A intolerância contra o ex-presidente Lula, que tem na fase sulista de sua caravana a mais difícil, começa a sair dos limites.
Depois que um grupo de fascistas, alguns de meia-idade, se divertiram apedrejando os ônibus da caravana do petista, em Passo Fundo, obrigando o cancelamento do comício na cidade gaúcha, agora foi um atentado ocorrido no interior do Paraná.
O jornal Brasil de Fato noticiou em primeira mão o lamentável e preocupante incidente.
No caminho entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no interior paranaense, dois ônibus da caravana passavam, na tarde de hoje, quando um barulho estranho ocorreu.
Não eram os ruídos de ovos e pedradas, mas um estrondo e um som de pneus estourando.
Depois que os ônibus puderam estacionar, observou-se que haviam "miguelitos" - pregos usados para furar pneus e impedir o tráfego de veículos - e perfurações de bala na lataria dos ônibus. Foram três tiros.
O primeiro ônibus trazia jornalistas e o segundo, membros do PT e convidados. Lula estava ausente em ambos os veículos. Ele estava na Universidade Federal da Fronteira Sul, em Laranjeiras do Sul.
O atentado, no entanto, tinha como intenção atingir Lula, num dos piores incidentes da caravana, que se concluirá em Curitiba, "sede" da Operação Lava Jato, amanhã.
Durante todo esse período, observou-se atitudes violentas dos reacionários opositores.
Pessoas chicoteando membros da caravana, e membros da caravana sendo agredidos.
Houve até uma jovem espectadora que, doente de câncer, foi agredida pelos opositores.
Em Chapecó, Santa Catarina, ex-deputado Paulo Frateschi, do PT de São Paulo, teve a orelha dilacerada por uma pedra atirada por um opositor.
Já em Foz do Iguaçu, Paraná, padre Idalino Alflen, de 64 anos, foi apedrejado na cabeça e depois atropelado por uma motocicleta, antes do pronunciamento de Lula.
Para piorar, a violência dos sulistas era tolerada pelos policiais locais, que chegam a observar tais atos rindo como se tratasse de uma grande diversão.
Isso é chocante. E, em Passo Fundo, havia até um menino assistindo a um ato em que adultos se divertiam apedrejando os ônibus enquanto um arremedo de marcha militar servia de fundo musical.
Embora esses atos não tendam a ser explícitos nas capitais, o comício de Lula em Curitiba requer muita cautela.
Se nas capitais, aparentemente, não é tendência os policiais consentirem com ações violentas, isso não quer dizer que Lula esteja seguro.
Em Curitiba, já houve, recentemente, dois atos de feminicídio em lugares públicos, um num shopping center, outro em plena rua.
A capital paranaense há muito perdeu sua reputação civilizada. As zonas urbanas se degradam, as suburbanas pioram mais ainda, há mais violência nas ruas, há mais violência, também, de gente reacionária que se diz "de bem".
Ficamos pensando no caso de John Kennedy, em novembro de 1963, um político que, no contexto local dos EUA, foi relativamente progressista.
Ele entrou em carro aberto na cidade de Dallas, no Estado conservador do Texas, quando foi morto por um tiro na nuca.
Recentemente, setores das esquerdas andaram iludidos com a suposta verve progressista do Texas, por causa do estranho projeto Jornalismo nas Américas, patrocinado por George Soros.
Apesar do projeto Jornalismo nas Américas do Centro Knight da Universidade do Texas ser cortejado pelas esquerdas, ele era estranhamente apoiado por gente como Merval Pereira e Carlos Alberto di Franco, este ligado à neomedieval Opus Dei, a mesma de Geraldo Alckmin.
Mas o que hoje surpreende não é o ultraconservadorismo de Estados como Texas, Alabama, Geórgia e Virgínia, lá nos EUA.
O que surpreende é que posturas semelhantes se observam no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ou no interior de São Paulo. Ou, de maneira menos ostensiva, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
O reacionarismo no Sul e Sudeste tornou-se um fenômeno muito preocupante.
O Comitê de Advogadas e Advogados pela Democracia enviou um documento para o Ministério Público Federal denunciando os diversos crimes cometidos pelos opositores de Lula durante toda a excursão pelo Sul.
A Polícia Militar anunciou que vai investigar o caso. O secretário da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse também que vai solicitar investigações.
O episódio repercutiu na mídia hegemônica e sinaliza a dificuldade que Lula encontra para conseguir apoio para sua candidatura à novo mandato presidencial, que pode ser cancelada.
O adiamento da prisão foi apenas uma trégua relativa, até porque o TRF-4 negou recurso da defesa contra a condenação em segunda instância.
Infelizmente, as pressões contra a candidatura de Lula aumentam drasticamente e se tornam bastante violentas.
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