FANTÁSTICO, DA REDE GLOBO, APRESENTANDO REPORTAGEM SOBRE ASSASSINATO DA VEREADORA MARIELLE FRANCO.
Vivemos um contexto bastante confuso e, agora, fragilizado com a tragédia brutal da vereadora Marielle Franco.
As esquerdas se desentendendo e vendo pretensos Cabos Anselmos em figuras autenticamente de esquerda, só por pequeninas divergências aqui e ali.
Enquanto isso, vemos o caso da Liga do Funk que, em 2016, "protestou" contra a Rede Globo e, meses depois, foi gravar, feliz da vida, uma reportagem para a mesma emissora.
O Brasil está perdido e até parece que o atentado que atingiu Marielle foi, na verdade, um tiroteio que atingiu as diversas estruturas da sociedade brasileira, tanto progressistas quanto reacionárias.
É certo que, no contexto atual, os reacionários ainda estão em vantagem, bastante significativa, por sinal.
Mas, mesmo assim, sua situação não é menos vulnerável.
Seja o presidente Michel Temer ou o pistoleiro que atirou em Marielle Franco.
Temer, já impopular por governar sempre de costas para o povo, está politicamente agonizando, e o pistoleiro é alguém que precisa ser preso o mais rápido possível, para não ser morto em um incidente qualquer, ainda que seja uma briguinha de botequim.
Circunstâncias assim já deixaram mortos entre os executores das chacinas da Candelária e Vigário Geral, há 25 anos.
O Brasil inaugurou o trágico ano de 2018 com a morte de Marielle, embora diversos incidentes já tenham prenunciado o colapso do nosso país.
E, ultimamente, fatos dessa tragicomédia brasileira - sim, há fatos pitorescos e ridículos, que dão um tom de comédia buñueliana à tragédia kafkiana do nosso Brasil surreal - ocorrem.
Como uma funqueira que só está preocupada em "falar de solteirice" desmentindo namoros aqui e ali e promovendo uma imagem festiva-consumista-erotizada da mulher solteira, mais ofendendo do que honrando as solteiras de nosso país.
E isso quando funqueiros passam a conhecer apresentadores de auditório da mídia hegemônica, derrubando a imagem "guevarizada" que se plantou do gênero.
Jojo Toddynho, dias atrás, visitando Sílvio Santos, dias atrás, até enviando um "funk" em homenagem ao "homem-sorriso" que mais defendeu as "reformas" do governo Michel Temer.
Anteontem, o emergente MC Kekel se comoveu ao conhecer um Fausto Silva que mais disparou comentários raivosos contra Dilma Rousseff.
E as esquerdas acreditando que o "funk" iria trazer o socialismo para o Brasil, nas mãos de um Rômulo Costa com esposa no PSD, amigos no PMDB carioca e possível amizade com Luciano Huck, com indícios tão fortes quando os de Aécio Neves.
Ou o caso do CEO de Engenho, o defensor da dita reforma trabalhista, Flávio Rocha, dono da rede superfashion Riachuelo, que agora se anuncia presidenciável, com o apoio dos manifestoches do Movimento Brasil Livre, isto é, Movimento Me Livre do Brasil.
O ex-presidente Lula, que está ameaçado de ser preso ainda este mês, inicia caravana justamente no Rio Grande do Sul, sede do TRF-4, que confirmou e reforçou a condenação dada por Sérgio Moro por causa do triplex do Guarujá.
Em Bagé, manifestantes do MBL e outros grupos anti-PT fizeram ato paralelo próximo ao comício de Lula, e os reaças exibiram até o pixuleco (boneco que parodia Lula, vestido de presidiário) dentro de uma jaula, sob o lema "Bagé, Não! Lula Ladrão!".
No contexto em que vivemos, Elio Gaspari, Jânio de Freitas e, modéstia à parte, o autor desta postagem, comparamos o caso Marielle Franco com a do estudante Edson Luís de Lima Souto (ocorrida em 26 de março de 1968).
Embora com diferenças de contexto - Edson Luís nunca foi um militante estudantil e estava almoçando quando foi baleado - , as duas tragédias, a de 1968 e a de 2018, causaram comoção nacional e ameaçaram abalar as estruturas do poder vigente.
No caso de 1968, a pressão que se deu após a morte de Edson Luís, e cujo ápice foi o confronto da Rua Maria Antônia, em São Paulo, meses depois (02 de outubro), fez a ditadura pensar em ser ainda mais dura.
Para quem não sabe, a "Batalha da Rua Maria Antônia" envolveu estudantes fascistas da Universidade Mackenzie, ligados ao Comando de Caça aos Comunistas (quase um MBL da época), e os da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), progressistas.
No confronto, um membro da Mackenzie teria dado um tiro de revólver. No caminho passava um secundarista que nada tinha a ver com o caso, José Guimarães, que foi atingido pelo tiro e morreu.
Eu comparei a manifestação durante o velório de Marielle e seu motorista Anderson Gomes na Câmara Municipal do Rio de Janeiro à Passeata dos Cem Mil de 1968. O velório de Edson Luís foi na Candelária, que em breve lembrará o massacre de 1993, acima citado.
No caso da Rua Maria Antônia, os militares já começavam a ficar irritados com o que definiam ser o "radicalismo dos opositores da ditadura militar".
Mas a gota d'água foi dada por um não-esquerdista, o parlamentar e jornalista do Correio da Manhã, Márcio Moreira Alves, falecido há dez anos.
No Sete de Setembro de 1968, Marcito, como era conhecido pelos amigos, deu um discurso pedindo para as famílias boicotarem os desfiles militares e não permitirem que suas filhas se casassem com aspirantes a cargos nas Forças Armadas.
A recusa, em novembro, da Câmara dos Deputados (Márcio era deputado federal pela Guanabara) em cassar o mandato do jornalista fez com que os militares se reunissem em dezembro.
Na reunião, que contou com a presença do ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, hoje denunciado pela Operação Lava Jato, decidiu-se pela implantação do quinto Ato Institucional (AI-5), que aumentou o poder repressivo da ditadura.
O que hoje se compara ao AI-5 pode ser a combinação da "ditadura dos algoritmos" e o cancelamento das eleições presidenciais (e para outros cargos) este ano.
No caso da "ditadura dos algoritmos", define-se essa armação como a manipulação eletrônica de dados em prol da seletividade social.
Algoritmos são programas ou códigos eletrônicos que podem manipular a repercussão de um dado, podendo projetá-lo para uma projeção de amplo alcance ou o contrário.
Dessa forma, as vozes mais críticas na Internet tendem a repercutir menos do que outras alinhadas com o conservadorismo político ou mesmo com a despolitização.
Consta-se que os algoritmos transformaram em "estrelas" uma segunda ou terceira geração de youtubers que não tinham muito o que dizer, mas viraram milionários e até astros de cinema.
Voltando ao caso de Marielle Franco, o Fantástico fez uma série de reportagens sobre o crime, chegando a entrevistar familiares da vereadora e políticos do PSOL.
Aparentemente solidária, a cobertura teve o gosto tendencioso da Rede Globo embarcar na tragédia para defender causas que a vereadora não aprovaria.
A intervenção militar, por exemplo. Marielle foi uma das críticas mais enérgicas.
No entanto, a Globo e o governo Temer querem usar a morte dela para consolidar essa medida.
A situação se complica em nosso país e o clima de ceticismo envolve até mesmo o Partido dos Trabalhadores, que não tem certeza de que Lula possa se livrar da prisão ou, ao menos, do impedimento de se candidatar à Presidência da República.
O Brasil está inseguro e frágil.
Vivemos um contexto bastante confuso e, agora, fragilizado com a tragédia brutal da vereadora Marielle Franco.
As esquerdas se desentendendo e vendo pretensos Cabos Anselmos em figuras autenticamente de esquerda, só por pequeninas divergências aqui e ali.
Enquanto isso, vemos o caso da Liga do Funk que, em 2016, "protestou" contra a Rede Globo e, meses depois, foi gravar, feliz da vida, uma reportagem para a mesma emissora.
O Brasil está perdido e até parece que o atentado que atingiu Marielle foi, na verdade, um tiroteio que atingiu as diversas estruturas da sociedade brasileira, tanto progressistas quanto reacionárias.
É certo que, no contexto atual, os reacionários ainda estão em vantagem, bastante significativa, por sinal.
Mas, mesmo assim, sua situação não é menos vulnerável.
Seja o presidente Michel Temer ou o pistoleiro que atirou em Marielle Franco.
Temer, já impopular por governar sempre de costas para o povo, está politicamente agonizando, e o pistoleiro é alguém que precisa ser preso o mais rápido possível, para não ser morto em um incidente qualquer, ainda que seja uma briguinha de botequim.
Circunstâncias assim já deixaram mortos entre os executores das chacinas da Candelária e Vigário Geral, há 25 anos.
O Brasil inaugurou o trágico ano de 2018 com a morte de Marielle, embora diversos incidentes já tenham prenunciado o colapso do nosso país.
E, ultimamente, fatos dessa tragicomédia brasileira - sim, há fatos pitorescos e ridículos, que dão um tom de comédia buñueliana à tragédia kafkiana do nosso Brasil surreal - ocorrem.
Como uma funqueira que só está preocupada em "falar de solteirice" desmentindo namoros aqui e ali e promovendo uma imagem festiva-consumista-erotizada da mulher solteira, mais ofendendo do que honrando as solteiras de nosso país.
E isso quando funqueiros passam a conhecer apresentadores de auditório da mídia hegemônica, derrubando a imagem "guevarizada" que se plantou do gênero.
Jojo Toddynho, dias atrás, visitando Sílvio Santos, dias atrás, até enviando um "funk" em homenagem ao "homem-sorriso" que mais defendeu as "reformas" do governo Michel Temer.
Anteontem, o emergente MC Kekel se comoveu ao conhecer um Fausto Silva que mais disparou comentários raivosos contra Dilma Rousseff.
E as esquerdas acreditando que o "funk" iria trazer o socialismo para o Brasil, nas mãos de um Rômulo Costa com esposa no PSD, amigos no PMDB carioca e possível amizade com Luciano Huck, com indícios tão fortes quando os de Aécio Neves.
Ou o caso do CEO de Engenho, o defensor da dita reforma trabalhista, Flávio Rocha, dono da rede superfashion Riachuelo, que agora se anuncia presidenciável, com o apoio dos manifestoches do Movimento Brasil Livre, isto é, Movimento Me Livre do Brasil.
O ex-presidente Lula, que está ameaçado de ser preso ainda este mês, inicia caravana justamente no Rio Grande do Sul, sede do TRF-4, que confirmou e reforçou a condenação dada por Sérgio Moro por causa do triplex do Guarujá.
Em Bagé, manifestantes do MBL e outros grupos anti-PT fizeram ato paralelo próximo ao comício de Lula, e os reaças exibiram até o pixuleco (boneco que parodia Lula, vestido de presidiário) dentro de uma jaula, sob o lema "Bagé, Não! Lula Ladrão!".
No contexto em que vivemos, Elio Gaspari, Jânio de Freitas e, modéstia à parte, o autor desta postagem, comparamos o caso Marielle Franco com a do estudante Edson Luís de Lima Souto (ocorrida em 26 de março de 1968).
Embora com diferenças de contexto - Edson Luís nunca foi um militante estudantil e estava almoçando quando foi baleado - , as duas tragédias, a de 1968 e a de 2018, causaram comoção nacional e ameaçaram abalar as estruturas do poder vigente.
No caso de 1968, a pressão que se deu após a morte de Edson Luís, e cujo ápice foi o confronto da Rua Maria Antônia, em São Paulo, meses depois (02 de outubro), fez a ditadura pensar em ser ainda mais dura.
Para quem não sabe, a "Batalha da Rua Maria Antônia" envolveu estudantes fascistas da Universidade Mackenzie, ligados ao Comando de Caça aos Comunistas (quase um MBL da época), e os da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), progressistas.
No confronto, um membro da Mackenzie teria dado um tiro de revólver. No caminho passava um secundarista que nada tinha a ver com o caso, José Guimarães, que foi atingido pelo tiro e morreu.
Eu comparei a manifestação durante o velório de Marielle e seu motorista Anderson Gomes na Câmara Municipal do Rio de Janeiro à Passeata dos Cem Mil de 1968. O velório de Edson Luís foi na Candelária, que em breve lembrará o massacre de 1993, acima citado.
No caso da Rua Maria Antônia, os militares já começavam a ficar irritados com o que definiam ser o "radicalismo dos opositores da ditadura militar".
Mas a gota d'água foi dada por um não-esquerdista, o parlamentar e jornalista do Correio da Manhã, Márcio Moreira Alves, falecido há dez anos.
No Sete de Setembro de 1968, Marcito, como era conhecido pelos amigos, deu um discurso pedindo para as famílias boicotarem os desfiles militares e não permitirem que suas filhas se casassem com aspirantes a cargos nas Forças Armadas.
A recusa, em novembro, da Câmara dos Deputados (Márcio era deputado federal pela Guanabara) em cassar o mandato do jornalista fez com que os militares se reunissem em dezembro.
Na reunião, que contou com a presença do ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, hoje denunciado pela Operação Lava Jato, decidiu-se pela implantação do quinto Ato Institucional (AI-5), que aumentou o poder repressivo da ditadura.
O que hoje se compara ao AI-5 pode ser a combinação da "ditadura dos algoritmos" e o cancelamento das eleições presidenciais (e para outros cargos) este ano.
No caso da "ditadura dos algoritmos", define-se essa armação como a manipulação eletrônica de dados em prol da seletividade social.
Algoritmos são programas ou códigos eletrônicos que podem manipular a repercussão de um dado, podendo projetá-lo para uma projeção de amplo alcance ou o contrário.
Dessa forma, as vozes mais críticas na Internet tendem a repercutir menos do que outras alinhadas com o conservadorismo político ou mesmo com a despolitização.
Consta-se que os algoritmos transformaram em "estrelas" uma segunda ou terceira geração de youtubers que não tinham muito o que dizer, mas viraram milionários e até astros de cinema.
Voltando ao caso de Marielle Franco, o Fantástico fez uma série de reportagens sobre o crime, chegando a entrevistar familiares da vereadora e políticos do PSOL.
Aparentemente solidária, a cobertura teve o gosto tendencioso da Rede Globo embarcar na tragédia para defender causas que a vereadora não aprovaria.
A intervenção militar, por exemplo. Marielle foi uma das críticas mais enérgicas.
No entanto, a Globo e o governo Temer querem usar a morte dela para consolidar essa medida.
A situação se complica em nosso país e o clima de ceticismo envolve até mesmo o Partido dos Trabalhadores, que não tem certeza de que Lula possa se livrar da prisão ou, ao menos, do impedimento de se candidatar à Presidência da República.
O Brasil está inseguro e frágil.
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