Um grande erro de interpretação envolve um caso criminal em Manaus. Sabe-se que uma socialite, Marcelaine Schumann, foi acusada de ser a mentora de um atentado contra uma universitária, Denise da Silva, que teria ocorrido por motivos passionais. Marcelaine, que cumpria liberdade condicional mas foi presa, acertou o crime com outros cumplices e um pistoleiro, que estão presos.
A imprensa atribuiu ao caso a condição de Marcelaine ser "suspeita de ordenar a morte" ou "mandante da morte", dando a crer que o atentado consumou seu objetivo, que seria o de matar a universitária.
Todavia, o atentado, que aconteceu em 12 de novembro de 2014, num estacionamento no centro da capital amazonense. Denise saía de sua sessão de ginástica quando foi baleada. Ela, no entanto, sobreviveu à tentativa de homicídio e, já recuperada, prestou depoimentos sobre o crime que quase tirou sua vida.
O texto esclarece que o crime foi um atentado, e não um homicídio consumado. Mas parece que os jornalistas, ou seus chefes de redação, não sabem discernir "mandante da morte" com "mandante do atentado".
Marcelaine não pode ser considerada "mandante da morte" ou "suspeita de ordenar a morte" porque Denise acabou não sendo morta. A intenção pode ter havido, mas ela não deve prevalecer na mensagem do título.
O certo seria definir Marcelaine como "mandante do atentado", o que seria mais correto. Como a morte não aconteceu, o termo deveria desaparecer dos destaques do título, para que não confunda os leitores.
Faltou aos jornalistas envolvidos a expressão "atentado", que pode tanto ser uma tentativa de homicídio quanto o homicídio realizado. Seria muito mais simples. Atentado é uma palavra usada não somente em crimes políticos, mas também em crimes comuns.
Esquecer uma palavra tão simples como "atentado" é um verdadeiro atentado à informação e ao conhecimento da linguagem. Da forma como foi feita, a grande imprensa tentou "matar" Denise, quando se sabe que ela está viva e bem, depois de sobreviver ao atentado feito contra ela.
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