O desgaste da Operação Lava Jato, com denúncia de furto de bebidas alcoólicas de um magistrado a partir da revelação de um vídeo além de descobertas de um grampo ilegal feito pelo então juiz Sérgio Moro, e o declínio do bolsonarismo, com o ex-presidente Jair Bolsonaro doente, mostra o quanto a ELITE do atraso, depois do período reacionário de 2016-2022, precisa largar os anéis para preservar seus dedos.
Os tataranetos da Casa Grande viraram esquerda? Os tempos agora são outros? Houve remorsos? Nada disso. Nossas elites são, como tradição, inescrupulosas, não se arrependem dos antigos erros, apenas deixam de errar porque “se aposentaram” deles.
Agora querendo esbanjar bom mocismo, a elite do atraso tenta expurgar tudo que defendeu durante séculos e, principalmente, durante o hiato golpista que se deu entre a crise do segundo governo Dilma Rousseff e o fim do governo Jair Bolsonaro. Tanto que hoje vale o rótulo “elite do bom atraso”, também definida como burguesia ilustrada ou burguesia de chinelos, “invisível a olho nu” porque usa o mimetismo de se disfarçar de “gente simples” e se esconder sob a multidão.
A linha do tempo do golpismo de 2016 seguiu uma rota maluca, na qual justamente o presidente Lula não realizou rupturas profundas com o legado de Michel Temer, que preparou o cardápio depois servido por Jair Bolsonaro. Lula preferiu a procrastinação adiando para o fim do terceiro mandato a extinção da escala 6x1 do mercado de trabalho e ofereceu mais um reajuste pequeno para o salário mínimo.
Vivemos o auge de uma elite que quer colocar seu passado obscuro debaixo do tapete, é isso ocorre não porque essa classe virou um primor de generosidade, mas porque ela viu que foi longe demais com o bolsonarismo.
Temos que bater na tecla desta realidade, saindo da bolha digital e ver que, enquanto nas redes sociais muita gente bacana declara falso amor aos pobres, eles vivem a agonia no cotidiano concreto, vivendo ainda na carne os dramas impostos pelos oligarcas do passado. Ver os herdeiros lançando um véu nas atrocidades dos antepassados não vai melhorar a situação.
Essa elite quer mascarar as desigualdades sociais com assistencialismo religioso, a precarização do trabalho pelo divertimento e a bregalização cultural pelo marketing por sua vez disfarçado de abordagem objetiva. Tudo para transformar o Brasil num parque de diversões sob o pretexto de entrar no banquete das nações desenvolvidas. Só que o povo pobre da vida real continuará recebendo migalhas, mesmo diante dessa festa (em tese) da inclusão social.
Comentários
Postar um comentário