FAVELA LOCALIZADA NO HUMAITÁ, NO RIO DE JANEIRO, EM 1956. FOTO DA ENCICLOPÉDIA DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS, DO IBGE.
Estranha pauta que há muito tempo é empurrada para os movimentos sociais de esquerda.
É uma pauta que "institucionaliza" situações improvisadas pelas classes populares.
A prostituição, o comércio informal, a pirataria, a venda de produtos estrangeiros.
Essas são medidas que o desespero das pessoas pobres adotam para obter uma renda, mas nem de longe são receitas de sucesso ou ocupações permanentes.
Na prostituição, por exemplo, setores das esquerdas, a pretexto de defender as prostitutas, defendem a prostituição em detrimento das próprias prostitutas.
O "funk" é uma colcha de retalhos de tantos equívocos empurrados para a pauta esquerdista.
Primeiro, porque é um estilo que renega os músicos e que, do funk original (leia-se James Brown, Earth Wind & Fire, Chic etc), eliminou praticamente toda sua essência.
Foi uma espécie de "Plano Temer" em cima do legado de James Brown.
Eliminou-se orquestras, bandas etc, e tudo se reduziu a uma formação precária de DJ e MC.
Até para os parâmetros do electrofunk isso se precarizou: Afrika Bambaataa usava sintetizadores, bateria eletrônica, havia músicos no funk eletrônico autêntico!
O que conhecemos como "funk" nunca passou de um karaokê simplório dotado de pretensiosismo e egolatria.
Fala-se muito que o rock progressivo tinha pretensiosismo em excesso e o movimento hippie tinha mania de papo cabeça.
Mas nada disso chega aos pés dos funqueiros e seus defensores, sobretudo as elites intelectuais associadas.
Para piorar, seu discurso em prol das favelas, "institucionalizando" um subproduto da exclusão imobiliária, é muito estranho.
É um "ufanismo das favelas", que mais parece um microcosmo do antigo ufanismo da ditadura militar.
O "popular demais", fruto da ditadura militar e do coronelismo midiático, foi empurrado para as pautas esquerdistas que, erroneamente, tomaram isso como se fosse uma causa progressista.
Não é. O "popular demais", dos bregas originais ao brega-popularesco dos últimos 40 anos, sempre foi patrocinado pelo coronelismo midiático. Sílvio Santos, sobretudo, e, mais recentemente, a Rede Globo, a Folha de São Paulo, Veja e até Caras.
Querer que o "popular demais" traga o socialismo para a cultura brasileira é mais ou menos como deixar as ovelhas sob o cuidado de um lobo faminto, a pretexto dele estar quieto em alguns minutos.
O ufanismo das favelas é uma aberração muito grande, porque praticamente se partidariza um ambiente improvisado e indesejado, transformando-o numa falsa causa libertária.
Nos anos 1950 e 1960, quando as favelas não eram tantas quanto agora, especialistas sérios já as definiam como um cenário preocupante.
"Muitas medidas têm sido adotadas para solução do problema das favelas cariocas", já adiantava a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, do IBGE, em 1960, no volume dedicado ao então Distrito Federal, o município do Rio de Janeiro, publicado meses antes de deixar de ser capital do Brasil.
Sim, favelas cariocas eram considerados problemas. Se disser isso a um esquerdista médio, esse ponto de vista seria visto, equivocadamente, como "chilique elitista".
Continua o texto da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, sobre soluções adotadas há 60 anos:
"Atualmente, a Cruzada São Sebastião enfrenta o problema, dando início à construção de apartamentos para os favelados. Na Praia do Pinto já foram construídos 10 edifícios de 7 andares, contendo ao todo 910 apartamentos, encontrando-se em sua fase final a construção de 48 apartamentos dos 300 a serem construídos em Botafogo".
Sim, havia essa preocupação. E, pasmem, o mesmo Carlos Lacerda que havia reivindicado o golpe militar tinha a iniciativa de criar bairros populares para moradores de favelas a serem demolidas.
A Praia do Pinto, situada no entorno do Leblon, foi demolida. Parte dos moradores foram deslocados para um novo bairro no entorno da Av. Brasil, chamado de Vila Kennedy.
É o mesmo bairro que ocupa os noticiários hoje, com a lamentável destruição de quiosques e barracas que serviam de renda para moradores do local.
A desculpa era destruir pontos de vendas de drogas. Mas moradores afirmaram que vendiam alimentos e outros produtos, e viviam disso para pagar contas e sobreviver dignamente.
Hoje, graças ao proselitismo da intelectualidade "bacana" vinda da Globo e da Folha de São Paulo para defender a deterioração da cultura popular sob o aparato de um falso apoio a Lula e Dilma Rousseff, mexer em favelas virou "preconceito".
Não se pode "mexer" com as periferias. A desculpa era que a pobreza, o analfabetismo, as condições degradantes eram um "estado de pureza" das classes populares.
A intelligentzia e seus consortes só admitiam que as favelas ganhassem dinheiro, em clara defesa da subordinação da cidadania popular às regras do mercado.
Esse discurso pseudo-libertário que as entidades funqueiras (APAFUNK, Liga do Funk etc) enfatizam sobre as "periferias" não garante a verdadeira emancipação das classes populares.
Pelo contrário. O discurso populista soa por demais espetacularizado.
Além disso, enquanto os ídolos de "funk" exibem bens luxuosos e passam a viver em mansões ou apartamentos de luxo, o povo pobre fica preso nas favelas.
Daí que há um dado estranho a ressaltar.
Que interesse o "funk" tem ao falar no "orgulho de ser pobre" e na falácia de que "a favela é meu lugar"?
É aquela retórica que, a pretexto de defender os favelados, defende o espaço das favelas em detrimento dos favelados.
Isso é grave: não se defendem favelados nem prostitutas, mas as favelas e a prostituição.
Se ocorre uma tragédia com um favelado ou uma prostituta, os partidários do "popular demais" fazem discurso de falsa bravura, falsas manifestações de protestos, querendo parecer bonzinhos nas manifestações esquerdistas na qual eles se infiltram.
O medo é que o "orgulho de ser pobre" e o ufanismo das favelas transforme tais ambientes em futuros campos de concentração, onde os abusos policiais, que já dizimaram "por acidente" muitos moradores, podem intensificar tais ações.
Pode parecer paranoia isso, mas no cenário odioso e corrupto das plutocracias, tudo é possível.
Os próprios favelados devem se sentir enganados pela espetacularização dos funqueiros, que num dia beijam e abraçam Lula e Dilma Rousseff, no outro "fazem amor" com a famiglia Marinho.
O "popular demais" explica muito como as esquerdas deixaram a retomada conservadora se realizar.
A glamourização da pobreza, da ignorância e do mau gosto, defendida por intelectuais tendenciosamente "esquerdistas", fez o povo ficar de fora dos debates públicos e abriu o caminho para as passeatas dos "coxinhas".
A intelectualidade "bacana" e os funqueiros são, em parte, co-responsáveis do golpismo político que se deu em 2016.
Estranha pauta que há muito tempo é empurrada para os movimentos sociais de esquerda.
É uma pauta que "institucionaliza" situações improvisadas pelas classes populares.
A prostituição, o comércio informal, a pirataria, a venda de produtos estrangeiros.
Essas são medidas que o desespero das pessoas pobres adotam para obter uma renda, mas nem de longe são receitas de sucesso ou ocupações permanentes.
Na prostituição, por exemplo, setores das esquerdas, a pretexto de defender as prostitutas, defendem a prostituição em detrimento das próprias prostitutas.
O "funk" é uma colcha de retalhos de tantos equívocos empurrados para a pauta esquerdista.
Primeiro, porque é um estilo que renega os músicos e que, do funk original (leia-se James Brown, Earth Wind & Fire, Chic etc), eliminou praticamente toda sua essência.
Foi uma espécie de "Plano Temer" em cima do legado de James Brown.
Eliminou-se orquestras, bandas etc, e tudo se reduziu a uma formação precária de DJ e MC.
Até para os parâmetros do electrofunk isso se precarizou: Afrika Bambaataa usava sintetizadores, bateria eletrônica, havia músicos no funk eletrônico autêntico!
O que conhecemos como "funk" nunca passou de um karaokê simplório dotado de pretensiosismo e egolatria.
Fala-se muito que o rock progressivo tinha pretensiosismo em excesso e o movimento hippie tinha mania de papo cabeça.
Mas nada disso chega aos pés dos funqueiros e seus defensores, sobretudo as elites intelectuais associadas.
Para piorar, seu discurso em prol das favelas, "institucionalizando" um subproduto da exclusão imobiliária, é muito estranho.
É um "ufanismo das favelas", que mais parece um microcosmo do antigo ufanismo da ditadura militar.
O "popular demais", fruto da ditadura militar e do coronelismo midiático, foi empurrado para as pautas esquerdistas que, erroneamente, tomaram isso como se fosse uma causa progressista.
Não é. O "popular demais", dos bregas originais ao brega-popularesco dos últimos 40 anos, sempre foi patrocinado pelo coronelismo midiático. Sílvio Santos, sobretudo, e, mais recentemente, a Rede Globo, a Folha de São Paulo, Veja e até Caras.
Querer que o "popular demais" traga o socialismo para a cultura brasileira é mais ou menos como deixar as ovelhas sob o cuidado de um lobo faminto, a pretexto dele estar quieto em alguns minutos.
O ufanismo das favelas é uma aberração muito grande, porque praticamente se partidariza um ambiente improvisado e indesejado, transformando-o numa falsa causa libertária.
Nos anos 1950 e 1960, quando as favelas não eram tantas quanto agora, especialistas sérios já as definiam como um cenário preocupante.
"Muitas medidas têm sido adotadas para solução do problema das favelas cariocas", já adiantava a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, do IBGE, em 1960, no volume dedicado ao então Distrito Federal, o município do Rio de Janeiro, publicado meses antes de deixar de ser capital do Brasil.
Sim, favelas cariocas eram considerados problemas. Se disser isso a um esquerdista médio, esse ponto de vista seria visto, equivocadamente, como "chilique elitista".
Continua o texto da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, sobre soluções adotadas há 60 anos:
"Atualmente, a Cruzada São Sebastião enfrenta o problema, dando início à construção de apartamentos para os favelados. Na Praia do Pinto já foram construídos 10 edifícios de 7 andares, contendo ao todo 910 apartamentos, encontrando-se em sua fase final a construção de 48 apartamentos dos 300 a serem construídos em Botafogo".
Sim, havia essa preocupação. E, pasmem, o mesmo Carlos Lacerda que havia reivindicado o golpe militar tinha a iniciativa de criar bairros populares para moradores de favelas a serem demolidas.
A Praia do Pinto, situada no entorno do Leblon, foi demolida. Parte dos moradores foram deslocados para um novo bairro no entorno da Av. Brasil, chamado de Vila Kennedy.
É o mesmo bairro que ocupa os noticiários hoje, com a lamentável destruição de quiosques e barracas que serviam de renda para moradores do local.
A desculpa era destruir pontos de vendas de drogas. Mas moradores afirmaram que vendiam alimentos e outros produtos, e viviam disso para pagar contas e sobreviver dignamente.
Hoje, graças ao proselitismo da intelectualidade "bacana" vinda da Globo e da Folha de São Paulo para defender a deterioração da cultura popular sob o aparato de um falso apoio a Lula e Dilma Rousseff, mexer em favelas virou "preconceito".
Não se pode "mexer" com as periferias. A desculpa era que a pobreza, o analfabetismo, as condições degradantes eram um "estado de pureza" das classes populares.
A intelligentzia e seus consortes só admitiam que as favelas ganhassem dinheiro, em clara defesa da subordinação da cidadania popular às regras do mercado.
Esse discurso pseudo-libertário que as entidades funqueiras (APAFUNK, Liga do Funk etc) enfatizam sobre as "periferias" não garante a verdadeira emancipação das classes populares.
Pelo contrário. O discurso populista soa por demais espetacularizado.
Além disso, enquanto os ídolos de "funk" exibem bens luxuosos e passam a viver em mansões ou apartamentos de luxo, o povo pobre fica preso nas favelas.
Daí que há um dado estranho a ressaltar.
Que interesse o "funk" tem ao falar no "orgulho de ser pobre" e na falácia de que "a favela é meu lugar"?
É aquela retórica que, a pretexto de defender os favelados, defende o espaço das favelas em detrimento dos favelados.
Isso é grave: não se defendem favelados nem prostitutas, mas as favelas e a prostituição.
Se ocorre uma tragédia com um favelado ou uma prostituta, os partidários do "popular demais" fazem discurso de falsa bravura, falsas manifestações de protestos, querendo parecer bonzinhos nas manifestações esquerdistas na qual eles se infiltram.
O medo é que o "orgulho de ser pobre" e o ufanismo das favelas transforme tais ambientes em futuros campos de concentração, onde os abusos policiais, que já dizimaram "por acidente" muitos moradores, podem intensificar tais ações.
Pode parecer paranoia isso, mas no cenário odioso e corrupto das plutocracias, tudo é possível.
Os próprios favelados devem se sentir enganados pela espetacularização dos funqueiros, que num dia beijam e abraçam Lula e Dilma Rousseff, no outro "fazem amor" com a famiglia Marinho.
O "popular demais" explica muito como as esquerdas deixaram a retomada conservadora se realizar.
A glamourização da pobreza, da ignorância e do mau gosto, defendida por intelectuais tendenciosamente "esquerdistas", fez o povo ficar de fora dos debates públicos e abriu o caminho para as passeatas dos "coxinhas".
A intelectualidade "bacana" e os funqueiros são, em parte, co-responsáveis do golpismo político que se deu em 2016.
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