Recentes quedas de árvores, em Niterói e no Rio de Janeiro, mostram a realidade que é ignorada por cariocas e niteroienses "felizes demais".
Avisa-se sobre esses riscos e quase ninguém liga. Poucas pessoas leem, porque os avisos não são trazidos por gente com alta visibilidade.
Se fosse um José Luiz Datena, lá longe, de São Paulo, alertando sobre isso, talvez chame alguma atenção.
Se pintar na primeira página de O Dia, melhor ainda. Muitos cariocas só se informam sobre o que passa no RJ pelas páginas de O Dia.
Afinal, fora delas, o bitolamento é geral: noitadas, praia, eventos religiosos, cerveja e, principalmente, o desempenho dos quatro maiores times do futebol carioca.
Niterói, que se alimenta das migalhas ideológicas da cidade vizinha, feliz que está com sua posição inferiorizada de ex-capital de Estado rebaixada a um "quintal da cidade do Rio de Janeiro", faz a mesma coisa.
No nível ambiental, vemos desastres acontecendo, com quedas de árvores e tempestades assustadoras.
É o preço da "felicidade carioca" que ignora problemas e retrocessos vividos no Grande Rio, e em certos casos até se revolta quando alguém vai contra o chamado "senso comum carioca".
Daí que até mesmo rádios de rock ruins e pintura padronizada em ônibus geram atos tão desnecessários quanto nocivos e suicidas de valentonismo digital (cyberbullying), esse patrulhamento reaça de uns desocupados que só querem ofender os outros.
São atos suicidas, porque já se fala muito que os valentões da Internet têm seus IPs rastreados por investigadores policiais, que só faltam saber os pijamas que os agressores vestem para dormir, porque, a essas alturas, os tiras sabem onde moram os valentões digitais.
O Rio de Janeiro luta para manter aquela zona de conforto montada em 1990 com resíduos do antigo glamour carioca combinados com os retrocessos ora popularescos, ora elitistas, contraídos nos últimos 25 anos.
Sem significar a sombra do imponente Rio de Janeiro dos tempos bossanovistas ou do antigo glamour de Niterói, que era o Eldorado dos fluminenses do interior, luta-se para manter a alta reputação do Grande Rio pós-fusão.
Há gente fumando demais e gente demais fumando, sem saber que poderão morrer amanhã, iludidos com a aparência que parece não envelhecer jamais, embora sofra um rápido e prematuro envelhecimento por dentro.
E gente achando que alcançou o futuro abrindo contas no WhatsApp, reduto do mais deprimente obscurantismo digital.
Essa sensação de pretenso glamour, um glamour ao mesmo tempo pragmático, masoquista (no trato com os retrocessos sociais) e acomodado, faz o Rio de Janeiro pagar o preço caro de tão confortáveis atitudes defendidas a ferro e a fogo.
Uma delas é a queda de árvores, tão fragilizadas pelo descaso e pela proligeração de ervas de passarinhos.
A erva de passarinho lembra, numa vista rápida, uma samambaia ou coisa parecida, mas é um parasita que destrói as árvores aos poucos.
O descaso ambiental, sem o cuidado de manutenção das árvores, aliado a outros fatores - como os arrogantes fumantes e os caminhões de lixo que espalham fedor tóxico pelas ruas - , contribui para o declínio ambiental do Grande Rio e o enfraquecimento das árvores.
Só em Niterói, houve duas quedas de árvores, pelo menos: uma na Rua Otávio Carneiro, em Icaraí, no dia 27 de fevereiro último, e outra hoje, na Rodovia RJ-104, altura de Caramujo.
A queda da árvore causou um grande congestionamento.
Mas o pessoal do Grande Rio diz que atura os piores transtornos numa boa, embora se enfurecesse com críticas e opiniões divergentes sobre certos dogmas locais.
Até uma árvore cadente destruir o carro de alguém, as pessoas não se mexem.
Até isso ocorrer, elas ficam felizes vendo aquela "linda ervinha" que "cai" pelos galhos das árvores, achando tudo isso "maravilhoso".
E aí, as árvores, enfraquecidas, não podem fazer fotossíntese.
Quem acaba fazendo essa tarefa de "limpar a atmosfera" são as trovoadas que estragam o verão dos cariocas em particular e os fluminenses, em geral.
São trovoadas que, no verão, ocorrem em até três dias seguidos, com duas horas que já trazem incômodo, porque pega muita gente na rua, a céu aberto.
Já teve gente que morreu em trilha na floresta, atingida por um raio.
Em Salvador, as trovoadas são mais raras: geralmente um dia de muitos raios uma ou duas vezes ao ano, e outros três ou quatro a mais com uma sequência mais amena de raios.
No Rio de Janeiro, as trovoadas ocorrem cerca de duas vezes por semana, com maior intensidade no verão, mas também com eventuais ocorrências nas outras estações.
Não há uma política de recuperação ambiental, de replantio, de desfavelização, de manutenção das árvores nem de desestímulo ao fumo, que libera poluentes tóxicos altamente nocivos.
Fico lamentando as pessoas, felizes nos momentos de folga, fumarem seus cigarros achando que nada vai acontecer.
Terão uma dificuldade imensa para sobreviver à quimioterapia, e verão um Grande Rio ainda mais poluído.
No Grande Rio, as ruas estão sujas, cheias de fuligem e outros poluentes, o mau cheiro impera, os caminhões de lixo não são revestidos de algum mecanismo anti-poluente.
O Rio de Janeiro paga pelo seu próprio provincianismo, pediu o "Fora Dilma" e ganhou intervenção militar, como quem plantou vento e depois colhe tempestade.
Há muita gente aflita diante de uma realidade da decadência do Grande Rio que ninguém quer admitir.
A verdade dói e muitos textos cheios de alertas e conselhos passam "batidos". Se fosse alguém falando que vai nadar numa piscina de cerveja com a "galera", as visualizações crescem de forma vertiginosa.
Já adianto meus lamentos para aqueles que serão atingidos ou têm seus carros atingidos pelas árvores enfraquecidas pela "doce" erva de passarinho.
Será mais um preço caro cobrado para o Grande Rio e que nenhuma vitória de time carioca poderá compensar.
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