Depois da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ter causado uma crise na extrema-direita ao ordenar o cancelamento de alianças políticas do PL, um de seus enteados, Flávio Bolsonaro, foi designado pelo pai Jair, hoje em prisão preventiva, para ser o pré-candidato à Presidência da República.
O anúncio foi comemorado por integrantes do governo Lula que acham que a candidatura de Flávio vai tirar as chances de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, de concorrer ao cargo de presidente do Brasil. Tarcísio é visto como uma espécie de “pupilo” do bolsonarismo.
O grande problema é que Flávio, embora não tenha o perfil abertamente agressivo de seu irmão Eduardo, é altamente perigoso por um aspecto bem simples: é o filho de Jair Bolsonaro que estabelece relações diretas com os chefes das milícias do Rio de Janeiro, o que poderá facilitar a ampliação dessas organizações criminosas em âmbito federal.
Flávio também é conhecido pelo seu envolvimento no esquema de machadinhas, que é o repasse, combinado em acordos, de salários de servidores para as contas de parlamentares, um tipo de corrupção que ocupou os noticiários durante um tempo.
Outro aspecto grave é a influência que Flávio pode ter no público jovem extremo-direitista. Embora mais velho do que Jair Renan - que dialoga melhor com a geração Z, mas não tem idade legal para concorrer ao Executivo federal - , Flávio pode significar um forte contraponto ao favoritismo de Lula, dentro do dualismo da polarização política.
Em todo caso, Flávio Bolsonaro pode ser um perigo, de uma maneira diferente dos outros irmãos ou mesmo do pai Jair, na conduta do Governo Federal. Por sorte, até o mercado soube disso, com a Bolsa de Valores de São Paulo em baixa, com ações em queda de 4% e dólar sibindo de R$ 5,31 para R$ 5,43.
Não se sabe até que ponto Flávio Bolsonaro pode ser influente no eleitorado conservador brasileiro. Aparentemente, Flávio não é tão carismático entre os bolsonaristas como Carlos, Jair Renan, a madrasta Michelle e mesmo o pai Jair. Pode ser que Flávio seja um nome menos expressivo, mas o risco é dele fortalecer pela representação simbólica do pai.
O que se sabe é que a escolha feita pelo pai é considerada pragmática, pela habilidade articuladora de Flávio no meio político, dentro do âmbito extremo-direitista nacional, já que, no exterior, era Eduardo que exerceu essa função, pelo menos até pouco tempo atrás. Flávio também foi escolhido pela capacidade de manter o espólio político da família. Outra expectativa dos bolsonaristas será o empenho de Flávio para promover a anistia dos revoltosos de Oito de Janeiro.
A polarização política segue com duas forças se achando vitoriosas. O triunfalismo dos lulistas até agora não intimidou os bolsonaristas, que seguem achando que também podem vencer. Enquanto isso, o povo pobre da vida real continua na sua situação dramática, no meio desse cabo-de-guerra político. Até quando isso continuará ocorrendo, não se sabe. A não ser que o eleitorado tenha coragem para banir o lulismo e o bolsonarismo nas urnas, no ano que vem.
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