Temos que observar as coisas fora da facilidade imediatista das aparências. Assim como devemos reconhecer que os apoiadores do presidente Lula, em verdade, são pessoas da classe média abastada, uma "frente ampla" que vai do pobre remediado, que compra moto e enche suas casas de televisões, até o famoso descolado milionário, devemos também admitir que Lula, no atual mandato, está fazendo menos, e muito menos do que se pode imaginar.
O anúncio de suas aparentes realizações, por elas terem sido fáceis e rápidas demais para um Brasil em reconstrução, revela que parte dos supostos êxitos do atual mandato de Lula soam mentirosos. O desemprego continua em alta, os preços não caíram, e o povo pobre da vida real (não confundir com o estereótipo cômico-novelesco que aparece no imaginário lulista, a partir das redes sociais) se sente abandonado e traído pelo presidente que demonstra ser um grande pelego político.
Com toda a certeza, o governo Lula 3.0 é o mais medíocre e fraco dos seus três mandatos. O que Lula faz, no atual mandato, é tão somente a produção de fatos políticos, mas na prática não está governando bem. Que nos mandatos anteriores Lula viajasse bastante e dissesse besteira, isso é verdade, mas se via nesta época alguma ação, alguma realização, por mais que em nenhum momento o petista tenha feito o tal "governo da mudança".
Hoje, porém, Lula perdeu o vigor governamental, tenta compensar sua debilitada performance como governante da nação através de uma presença maior nos noticiários, daí a produção dos fatos políticos. E, diante do ritmo frenético das redes sociais, do quadro sociocultural deteriorado do nosso país e da realidade fragmentada que boa parte dos brasileiros mantém em suas mentes pouco observadoras, muitos pensam que o presidente brasileiro está "dando tudo de si pelo país". Só que não.
O que Lula está fazendo são simulacros. Já os descrevi em outras oportunidades, mas não custa enumerar esses simulacros para fixar nas mentes dos desavisados. Eis o que são esses simulacros:
1) Relatórios que supostamente apresentam realizações do governo, em muitas vezes rápidas e fáceis demais para um país considerado devastado pelo governo irresponsável do antecessor Jair Bolsonaro;
2) Estatísticas que supostamente apresentam índices sobre êxitos do governo, pessoas beneficiadas e apoiadores do atual presidente da República;
3) Lista de realizações que, de forma confusa, mistura o pouco do que foi realmente feito com propostas e projetos sobre o que poderá ser feito, o que não deveria ser confundido com o que já se realizou;
4) Opiniões, comentários e promessas são feitos por Lula para criar movimentação nos noticiários, compensando seus limites de ação, pois sabemos, através deste blogue, que o atual presidente do Brasil, quando saiu da prisão, fez acordo com a direita moderada, fato desmentido pelo próprio petista, mas confirmado pela realidade. Esse acordo é definido pelo eufemismo de "democracia";
5) A blindagem nas redes sociais, sobretudo pelas reações previsíveis e, de certo modo, um tanto tolas dos apoiadores de Lula, também serve para defender o governo e para desqualificar, de forma genérica, quem estiver criticando ele, sejam os patéticos fascistas Jair Bolsonaro e Javier Milei, seja a mídia empersarial, sejam políticos da terceira via e ultimamente com posições sensatas, como Ciro Gomes;
6) Rituais e cerimônias que mais parecem atos de uma campanha que não terminou, sugerindo que Lula, mesmo com queda de popularidade, está apostando todas suas fichas na reeleição (há quem diga que o presidente apelará, se preciso, até pelo voto de cabresto e pela fraude nas urnas para vencer em 2026), o que significa um ato explícito de propaganda, com plotagens mostrando pobres estereotipados e com eventos em que pessoas fazendo papel de "povo pobre" encenam apoio apaixonado ao presidente.
Enfim, esses são os simulacros que são temperados pelo excesso de falas de Lula, que fica fazendo comentários aqui e ali, cometendo gafes, falando demais e sacrificando sua garganta. Afinal, Lula é um doente de câncer, "leucoplasia" e "dor no quadril" foram apenas conversas para bolsonarista dormir e, no caso da garganta, é explícito que a voz de Lula está muito debilitada, a exemplo do ex-beatle George Harrison no fim da vida.
É constrangedor ver Lula querendo opinar sobre tudo, viajar para o exterior para dar pitaco em pautas estrangeiras, mais parecendo uma pessoa chata querendo se intrometer em tudo. O presidente deveria falar menos e agir mais e, antes que problemas piores sejam causados, Lula foi aconselhado a não reagir quando o presidente argentino Javier Milei o chamou de "grande dinossauro idiota".
Mas quem acha que a tagarelice de Lula pode acabar com isso, pode tirar o burrico do temporal, pois o presidente brasileiro vai falar, e muito, enquanto suas poucas ações se limitam a canetadas, cerimônias de inaugurações e alguma liberação de verbas. Para os lulistas que vivem no alucinante ritmo frenético das redes sociais, opiniões, ações e cerimônias são sempre a mesma coisa. Até se Lula for com sua Janja para curtir uma praia em Cote d'Azur, para seus seguidores ele estará "trabalhando duro pelo Brasil".
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