tem bom status social, parece divertido e fala coisas boas.

Não há um envolvimento social pleno que permita as pessoas se conhecerem melhor. Além disso, a ilusão da curtição pode ser alimentada por entorpecentes, ou trazer outros detalhes ocultos estranhos.

Foi o caso do temperamento explosivo de Vinícius, que não iria transparecer naqueles breves momentos em que "mensagens legais" são trocadas, num meio digital em que o afeto deu lugar às curtidas, com aquele desenho da mão com o polegar para cima.

A mídia venal impulsiona a sociedade e, sobretudo as mulheres, a investir em noitadas e redes sociais, que são verdadeiras "terras de ninguém".

Muitas mulheres perdem a vida porque seus "companheiros" elas conheceram nas alegrias efêmeras do entretenimento etílico em boates e casas noturnas.

O sistema de valores que temos não estimula outros meios de paqueras, que não sejam para atender o comercialismo voraz dos portais digitais das redes sociais e do empresariado de boates, bares, restaurantes e casas noturnas em geral.

O amor virou uma mercadoria, e aqui cabe uma crítica ao movimento "Chega de Fiu-Fiu".

A campanha "Chega de Fiu-Fiu" é bem-intencionada, mas ela não vai aonde o perigo é maior, a vida noturna.

Nas noitadas, as relações amorosas podem ser fachadas para jogos de interesses dos mais traiçoeiros e o machismo se aproveita disso para seduzir mulheres.

Há uma combinação entre noitadas e redes sociais, nas quais se vale pelo "baile de máscaras" de pessoas alcoolizadas ou de identidades digitais que revelam pessoas irreais.

O Brasil é muito atrasado e não oferece um terreno para compreendermos a causa #HeForShe da atriz Emma Watson, que esteve ontem num encontro de representantes do G7 (EUA, Canadá, França, Grã-Bretanha, Alemanha, Japão e Itália) sobre igualdade de gênero.

O movimento #HeForShe é possível porque se estimula as afinidades pessoais verdadeiras nos casais, coisa apenas eventual, se não rara, no nosso país.

Aqui a "cultura" popularesca é a que mais influencia nas relações sem afinidade.

No Orkut, já vi pessoas exaltando as relações divergentes, diante daquela falácia da "superação das diferenças", que só é fácil na teoria.

É muito complexo falar dos critérios que determinam afinidades e divergências conjugais que me impossibilitam determinar critérios.

Mas se vê que, no Brasil, o que mais se estimula são relações divergentes nas quais há apenas afinidades pontuais, como as que estão listadas nos perfis das redes sociais, e que não dizem muito.

Daí que se empurram casais que não se identificam de verdade. Daí as relações abusivas, violentas, sobretudo pela irritabilidade e agressividade dos homens.

Se o "Chega de Fiu-Fiu" chegar às noitadas - por favor, não usem aquela gíria ridícula de "balada", que é "Jovem Pan" demais para o gosto - , talvez o número de feminicídios e relações abusivas possa diminuir consideravelmente.

Não podemos transformar o amor numa mercadoria a enriquecer empresários da Informática e de boates, restaurantes, bares e casas noturnas.

Temos que fazer voltar os ambientes diurnos e sóbrios para promover encontros de futuros casais, sem o mascaramento digital e sem o entorpecimento do álcool e outras drogas.

Fica a nossa solidariedade a Elaine Caparroz e desejamos muito sucesso nas cirurgias que ela enfrentará para recuperar a face danificada pela violência machista.

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