MARCELA EM SEGUNDO PLANO.
Que existem "senhores de idade" com esposas mais jovens, vá lá.
Na minha geração, por exemplo, existem mulheres casadas com homens nascidos nos anos 1950 ou no fim dos anos 1940.
Já é chocante esse contraste com moças da geração MTV e seus maridos granfinos do tempo do televizinho.
Esse clima "Papai Sabe Tudo encontra a Garôta do Alceu Penna" (quem leu a revista O Cruzeiro sabe do que falo) já soa constrangedor.
Sim, "garôta" com "chapéu", o acento circunflexo. Se bem que as estórias eram muito modernas para seu tempo. Algo como, nos anos 60, Audrey Hepburn se encontrando com Brigitte Bardot.
Via-se nas colunas sociais os maridões se esquecendo que nasceram nos anos 1950 e falando do Copacabana Palace como se tivessem comparecido à sua festa de inauguração em 1923.
Mas o caso do presidente temeroso já é demais.
Se aqueles garotos que, nos anos 1970, amavam os Eagles e o Led Zeppelin e sonhavam o mundo sempre a cantar as coisas lindas da América pós-Woodstock chegavam aos 50 e 60 achando que sacam tudo de jazz, o caso de Michel Temer é aberrante.
Para se ter uma ideia, Michel Temer nasceu em 1940, poucas semanas antes de John Lennon.
Lennon havia sido um homem feminista, porque se sentia identificado com o universo intelectualizado de Yoko Ono.
O ex-beatle havia sido um ativista, às vezes levado à superestima piegas, em outras levado à incompreensão rancorosa. E pagou com a vida por isso.
E a distância de Temer com Marcela, sua esposa, é ainda maior.
Não é a distância paternal do sisudão granfino born in the 50s e de sua esposa da geração 1970-1975, leitora da Bizz e tiete da MTV, com jeitão de ser filha moderna do aristocrático marido.
É a distância de um interiorano paulista do patriarcado semi-urbano de 1940 (mas com um ranço de anos 1930, pois nosso Brasil é atrasado) e sua esposa nascida na geração Y, com idade para ser sua neta.
E isso reflete na rotina que é atípica de Marcela Temer, que não pode ter a vida movimentada de suas contemporâneas.
Marcela tem que se contentar em ser apenas um relativo contraponto da funqueira Renata Frisson, a Mulher Melão, nascida no mesmo ano de 1983.
Relativo contraponto, pois ambas são dois lados de uma mesma moeda machista. O machismo serviçal da primeira-dama e o machismo recreativo da funqueira. A "bela, recatada e do lar" e a "mulher-fruta".
Marcela é tratada pelo temeroso marido como uma esposa juvenil dos tempos do Império.
A mocinha de ares ingênuos que parece vinda de algum livro da literatura romântica, e seu idoso marido preocupado com assuntos políticos, por sinal dos mais mesquinhos.
E aí Temer veio com seu discurso pelo Dia Internacional da Mulher no qual exprimiu seu machismo politicamente correto.
"Exaltou" a importância da mulher nos cuidados com os filhos e na verificação dos preços nos supermercados.
Limitou-se a valorizar a mulher como mãe e dona-de-casa.
E dispensa a figura do pai na tutela dos filhos.
Temer, que inventou que o Brasil está com a economia "crescendo de forma excepcional", veio com outra lorota de que homens e mulheres, ainda que "com certas restrições", estão "igualmente empregados".
Claro, ele quer manter todos os trabalhadores num mesmo nível. O mais baixo.
Daí as terríveis reformas trabalhista e da previdência.
Temer chegou a fazer terrorismo econômico para forçar o apoio à reforma previdenciária.
Ameaçou cortar Bolsa Família, FIES e outros projetos sociais que manteve a contragosto se a reforma previdenciária não for aprovada.
Voltando ao evento, Marcela teve direito a dois minutos de discurso previsível.
Se limitou a dizer que a sociedade deve "reconhecer os vários papéis" das mulheres de hoje, da "escolha profissional" ao "modo de vida".
Deveria falar isso para seu marido, com uma visão muito retrógrada de vida conjugal.
Temer parece querer que a História do Brasil ande para trás.
Daqui a pouco, vamos revogar até o Sete de Setembro. Se já temos o Halloween, vamos pegar, dos EUA, o Quatro de Julho.
Até porque, do jeito que a plutocracia quer fazer com nosso país, não haverá o que comemorar em favor do Brasil.
Que existem "senhores de idade" com esposas mais jovens, vá lá.
Na minha geração, por exemplo, existem mulheres casadas com homens nascidos nos anos 1950 ou no fim dos anos 1940.
Já é chocante esse contraste com moças da geração MTV e seus maridos granfinos do tempo do televizinho.
Esse clima "Papai Sabe Tudo encontra a Garôta do Alceu Penna" (quem leu a revista O Cruzeiro sabe do que falo) já soa constrangedor.
Sim, "garôta" com "chapéu", o acento circunflexo. Se bem que as estórias eram muito modernas para seu tempo. Algo como, nos anos 60, Audrey Hepburn se encontrando com Brigitte Bardot.
Via-se nas colunas sociais os maridões se esquecendo que nasceram nos anos 1950 e falando do Copacabana Palace como se tivessem comparecido à sua festa de inauguração em 1923.
Mas o caso do presidente temeroso já é demais.
Se aqueles garotos que, nos anos 1970, amavam os Eagles e o Led Zeppelin e sonhavam o mundo sempre a cantar as coisas lindas da América pós-Woodstock chegavam aos 50 e 60 achando que sacam tudo de jazz, o caso de Michel Temer é aberrante.
Para se ter uma ideia, Michel Temer nasceu em 1940, poucas semanas antes de John Lennon.
Lennon havia sido um homem feminista, porque se sentia identificado com o universo intelectualizado de Yoko Ono.
O ex-beatle havia sido um ativista, às vezes levado à superestima piegas, em outras levado à incompreensão rancorosa. E pagou com a vida por isso.
E a distância de Temer com Marcela, sua esposa, é ainda maior.
Não é a distância paternal do sisudão granfino born in the 50s e de sua esposa da geração 1970-1975, leitora da Bizz e tiete da MTV, com jeitão de ser filha moderna do aristocrático marido.
É a distância de um interiorano paulista do patriarcado semi-urbano de 1940 (mas com um ranço de anos 1930, pois nosso Brasil é atrasado) e sua esposa nascida na geração Y, com idade para ser sua neta.
E isso reflete na rotina que é atípica de Marcela Temer, que não pode ter a vida movimentada de suas contemporâneas.
Marcela tem que se contentar em ser apenas um relativo contraponto da funqueira Renata Frisson, a Mulher Melão, nascida no mesmo ano de 1983.
Relativo contraponto, pois ambas são dois lados de uma mesma moeda machista. O machismo serviçal da primeira-dama e o machismo recreativo da funqueira. A "bela, recatada e do lar" e a "mulher-fruta".
Marcela é tratada pelo temeroso marido como uma esposa juvenil dos tempos do Império.
A mocinha de ares ingênuos que parece vinda de algum livro da literatura romântica, e seu idoso marido preocupado com assuntos políticos, por sinal dos mais mesquinhos.
E aí Temer veio com seu discurso pelo Dia Internacional da Mulher no qual exprimiu seu machismo politicamente correto.
"Exaltou" a importância da mulher nos cuidados com os filhos e na verificação dos preços nos supermercados.
Limitou-se a valorizar a mulher como mãe e dona-de-casa.
E dispensa a figura do pai na tutela dos filhos.
Temer, que inventou que o Brasil está com a economia "crescendo de forma excepcional", veio com outra lorota de que homens e mulheres, ainda que "com certas restrições", estão "igualmente empregados".
Claro, ele quer manter todos os trabalhadores num mesmo nível. O mais baixo.
Daí as terríveis reformas trabalhista e da previdência.
Temer chegou a fazer terrorismo econômico para forçar o apoio à reforma previdenciária.
Ameaçou cortar Bolsa Família, FIES e outros projetos sociais que manteve a contragosto se a reforma previdenciária não for aprovada.
Voltando ao evento, Marcela teve direito a dois minutos de discurso previsível.
Se limitou a dizer que a sociedade deve "reconhecer os vários papéis" das mulheres de hoje, da "escolha profissional" ao "modo de vida".
Deveria falar isso para seu marido, com uma visão muito retrógrada de vida conjugal.
Temer parece querer que a História do Brasil ande para trás.
Daqui a pouco, vamos revogar até o Sete de Setembro. Se já temos o Halloween, vamos pegar, dos EUA, o Quatro de Julho.
Até porque, do jeito que a plutocracia quer fazer com nosso país, não haverá o que comemorar em favor do Brasil.
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