Enquanto o ex-presidente Lula, com grande apoio popular, enfrenta com coragem e prudência seus opositores, que já ensaiaram um atentado, o presidente Michel Temer coleciona gafes muito vergonhosas para um senhor de 77, 78 anos.
Ele define seu governo como "o melhor da História do Brasil" e ainda arrisca querer ser candidato à Presidência da República, como se ele pudesse sair vitorioso nessa empreitada.
A revista Isto É, veículo da "mídia boazinha" que tomou grandes surtos reacionários, havia lançado, no último fim de semana (mas com crédito para quarta-feira passada, 28 de março), uma edição com o temeroso governante na capa.
Temer havia sido entrevistado para o jornal - deve ser a busca da Editora Três por verbas do governo - e disse que "seria uma covardia" não ser candidato a presidente da República.
Ele ainda não se tornou oficialmente sequer um pré-candidato, porque o jogo eleitoral ainda está com algumas peças se arrumando.
Por exemplo, a candidatura de Luciano Huck, embora oficialmente cancelada, pode estar, na verdade, em aberto.
E Lula, mesmo com um bem-sucedido comício em Curitiba, reduto de seus opositores, pode ainda ser preso.
Tudo está imprevisível, ainda, embora a direita mais austeramente conservadora já fechou com Jair Bolsonaro e o CEO de Engenho Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo.
Flávio Rocha, aliás, virou o candidato do Movimento Brasil Livre (aka Movimento Me Livre do Brasil), com suas plataformas retrógradas que mais parecem um capitalismo pré-1789.
O próprio ministro da Fazenda de Temer, o banqueiro Henrique Meirelles, renunciou ao cargo, também sonhando com um cargo presidencial.
Quanto a Temer, hoje uma notícia abalou as estruturas de seu governo.
Quatro de seus aliados foram presos, através da etapa da Operação Lava Jato chamada de Operação Skala, que investiga supostos esquemas de corrupção nos portos brasileiros.
Sabe-se que o porto de Santos é um reduto político de Michel Temer, que atua em negócios considerados espúrios no local.
Os quatro presos são: José Yunes, braço-direito do presidente, o coronel aposentado da PM, João Baptista Lima Filho, o ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, também pai do deputado Baleia Rossi e Celso Greco, dono do Grupo Rodrimar, ligado à logística e comércio exterior.
Yunes é ligado a Eliseu Padilha, um dos ministros e homens de confiança de Michel Temer. Padilha, ao lado do ex-governador fluminense Wellington Moreira Franco, goza de foro privilegiado que lhe dá regalias no caso de alguma investigação criminal e podem sair impunes.
Eles se juntam a três condenados ligados a Temer: o ex-deputado Eduardo Cunha, que articulou o impeachment de Dilma Rousseff e os ex-ministros Geddel Vieira Lima e Henrique José Alves.
Por que será que todos esses foram presos? A Operação Lava Jato não é imparcial, apenas, por questão de coincidência, parece agradar, mesmo as esquerdas, por parte de seu cardápio de investigados ou condenados.
No caso dos ônibus cariocas, a investigação de Jacob Barata Filho demonstrou o circo da corrupção que a pintura padronizada adotada em 2010 serviu de lona para esse triste "espetáculo".
O fim da pintura padronizada nos ônibus cariocas ainda não ocorreu porque fatores como inquéritos de corrupção e a briga jurídica das tarifas (que inclu a crise financeira de várias empresas) complicam o fim dos "ônibus fardados" prometido pelo vice-prefeito Fernando MacDowell.
Ele ainda deixou a Secretaria Municipal de Transportes, para não acumular os cargos, pondo um outro titular que, aparentemente, parece menos empenhado em cancelar o "fardamento".
Voltando à Lava Jato, talvez a turma de Temer já não sirva mais para atender ao cenário político da retomada conservadora de 2016.
Além do mais, há a necessidade de dar um verniz de imparcialidade, nos preparativos para a prisão de Lula.
Há até uma notícia de que o PGR irá "investigar" o senador mineiro Aécio Neves, do PSDB.
Esse teatro da "imparcialidade" apenas é um pano de fundo para dar a impressão de que "a lei é para todos" e não para Lula.
A propósito, Jair Bolsonaro tenta acusar os petistas de promoverem o atentado contra a caravana do PT. Tinha que ser o patrono das fake news soltar esse absurdo.
Sabe-se que o atentado foi, na verdade, uma ação de opositores a Lula. Investiga-se para saber apenas quem são especificamente esses opositores.
Enfim, se o comício de Lula terminou bem em Curitiba, isso não significa que o Brasil está num caminho seguro.
Pelo contrário, o clima ainda é de apreensão. A situação está imprevisível e o país, vulnerável.
A situação está tão complicada que nem Temer tem garantia de que encerrará o mandato.
Enfim, a hora é de cautela e não de otimismos vãos, seja à direita ou à esquerda.
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