EMÍLIO SURITA FAZENDO COMENTÁRIOS HOMOFÓBICOS E JOVENS GRITANDO E SE EMBRIAGANDO DE MADRUGADA, PERTURBANDO A VIZINHANÇA.
A turma do boicote, que não suporta ver textos questionadores e, mesmo em relação a textos jornalísticos, espera que se conte, em vez de fatos verídicos, estórias da Cinderela - é sério, tem muita gente assim - , não aceita que nosso Brasil esteja em crise e ainda vem com esse papo de "primeiro a gente vira Primeiro Mundo, depois a gente conversa".
Vemos que o nosso Brasil está muito doente. Depois da pandemia da Covid-19, temos agora a pandemia do egoísmo, com pessoas cheias de grana consumindo que em animais afoitos, e que, nos dois planos ideológicos, a direita reacionária e a esquerda festiva, há exemplos de pura sociopatia, péssimos exemplos que ofendem e constrangem quem pensa num país com um mínimo de dignidade humana possível.
Dias atrás, o radialista e apresentador do programa Pânico da Jovem Pan, Emílio Surita, fez uma atrocidade, ao investir numa paródia depreciativa à pessoa do jornalista Marcelo Cosme, do programa Em Pauta da Globo News, somente porque este se assumiu homossexual.
Na edição do último dia 23, na transmissão televisiva do programa, Surita se levantou para comentar sobre o âncora da Globo News e, fazendo gestos satíricos de homossexual, fez sarcasmo dizendo o seguinte:
"Eu vou assim bem gostosamente, no passo assim, bem Caetano Veloso, bem GloboNews. Olá, estamos aqui na GloboNews. Como é que chama aquele cara que faz o programa à noite? Marcelo (Cosme)... O simpático lá. Estamos aqui com um programa maravilhoso, pessoas fantásticas. Bote no telão aqui as informações do governo. […] Bem solto… Muito solto...".
A piada ofensiva repercutiu de maneira tão negativa que até a mãe do saudoso ator Paulo Gustavo, Déa Lúcia, resolveu expor publicamente sua justa indignação, entre tantos outros que manifestaram revolta contra a sátira do radialista. Escreveu Déa, nas redes sociais:
"Estou muito indignada ao ver meu querido amigo, Marcelo Cosme, sendo alvo de ataques homofóbicos na televisão". A homofobia é inaceitável e não tem lugar na nossa sociedade. É triste pensar que, em pleno século 21, ainda existem pessoas que propagam ódio e discriminação. Quero deixar claro que estamos ao lado do meu amigo neste momento difícil. Todos nós merecemos respeito e igualdade independente de nossa orientação sexual".
A repercussão negativa, evidentemente, fez com que a direção da Jovem Pan, antes de publicar um pedido de desculpas, se reunisse com a equipe do Pânico para repreender Surita por conta da terrível ofensa que foi feita. Disse o comunicado da Jovem Pan:
"A Jovem Pan pede sinceras desculpas pelo ocorrido a edição de terça-feira, 23 de julho, do Pânico. O programa fez uma brincadeira muito infeliz citando o nome de Marcelo Cosme. Todavia, a atração não teve nenhuma intenção de discriminar o profissional em questão. Nos comprometemos a não repetir o tratamento descortês ocorrido ontem. A Jovem Pan lamenta o ocorrido e deixa registrada sua admiração pelo trabalho de Marcelo Cosme".
Apesar da reprimenda, Emílio Surita teria feito uma arrogante ironia na edição do dia 25 do Pânico, ao começar o programa com um discurso bastante jocoso:
"Muito boa tarde, meus taxadinhos pelo amor. Como é que vocês estão? Tudo bem com vocês? Estamos de volta com mais um cauteloso Programa Pânico, pelas espevitadas plataformas da Jovem Pan. Bem-vindos a um programa mais quietinho e cauteloso do que um bicho-preguiça".
Fica nossa sincera admiração e respeito ao trabalho digno de Marcelo Cosme e ao seu direito de escolha homoafetiva, porque é a opção que lhe deixa feliz e lhe faz sentir bem. O próprio Marcelo Cosme escreveu no seu perfil do Instagram que a homofobia, hoje, é considerada crime, pois ela prevê práticas violentas contra a população LGBTQIA+. Escreveu o jornalista:
"A diversão de uns pode representar e incentivar o soco na rua, a lâmpada na cabeça e outros ataques. A gente precisa evoluir e não retroceder. O crime precisa ser visto como crime. Respeitar cada um e suas diferenças nos une. Não é uma pauta apenas brasileira, é uma necessidade mundial".
E NA "SOCIEDADE DO AMOR "?
No momento em que escrevo estas linhas, uma escola infantil teve a infeliz ideia de, num evento de lazer entre professores e alunos, tocar a música do MC Créu na vizinhança, um "funk" abertamente grosseiro e animalesco, impróprio para menores de idade. Me lembra muito quando vi, nos anos 1990, uma entidade "espírita" desfilar com aluninhos pequenos tocando as horrendas canções do É O Tchan.
É essa a tal "sociedade do amor" que temos, não muito diferente do "gabinete do ódio" e seus surtos sociopatas. Nas redes sociais, esta semana, vi vários comentários sobre internautas defendendo, pasmem, o "direito" das pessoas berrarem e ficarem bêbadas nas festas de madrugada, mesmo quando perturbam o sono da vizinhança. Chegam a associar essa prática infeliz às ideias de "felicidade" e "liberdade".
Segundo um relato, houve até um rapaz, casado e com filhos, que estava com vontade louca para fazer festa com toda a poluição sonora abusiva. "Eu preciso viver, né?", disse, de maneira arrogante, o rapaz, a seus familiares, preparando o terreno para uma madrugada de pura barulheira e pessoas gritando feito uns trogloditas enlouquecidos.
E não estamos falando de bolsonaristas, que costumam investir nessas práticas sociopatas ou mesmo psicopatas. Falamos de gente "democrática", simpatizante de Lula, que jura ter "plena consciência social", que ouve o tal do trap acreditando que está apoiando a "cultura de pobre", apesar dos MCs desse gênero que, no Brasil, é uma franquia do "funk ostentação", serem muito mais ricos e gananciosos do que se costuma acusar aos supostos aristocratas da antiga Bossa Nova.
A coisa está terrível neste Brasil da pandemia do egoísmo humano, em que um considerável número de pessoas vivem a obsessão do hedonismo festivo e da opulência financeira, com toda a felicidade tóxica que lhes faz verdadeiros antros de arrogância em dimensões cósmicas. São os netos das elites golpistas que derrubaram João Goulart que investem nessa festividade desumana, nesse narcisismo lúdico em que os únicos pronomes conjugáveis são o "eu" e o "nós".
É essa "boa" sociedade que, "democraticamente", assimila os valores da Jovem Pan a ponto de empurrar a gíria "balada" - previamente lançada pelo mesmo Emílio Surita e pelo então colega Luciano Huck, ambos querendo popularizar um jargão privativo de jovens riquinhos paulistas para "rodízio de pílulas alucinógenas" - até para evangélicos, crianças, roqueiros e nordestinos.
Vivemos um Brasil terrivelmente doente socialmente para conquistar o posto de "país desenvolvido". Nosso cenário sociocultural é degradante, mas não se pode escrever isso, porque o pessoal boicota direto. Mesmo um jornalista comprometido com a responsabilidade social é aconselhado a preferir escrever mentiras agradáveis ou, quando muito, seguir o agenda setting no piloto automático e imitando, feito um papagaio, as abordagens convencionais de sempre.
Estamos num cenário, portanto, tão ruim ou talvez pior do que o AI-5, no sentido de que o pensamento crítico, hoje, é discriminado e sujeito ao cancelamento social, pois a idiotização cultural atingiu níveis tão extremos que hoje, é proibido mostrar a realidade na Internet brasileira. Até porque "realidade", para muitos, é apenas um programa de semi-ficção envolvendo subcelebridades, da mesma forma que "conhecimento" é apenas o misticismo ocultista mascarado de "sabedoria".
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