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LIGA DO FUNK DIZ SER CONTRA A REDE GLOBO, MAS SE INTEGRA A ELA


Há muito chamo a atenção para o jogo duplo do "funk", seja a carioca APAFUNK e a paulista Liga do Funk.

Eles se infiltram nas esquerdas, fingindo postura solidária e, quando realizam seu intento, vão comemorar nos palcos da mídia hegemônica que dizem hostilizar.

Num espaço de sete meses, a Liga do Funk se envolveu em duas atitudes bastante contraditórias e, portanto, muitíssimo estranhas.

Aliás, menos de sete meses, conforme explicaremos a seguir.

Em 24 de março de 2016, houve uma grande manifestação contra a Rede Globo de Televisão, em São Paulo.

Foi uma grande passeata que partiu do Largo do Batata, na Zona Norte da capital paulista, até Vila Cordeiro, onde fica a sede da TV Globo local.

MANIFESTAÇÃO DA REDE GLOBO NA QUAL A LIGA DO FUNK FOI CONVIDADA A PARTICIPAR, EM MARÇO DE 2016.

Uma reportagem foi feita pelo sítio da CUT (Central Única dos Trabalhadores), no qual se reproduz o seguinte trecho:

"Sobre a escolha da TV Globo para a finalização do ato, os manifestantes disseram que se deve ao fato dessa organização ter um histórico de casos que atentam contra a democracia.

(...)

A manifestação contou com a participação de representantes da cultura, que levaram suas músicas com críticas ao atual momento político, como a Liga do Funk, o DJ Tutu Moraes e o rapper Msário".

Poucos meses depois, o pessoal da Liga do Funk, juntamente com a equipe do canal Kondzilla, que no YouTube divulga clipes de "funk" em geral, foi realizar uma gravação para o Fantástico, da mesma Rede Globo.

Foi em julho de 2016, mais ou menos no dia 20 ou poucos dias antes da divulgação no YouTube, no canal WilShow, creditada a 21 desse mês.

LISTA DE VÍDEOS COM PALAVRAS CHAVE "LIGA DO FUNK", "KONDZILLA" E "FANTÁSTICO".

No dia 09 de outubro, foi ao ar uma reportagem do canal Kondzilla e da Liga do Funk, no programa dominical da Rede Globo, que não foge à regra de difundir pautas reacionárias.

Note que o prazo foi um tanto longo para a exibição pela Globo.

Foram três meses depois da gravação, o que pode sugerir um estranho timing.

Em março de 2016, com Dilma Rousseff no governo, a Liga do Funk participou em um ato contra a Rede Globo, propagandista do impeachment que derrubou a presidenta.

Em julho de 2016, com Dilma fora do poder em caráter interino, a Liga do Funk foi convidada a gravar uma reportagem, junto ao Kondzilla, para ser exibida no Fantástico, da Rede Globo.

O programa foi ao ar quando Dilma já estava definitivamente fora do poder, pois o impeachment havia se consumado no final de agosto de 2016 e a reportagem foi exibida em outubro.

BRUNO RAMOS, DA LIGA DO FUNK, COM CAMISETA AZUL, EM PALESTRA GRAVADA EM REPORTAGEM PARA O PORTAL G1, DAS ORGANIZAÇÕES GLOBO.

Bruno Ramos, principal membro da Liga do Funk, tenta tirar o corpo fora. Em entrevista à revista Fórum, o dirigente funqueiro diz:

"O interesse é visível. A mídia tem interesse na visibilidade que o funk consegue promover, a gente percebe a mobilização, pois são 20 milhões de adeptos da cultura do funk e eles querem utilizar isso como manobra para atrair mais público para os programas televisivos".

Ele tenta fazer crer que o mercado e o poder midiático, que sempre foram aliados do "funk", estariam recorrendo a ele por "apropriação" por causa da "visibilidade" do gênero.

Bruno Ramos, por uma manobra estratégica, evita falar diretamente com a grande mídia, mas, de forma tendenciosa, é o primeiro a aparecer nos palanques progressistas, sobretudo os do PT.

Faz esse jogo de cena tentando negar o vínculo midiático, mas aceita de bom grado o espaço da mídia que diz odiar.

Aqui vemos duas estranhezas. Primeiro, a Liga do Funk participa de ato contra a Rede Globo, depois grava programa para essa mesma rede.

A Globo não convidaria a Liga do Funk para participar se essa atitude foi realmente hostil. Suspeita-se que a Liga do Funk foi ao protesto anti-Globo como "informante" da emissora.

Também a Liga do Funk, aceitando de bom grado a "apropriação" da Globo, depois de hostilizá-la, comete uma grande contradição aos olhos das esquerdas.

Afinal, não se trata de relação "apropriação", da parte da Globo, com "enfrentamento", por parte dos funqueiros.

O que se suspeita, e há um forte indício disso, é que a Liga do Funk, incluindo a pessoa de Bruno Ramos, estão a serviço dos interesses estratégicos das Organizações Globo.

Propagandista das campanhas anti-Dilma, o Fantástico recentemente atribuiu a atual crise econômica ao período 2010-2014 e seu agravamento, ao segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff.

A Liga do Funk manifestou sua "solidariedade" a Dilma Rousseff, participando de uma campanha contra a Rede Globo.

Mas, com o golpe político feito, a Liga do Funk resolveu comemorar sua visibilidade nos palcos da mesma rede televisiva que disse repudiar.

CARTAZ DE GRAVAÇÃO DE REPORTAGEM DA LIGA DO FUNK PARA O FANTÁSTICO DA REDE GLOBO, EM JULHO DE 2016. GRANDE INCOERÊNCIA PARA UMA ORGANIZAÇÃO QUE PARTICIPOU DE PROTESTO CONTRA A EMISSORA, MESES ANTES.

É um tiro no pé na coerência, que nunca foi o forte do "funk", que sempre repetiu de 2002 para cá o mesmo populismo pseudo-marxista do ex-sargento José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo.

Já li os discursos de Cabo Anselmo dados em 1963-1964, com aquele marxismo forçado, aquele panfletarismo emocionalmente exagerado "em prol dos excluídos", e eles são bem iguais aos que gente como MC Leonardo e Bruno Ramos fazem hoje em dia.

Cabo Anselmo, pelo menos, demorou para ser desmascarado ao ser provado que ele sempre colaborou com o governo dos EUA.

O "funk" já tem provas de que é ligado a organizações vinculadas à CIA, como a Fundação Ford e a Soros Open Society, e é colaborador dos interesses estratégicos da Rede Globo no que tange à domesticação das classes populares.

Só falta as esquerdas reconhecerem oficialmente isso.

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