SE A REVISTA VEJA FOSSE SÉRIA...
A campanha pela redução da maioridade penal é orquestrada pela mídia corporativa, sem que ela tenha sua atitude autocrítica de estimular crianças e adolescentes a cometer crimes antes da maioridade.
Criam uma histeria para pedir a condenação criminal dos menores de idade, sem perceber que a própria mídia criou condições para a criançada ver nos atos violentos uma forma de rebeldia e, até mesmo, de sucesso, na valorização invertida da vilania desafiadora, vista como um meio ilícito de ascensão social.
Isso porque, embora a grande mídia condene a atividade criminosa, ela é vista, por uma parcela de pobres descrentes e descontentes com a lei e com as regras de convívio moral, como uma catarse e um ato de desafio, usando o pretexto das injustiças sofridas para cometerem seus delitos.
A raiva que eles possuem da classe média e do poder político se junta à pregação midiática da violência como uma rebeldia. Os programas de noticiário popularesco mostram o banditismo como um ato condenável, mas o cinema norte-americano veiculado nas mesmas redes de televisão mostra a violência como uma catarse, como um meio de ser bem-sucedido na vida.
Durante toda a década de 1990 as redes de televisão despejaram noticiários violentos e filmes de pancadarias e tiroteios nos horários vespertinos, abertamente expostos às crianças e adolescentes daqueles tempos.
Havia até mesmo o dado surreal de que os filmes inocentes de Charlie Chaplin, deliciosas comédias mudas que sempre alegravam a criançada, eram transmitidos de madrugada. Em compensação, outro "Charlie", o Charles Bronson, teve seus filmes violentos exibidos na Sessão da Tarde da Rede Globo de Televisão.
Programas como Aqui Agora, do SBT, chegaram a exibir cenas chocantes como a de um suicídio filmado ao vivo. Notícias sobre homicídios eram dadas à luz do dia, com crianças chegando da escola e tudo.
O descaso com a violência refletiu até na publicidade, em que um fabricante de TV exibiu um comercial em que um menino, na saída do cinema, gritava alegremente "A mocinha morre no final! E quem matou foi o marido!", numa clara apologia ao feminicídio. Eu mesmo tive que redigir cartas para jornais, na época, pedindo a retirada do comercial.
E aí a própria mídia reclama por que os menores de idade passaram a cometer crimes. Sem dar a eles condições educacionais melhores ou ensinar valores edificantes, o "sistema", no qual se insere o poder midiático, só oferecia aos jovens a catarse dos jogos eletrônicos, nos quais quem eliminasse o adversário ganhava pontos, e dos filmes de violência exibidos na TV e vendidos em vídeocassetes.
Agora pregam a redução da maioridade penal como se o "mundo adulto" não tivesse culpa na criminalidade praticada por adolescentes. E chegam mesmo à desinformação: no caso do estupro coletivo feito em meninas no Piauí, os adolescentes envolvidos agiram sob as ordens de um homem de 40 anos de idade.
Consta-se que a redução da maioridade penal não irá resolver o problema da violência. Além de ignorar as raízes sociais do crime, a medida irá atenuar outros crimes, como os da pedofilia, já que a exploração sexual de adolescentes será em parte permitida ou então receber condenações mais brandas.
A grande mídia é em boa parte culpada, juntamente com o descaso do poder público e as desigualdades sociais, pela criminalidade praticada por adolescentes. Se eles sabem o que é um crime, é esse "mndo adulto" que lhes ensinou, sem oferecer a crianças e adolescentes alternativas de valores sociais positivos e meios mais saudáveis de ascensão social.
BANDIDOS ADOLESCENTES FICARIAM FELIZES AO SEREM VISTOS COMO "ADULTOS"
Os programas "infantis" forçaram as crianças a se comportarem precocemente como adolescentes. Os filmes de violência pregavam o banditismo como meio de ascensão social. Os programas policialescos tratam o crime como uma aberração, mas contraditoriamente fornecem aos pobres essa prática como alternativa de ascensão social ou de suposta resolução de problemas pessoais.
Tudo isso feito à luz do dia, e alimentando os interesses comerciais das grandes redes de televisão. E agora, com a pregação da redução da maioridade penal, há a ilusão de que isso resolverá o problema da violência e da insegurança, quando na prática só irá lotar prisões e "legalizar" a violência dos adolescentes, que até se vangloriarão com isso.
Afinal, se a maioridade penal for reduzida, os delinquentes, assassinos e ladrões de 16 anos vão se orgulhar com isso, se tornando mais arrogantes e, portanto, mais perigosos, e a maioridade penal, para essas mentes insensíveis, será na prática uma autorização a mais para eles cometerem crimes com mais intensidade.
A redução da maioridade poderá fazê-los mais criminosos, porque será um ato que os criminosos de 16 e 17 anos entenderão como uma "provocação". Para eles, como para outros envolvidos no banditismo, pouco importa a vida na cadeia, a criminalização de seus atos só vai deixar tudo como está, apenas engrossando as fileiras do crime, por demais longas, superlotando presídios.
A sociedade poderá ser ainda mais ameaçada com a redução da maioridade penal, porque os bandidos de 16 e 17 anos se sentirão felizes com esse status "provocativo", como se a sociedade dissesse para eles: "Vocês são bandidos", e eles respondessem "E somos mesmo!". E daí virão também os criminosos de 13, 14 e 15 anos, com a mesma postura desafiadora à sociedade.
Sem enxergarmos questões de ordem sócio-econômica, educacional e cultural, não há como entender as razões que levam adolescentes a cometerem crimes. O "mundo adulto" é o verdadeiro responsável por isso e ele é que forneceu condições para tal situação. Deveríamos, sim, punir a grande mídia por ela ter feito tanta propaganda da violência visando o lucro fácil e imediato.
A campanha pela redução da maioridade penal é orquestrada pela mídia corporativa, sem que ela tenha sua atitude autocrítica de estimular crianças e adolescentes a cometer crimes antes da maioridade.
Criam uma histeria para pedir a condenação criminal dos menores de idade, sem perceber que a própria mídia criou condições para a criançada ver nos atos violentos uma forma de rebeldia e, até mesmo, de sucesso, na valorização invertida da vilania desafiadora, vista como um meio ilícito de ascensão social.
Isso porque, embora a grande mídia condene a atividade criminosa, ela é vista, por uma parcela de pobres descrentes e descontentes com a lei e com as regras de convívio moral, como uma catarse e um ato de desafio, usando o pretexto das injustiças sofridas para cometerem seus delitos.
A raiva que eles possuem da classe média e do poder político se junta à pregação midiática da violência como uma rebeldia. Os programas de noticiário popularesco mostram o banditismo como um ato condenável, mas o cinema norte-americano veiculado nas mesmas redes de televisão mostra a violência como uma catarse, como um meio de ser bem-sucedido na vida.
Durante toda a década de 1990 as redes de televisão despejaram noticiários violentos e filmes de pancadarias e tiroteios nos horários vespertinos, abertamente expostos às crianças e adolescentes daqueles tempos.
Havia até mesmo o dado surreal de que os filmes inocentes de Charlie Chaplin, deliciosas comédias mudas que sempre alegravam a criançada, eram transmitidos de madrugada. Em compensação, outro "Charlie", o Charles Bronson, teve seus filmes violentos exibidos na Sessão da Tarde da Rede Globo de Televisão.
Programas como Aqui Agora, do SBT, chegaram a exibir cenas chocantes como a de um suicídio filmado ao vivo. Notícias sobre homicídios eram dadas à luz do dia, com crianças chegando da escola e tudo.
O descaso com a violência refletiu até na publicidade, em que um fabricante de TV exibiu um comercial em que um menino, na saída do cinema, gritava alegremente "A mocinha morre no final! E quem matou foi o marido!", numa clara apologia ao feminicídio. Eu mesmo tive que redigir cartas para jornais, na época, pedindo a retirada do comercial.
E aí a própria mídia reclama por que os menores de idade passaram a cometer crimes. Sem dar a eles condições educacionais melhores ou ensinar valores edificantes, o "sistema", no qual se insere o poder midiático, só oferecia aos jovens a catarse dos jogos eletrônicos, nos quais quem eliminasse o adversário ganhava pontos, e dos filmes de violência exibidos na TV e vendidos em vídeocassetes.
Agora pregam a redução da maioridade penal como se o "mundo adulto" não tivesse culpa na criminalidade praticada por adolescentes. E chegam mesmo à desinformação: no caso do estupro coletivo feito em meninas no Piauí, os adolescentes envolvidos agiram sob as ordens de um homem de 40 anos de idade.
Consta-se que a redução da maioridade penal não irá resolver o problema da violência. Além de ignorar as raízes sociais do crime, a medida irá atenuar outros crimes, como os da pedofilia, já que a exploração sexual de adolescentes será em parte permitida ou então receber condenações mais brandas.
A grande mídia é em boa parte culpada, juntamente com o descaso do poder público e as desigualdades sociais, pela criminalidade praticada por adolescentes. Se eles sabem o que é um crime, é esse "mndo adulto" que lhes ensinou, sem oferecer a crianças e adolescentes alternativas de valores sociais positivos e meios mais saudáveis de ascensão social.
BANDIDOS ADOLESCENTES FICARIAM FELIZES AO SEREM VISTOS COMO "ADULTOS"
Os programas "infantis" forçaram as crianças a se comportarem precocemente como adolescentes. Os filmes de violência pregavam o banditismo como meio de ascensão social. Os programas policialescos tratam o crime como uma aberração, mas contraditoriamente fornecem aos pobres essa prática como alternativa de ascensão social ou de suposta resolução de problemas pessoais.
Tudo isso feito à luz do dia, e alimentando os interesses comerciais das grandes redes de televisão. E agora, com a pregação da redução da maioridade penal, há a ilusão de que isso resolverá o problema da violência e da insegurança, quando na prática só irá lotar prisões e "legalizar" a violência dos adolescentes, que até se vangloriarão com isso.
Afinal, se a maioridade penal for reduzida, os delinquentes, assassinos e ladrões de 16 anos vão se orgulhar com isso, se tornando mais arrogantes e, portanto, mais perigosos, e a maioridade penal, para essas mentes insensíveis, será na prática uma autorização a mais para eles cometerem crimes com mais intensidade.
A redução da maioridade poderá fazê-los mais criminosos, porque será um ato que os criminosos de 16 e 17 anos entenderão como uma "provocação". Para eles, como para outros envolvidos no banditismo, pouco importa a vida na cadeia, a criminalização de seus atos só vai deixar tudo como está, apenas engrossando as fileiras do crime, por demais longas, superlotando presídios.
A sociedade poderá ser ainda mais ameaçada com a redução da maioridade penal, porque os bandidos de 16 e 17 anos se sentirão felizes com esse status "provocativo", como se a sociedade dissesse para eles: "Vocês são bandidos", e eles respondessem "E somos mesmo!". E daí virão também os criminosos de 13, 14 e 15 anos, com a mesma postura desafiadora à sociedade.
Sem enxergarmos questões de ordem sócio-econômica, educacional e cultural, não há como entender as razões que levam adolescentes a cometerem crimes. O "mundo adulto" é o verdadeiro responsável por isso e ele é que forneceu condições para tal situação. Deveríamos, sim, punir a grande mídia por ela ter feito tanta propaganda da violência visando o lucro fácil e imediato.
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