O ENTÃO FUTURO NEGACIONISTA FACTUAL CONHECE, ATRAVÉS DE SEU AVÔ CONSERVADOR, AS OBRAS PUBLICADAS PELOS "INSTITUTOS" IPES-IBAD.
A burguesia ilustrada não se assume como tal. Tenta se passar por pessoas comuns, dentro do seu mimetismo social marcado sobretudo por um português errado, pelo qual se imita o vocabulário de suburbanos e caipiras, visando obter vantagens sociais.
A elite do bom atraso, depois de apoiar com gosto o golpismo político de 2016 - hoje subestimado pelas narrativas oficiais - , agora se passa por “esquerdista desde 1500”, com seu “socialismo de salão de festas”. Tenta adotar a conduta do “bom esquerdista”, caprichando nas agendas gerais e adotando posicionamentos de acordo com seu ideário, procurando fazer tudo direitinho, ou melhor, esquerdinho.
A ideia é se livrar das sombras dos antepassados. A “gente bem” de agora precisa se adequar aos novos tempos e evitar embarcar no naufrágio de seus pais, avós e tataravós. Daí o esforço para não mostrarem suas verdadeiras faces na Internet. Para todo efeito, essa “gente bonita” é “tudo de bom”, “vanguardista” e de “esquerda”.
Mas os fatos logo aparecem e ainda batem nos corações dos negacionistas factuais, os “isentões” da atualidade, quando se lembram dos avós. A lembrança do negacionista factual de seu saudoso avô, mostrando artigos do IPES-IBAD dos tempos de 1963-1964, dizendo ao seu neto: “Isso sim é escrever um artigo inteligente, meu garoto”.
Temos uma luta de narrativas nas quais a que prevalece, infelizmente, não é a mais realista, mas aquela que agrada setores privilegiados da sociedade brasileira e que, no âmbito político e cultural, está com a faca e o queijo nas mãos. Em maioria, são os mesmos setores que articularam o golpe político e jurídico de 2016, quebraram a vidraça e depois deram a pedra para Jair Bolsonaro.
De repente, os tataranetos da Casa Grande passaram a promover um "esquerdismo de resultados". Criam falsas senzalas para dançar, em festas chiques, o "funk", o piseiro, a sofrência, o arrocha e outros ritmos do "popular Nutella" da música brega-popularesca. Ritmos que só mesmo a burguesia vê como divertidos, pois o pobre da vida real não se sente representado pelo "popular demais" que trata as classes populares de forma caricatural.
O negacionismo factual é, agora, a nova arma da burguesia ilustrada, para evitar que as narrativas oficiais mudem de tom, mantendo um nível de compreensão da realidade que, embora supostamente "equilibrado" e "imparcial", remete à mesma lógica do AI-5, sem no entanto as ferramentas coercitivas, substituídas pela "cultura do cancelamento".
Por isso, a burguesia ilustrada mudou para continuar a mesma. Agora, ela é a base maior de apoio ao presidente Lula, que aceita fazer favores para essa elite do privilégio, sob o pretexto de "garantir a democracia".
Dessa forma, a "democracia" de 1964 não é muito diferente da "democracia" de 2022, no sentido de uma "democracia" para os que estão bem de vida, a ponto deles aceitarem a procrastinação das medidas trabalhistas para o final do terceiro mandato de Lula, e ainda assim com motivação eleitoreira. Uma "democracia" sempre decidida "do alto".
A única diferença está apenas na postura politicamente correta da mais recente. Mesmo assim, são as mesmas classes sociais que se beneficiam por esses dois quadros. A outra diferença é que aquelas forças sociais que protestaram nos primórdios da ditadura hoje estão domesticados ou foram abandonados.
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