Pular para o conteúdo principal

JORNAL DO BRASIL NÃO PENSA EM RESSUSCITAR RÁDIO CIDADE (E NEM DEVERIA)

AVISO AOS NAVEGANTES - O NOVO JORNAL DO BRASIL NÃO PENSA NA RESSURREIÇÃO DA RÁDIO CIDADE (AQUI, COM SEUS SEIS LOGOTIPOS DA FASE PSEUDO-ROQUEIRA).

A volta do Jornal do Brasil na sua versão impressa veio com uma série de perspectivas.

Segundo fatos concretos, o novo dono do periódico já adquiriu a Rádio Livre, que opera em AM e irá para o dial FM como uma nova emissora só de notícias e entrevistas.

Isso é tudo que se tem certeza de que vai ocorrer, com a nova emissora com inauguração prevista para 02 de abril.

Mas muitos radiófilos começam a apelar para o "rádio-peão" (ou "rádio-leão") e perguntam se o novo JB irá absorver a JB FM e os 102,9 mhz, que, segundo eles, poderia ser novamente a volta da Rádio Cidade.

São efeitos da fábrica de fofocas e pensamentos desejosos nas redes sociais, "paraíso" de fake news e de tanta boataria.

Não há rumores nesse sentido e, até o momento de digitação deste texto, nem de longe há uma possibilidade ou hipótese de tais reaquisições.

Hoje a JB FM e os 102,9 mhz estão sob responsabilidade do Sistema Rio de Janeiro de Rádio.

Esse sistema controla também a FM O Dia e devolveu os 90,3 mhz, antes da MPB FM, ao Grupo Bandeirantes, que deslocou a Band News FM, antes nos 94,9 mhz, para a outra frequência.

Atualmente, a JB FM está mais para "Jornal Estados Unidos" do que "Jornal do Brasil", ou o B do JB está mais para a Billboard.

A rádio teima em priorizar a música estrangeira e repete sempre os flash backs que estão cansando nos ouvidos e perdendo o contexto de suas épocas.

Já nem dá mais para pensar nos tempos áureos, afinal, que tempos áureos lembram a música antiga que, de tão tocada no mínimo 14 vezes por semana, mais parece um sucesso de hoje em dia?

Esse papo de "música de todos os tempos" não cola, porque a repetição dos mesmos flash backs estrangeiros já começa a irritar e nos obrigar a odiar artistas respeitáveis como Eurythmics, Daryl Hall & John Oates e Christopher Cross, por exemplo.

Ou mesmo um grupo de altos e baixos como Simply Red.

Com tanta canção de MPB esquecida para ser tocada, e com tanto novo artista de MPB sem espaço no rádio, as FMs brasileiras se preocupam mais em pagar a aposentadoria dos ídolos musicais estrangeiros, através dos direitos autorais.

O espaço raquítico da MPB no dial carioca é um gravíssimo problema após o fim da MPB FM que já se cobra a redução de execução de flash backs estrangeiros e o fim dessa conversa mole de "música de todos os tempos", pondo no lugar mais música brasileira na programação.

Quem quiser ouvir flash back estrangeiro 25 horas por dia e sonhar que está caçando borboletas no Central Park, em Nova York, que vá ouvir YouTube ou monte uma sequência de MP3.

Atualmente, os 102,9 mhz estão associados a uma emissora popularesca, a Rio FM, que entrou no ar há pouco tempo, depois que a "college radio" (?!?!) Mania FM, de propriedade da Universo, migrou para os 91,1 mhz.

Quanto ao rock, desde 1990 o Grande Rio não tem uma rádio de rock com a força e o alcance da antiga Fluminense FM.

O que se veio desde então foram meras tentativas, que deixavam a desejar, às vezes em qualidade de programação, em outras em alcance de sintonia.

Ultimamente, o maior problema é sintonizar a Cult FM nas saídas pela rua, ou na praia, pois o celular até baixa os aplicativos para ouvir rádios digitais, mas a bateria gasta tanto que se precisa ir constantemente a um bar próximo para recarregar pela tomada elétrica.

Mas o que incomoda é essa visão de radialismo rock imposta pelo empresariado e pelo mercado que não veem diferença entre um fã do AC/DC e uma fã do Justin Bieber.

Durante anos o que se viu foram meras "Jovem Pan com guitarras", que, de tão persistentes, acabaram acostumando mal nos ouvidos dos jovens.

Pela qualidade da programação, que só toca os hits e quase nunca escapa da repetição e previsibilidade do playlist, e pelo reacionarismo ideológico, o que a Rádio Cidade, no RJ, e a 89 FM, em SP, fizeram foi também lançar o perfil do "roqueiro de direita".

A Rádio Cidade, hoje, está na Internet, e a 89 FM, nos 89,1 mhz de sempre, mas mentalmente se reduziu a um capacho da Jovem Pan FM.

Não fosse a "filosofia 89 FM", certamente não teríamos um Nando Moura torcendo para Jair Bolsonaro, de preferência sem eleições, assumisse a Presidência da República de vez.

Hoje tanto a Cidade e a 89 estão associadas ao reacionarismo dos "rebeldes sem causa" nas mídias sociais. São marcas que, no entanto, estão eticamente desgastadas.

Já vi, na Internet, esses "rebeldes" defendendo o fim do Poder Legislativo e, depois, praticando cyberbullying no Orkut, antecipando a ação hoje conhecida pelos membros do Movimento Brasil Livre (aliás Movimento Me Livre do Brasil) e pelos bolsominions.

São "roqueiros" que hoje têm como ídolos gente como Luciano Huck (que fingem odiar), Sérgio Moro, Neymar, berram por seus times de futebol no fim de noite, ouvem "funk" às escondidas e acham o máximo bandas de rock fazerem cover de "sertanejo".

Querer que, mais uma vez, a "histórica" Rádio Cidade volte ao dial FM é um disparate.

Peço ao novo dono do JB, Omar Peres, que nem pense nesse retorno.

A história da Rádio Cidade terminou, essencialmente, em 1984, mas de maneira definitiva, em 1995.

Depois do Rock In Rio, os executivos que controlavam a Rádio Cidade passaram a ter um ciúme da Fluminense FM e, aos poucos, quererem se apropriar de seu legado.

Seria duplamente incoerente ressuscitar a Rádio Cidade, que na prática morreu há 23 ou 34 anos (conforme a interpretação), que retornaria novamente sob um pretenso vínculo ao rock.

Primeiro, porque a Rádio Cidade originalmente foi pop, não essa FM vestindo a camisa-de-força, ou melhor, a jaqueta-de-couro-de-força, do rock que nunca foi sua vocação natural.

Segundo, porque a Rádio Cidade tornou-se um celeiro de jovens reacionários, o que contraria muito com a postura progressista que o Jornal do Brasil, no retorno à versão impressa, assumiu nesta nova fase.

Nem que a Rádio Cidade se tornasse um arremedo certinho da antiga Fluminense FM, só para agradar os órfãos da antiga Flu FM que fizeram "política da boa vizinhança" com a Cidade entre 2014 e 2016.

Para haver, nos 102,9 mhz, uma rádio de rock, ela tem que surgir do zero. Com um novo nome, uma nova trajetória e com radialistas realmente envolvidos com rock.

Chega de aventureiros radiofônicos, locutores pop que embarcam na onda do momento visando obter vantagens pessoais e cujo envolvimento com o rock é medido pelo cartão de ponto do trabalho.

A cada vez mais o radialismo no Rio de Janeiro precisa tomar cuidado com velhos paradigmas, porque nem tudo que era consagrado e deu certo há 20 anos pode dar certo hoje.

Fico torcendo para a nova fase do Grupo Jornal do Brasil seja conduzida pela ética, pela sobriedade e pela despretensão.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BRASIL TÓXICO

O Brasil vive um momento tóxico, em que uma elite relativamente flexível, a elite do bom atraso - na verdade, a mesma elite do atraso ressignificada para o contexto "democrático" atual - , se acha dona de tudo, seja do mundo, da verdade, do povo pobre, do bom senso, do futuro, da espécie humana e até do dinheiro público para financiar seus trabalhos e liberar suas granas pessoais para a diversão. Controlando as narrativas que têm que ser aceitas como a "verdade indiscutível", pouco importando os fatos e a realidade, essa elite brasileira que se acha "a espécie humana por excelência", a "classe social mais legal do planeta", se diz "defensora da liberdade e do humanismo" mas age como se fosse radicalmente contra isso. Embora essa elite, hoje, se acha "tão democrática" que pretende reeleger Lula, de preferência, por dez vezes seguidas, pouco importando as restrições previstas pela Constituição Federal, sob o pretexto de que some

A GAFE MUNDIAL DE GUILHERME FIÚZA

Há praticamente dez anos morreu Bussunda, um dos mais talentosos humoristas do país. Mas seu biógrafo, Guilherme Fiúza, passou a atrair as gargalhadas que antes eram dadas ao falecido membro do Casseta & Planeta. Fiúza é membro-fundador do Instituto Millenium, junto com Pedro Bial, Rodrigo Constantino, Gustavo Franco e companhia. Gustavo Franco, com sua pinta de falso nerd (a turma do "cervejão-ão-ão" iria adorar), é uma espécie de "padrinho" de Guilherme Fiúza. O valente Fiúza foi namorado da socialite Narcisa Tamborindeguy, que foi mulher de um empresário do grupo Gerdau, Caco Gerdau Johannpeter. Não por acaso, o grupo Gerdau patrocina o Instituto Millenium. Guilherme Fiúza escreveu um texto na sua coluna da revista Época em que lançou uma tese debiloide. A de que o New York Times é um jornal patrocinado pelo PT. Nossa, que imaginação possuem os reaças da nossa mídia, que põem seus cérebros a serviço de seus umbigos! Imagine, um jornal bas

ADORAÇÃO AO FUTEBOL É UM FENÔMENO CUJO MENOS BENEFICIADO É O TORCEDOR

Sabe-se que soa divertido, em muitos ambientes de trabalho, conversar sobre futebol, interagir até com o patrão, combinando um encontro em algum restaurante de rua ou algum bar bastante badalado para assistir a um dito "clássico" do futebol brasileiro durante a tarde de domingo. Sabe-se que isso agrega socialmente, distrai a população e o futebol se torna um assunto para se falar para quem vive de falta de assunto. Mas vamos combinar que o futebol, apesar desse clima de alegria, é um dos símbolos de paixões tóxicas que contaminam o Brasil, e cujo fanatismo supera até mesmo o fanatismo que já existe e se torna violento em países como Argentina, Inglaterra, França e Itália. Mesmo o Uruguai, que não costuma ter essa fama, contou com a "contribuição" violenta dos torcedores do Peñarol, que no Rio de Janeiro causaram confusão, vandalismo e saques, assustando os moradores. A toxicidade do futebol é tamanha que o esporte é uma verdadeira usina de super-ricos, com dirigente

POR QUE A GERAÇÃO NASCIDA NOS ANOS 1950 NO BRASIL É CONSIDERADA "PERDIDA"?

CRIANÇA NASCIDA NOS ANOS 1950 SE INTROMETENDO NA CONVERSA DOS PAIS. Lendo as notícias acerca do casal Bianca Rinaldi e Eduardo Menga, este com 70 anos, ou seja, nascido em 1954, e observando também os setentões com quem telefono no meu trabalho de telemarketing , meu atual emprego, fico refletindo sobre quem nasceu nos anos 1950 no Brasil. Da parte dos bem de vida, o empresário Eduardo Menga havia sido, há 20 anos, um daqueles "coroas" que apareciam na revista Caras junto a esposas lindas e mais jovens, a exemplo de outros como Almir Ghiaroni, Malcolm Montgomery, Walter Mundell e Roberto Justus. Eles eram os antigos "mauricinhos" dos anos 1970 que simbolizavam a "nata" dos que nasceram nos anos 1950 e que, nos tempos do "milagre brasileiro", eram instruídos a apenas correr atrás do "bom dinheiro", como a própria ditadura militar recomendava aos jovens da época: usar os estudos superiores apenas como meio de buscar um status profissional

BRASIL TERRIVELMENTE DOENTE

EMÍLIO SURITA FAZENDO COMENTÁRIOS HOMOFÓBICOS E JOVENS GRITANDO E SE EMBRIAGANDO DE MADRUGADA, PERTURBANDO A VIZINHANÇA. A turma do boicote, que não suporta ver textos questionadores e, mesmo em relação a textos jornalísticos, espera que se conte, em vez de fatos verídicos, estórias da Cinderela - é sério, tem muita gente assim - , não aceita que nosso Brasil esteja em crise e ainda vem com esse papo de "primeiro a gente vira Primeiro Mundo, depois a gente conversa". Vemos que o nosso Brasil está muito doente. Depois da pandemia da Covid-19, temos agora a pandemia do egoísmo, com pessoas cheias de grana consumindo que em animais afoitos, e que, nos dois planos ideológicos, a direita reacionária e a esquerda festiva, há exemplos de pura sociopatia, péssimos exemplos que ofendem e constrangem quem pensa num país com um mínimo de dignidade humana possível. Dias atrás, o radialista e apresentador do programa Pânico da Jovem Pan, Emílio Surita, fez uma atrocidade, ao investir numa

"BALADA": UMA GÍRIA CAFONA QUE NÃO ACEITA SUA TRANSITORIEDADE

A gíria "balada" é, de longe, a pior de todas que foram criadas na língua portuguesa e que tem a aberrante condição de ter seu próprio esquema de marketing . É a gíria da Faria Lima, da Jovem Pan, de Luciano Huck, mas se impõe como a gíria do Terceiro Reich. É uma gíria arrogante, que não aceita o caráter transitório e grupal das gírias. Uma gíria voltada à dance music , a jovens riquinhos da Zona Sul paulistana e confinada nos anos 1990. Uma gíria cafona, portanto, que já deveria ter caído em desuso há mais de 20 anos e que é falada quase que cuspindo na cara de outrem. Para piorar, é uma gíria ligada ao consumo de drogas, pois "balada" se refere a um rodízio de ecstasy, a droga alucinógena da virada dos anos 1980 para os 1990. Ecstasy é uma pílula, ou seja, é a tal "bala" na linguagem coloquial da "gente bonita" de Pinheiros e Jardins que frequentava as festas noturnas da Zona Sul de São Paulo.  A gíria "balada", originalmente, era o

A LUTA CONTRA A ESCALA 6X1

Devemos admitir que uma parcela das esquerdas identitárias, pelo menos da parte da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), se preocupa com as pautas trabalhistas, num contexto em que grande parte das chamadas "esquerdas médias" (nome que eu defino como esquerdismo mainstream ) passam pano no legado da "Ponte para o Futuro" de Michel Temer, restringindo a oposição ao golpe de 2016 a um derivado, o circo do "fascismo-pastelão" de Jair Bolsonaro. Os protestos contra a escala 6x1, que determina uma jornada de trabalho de seis dias por semana e um de descanso, ocorreram em várias capitais brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre, e tiveram uma repercussão dividida, mesmo dentro das esquerdas e da direita moderada. Os protestos foram realizados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT). A escala 6x1, junto ao salário 100% comissionado de profissões como corretor de imóveis - que transformam a remuneração em algo tão

DERROTA DAS ESQUERDAS É O GRITO DOS EXCLUÍDOS ABANDONADOS POR LULA

POPULAÇÃO DE RUA MOSTRA O LADO OBSCURO DO BRASIL QUE NÃO APARECE NA FESTA IDENTITÁRIA DO LULISMO. A derrota das esquerdas nas recentes eleições para prefeitos em todo o Brasil está sendo abastada pelas esquerdas médias, que agora tentam investir nos mesmos apelos de sempre, os "relatórios" que mostram supostos "recordes históricos" do governo Lula e, também, supostas pesquisas de opinião alegando 60% de aprovação do atual presidente da República. Por sorte, a burguesia de chinelos que apoia Lula tenta convencer, através de sua canastrice ideológica expressa nas redes sociais, de que, só porque tem dinheiro e conseguem lacrar na Internet, está sempre com a razão, e tudo que não corresponder à sua atrofiada visão de mundo não tem sentido. A realidade não importa, os fatos não têm valor, e a visão realista do cotidiano nas ruas vale muito menos do que as narrativas distorcidas compartilhadas nas redes sociais. Por isso, não faz sentido Lula ter 60% de aprovação conform

SUPERESTIMADO, MICHAEL JACKSON É ALVO DE 'FAKE NEWS' NO BRASIL

  O falecido cantor Michael Jackson é um ídolo superestimado no Brasil, quando sabemos que, no seu país de origem, o chamado "Rei do Pop" passou as últimas duas décadas de vida como subcelebridade, só sendo considerado "gênio" pelo viralatismo cultural vigente no nosso país. A supervalorização de Michael no Brasil - comparado, no plano humorístico, ao que se vê no seriado mexicano  Chaves  - chega aos níveis constrangedores de exaltar um repertório que, na verdade, é cheio de altos e baixos e nem de longe representou algo revolucionário ou transformador na música contemporânea. Na verdade, Michael foi um complexado que, por seus traumas familiares, teve vergonha de ser negro, injetando remédios que fragilizaram sua pele e seu organismo, daí ter abreviado sua vida em 2009. E forçou muito a barra em querer ser roqueiro, com resultados igualmente supervalorizados, mas que, observando com muita atenção, soam bastante medíocres, burocráticos e sem conhecimento de causa.

SOCIEDADE COMEÇA A SE PREOCUPAR COM A "SERVIDÃO DIGITAL" DOS ALUNOS

No último fim de semana, a professora e filósofa Marilena Chauí comparou o telefone celular a um objeto de servidão, fazendo um contundente comentário a respeito do vício das pessoas verem as redes sociais. Ela comparou a hiperconectividade a um mecanismo de controle, dentro de um processo perigoso de formação da subjetividade na era digital, marcada pela necessidade de "ser visto" pelos outros internautas, o que constantemente leva a frustrações que geram narcisismos, depressão e suicídios. A dependência do reconhecimento externo faz com que as redes sociais encontrem no Brasil um ambiente propício dessa servidão digital, que já ocorria desde os tempos do Orkut, em 2005, onde havia até mesmo os "tribunais de Internet", processos de humilhação de quem discorda do que "está na moda". Noto essa obsessão das pessoas em brincarem de serem famosas. Há uma paranoia de publicar coisas no Instagram. Eu tenho um perfil "clandestino" no Instagram, no qual