Não estou gostando das atitudes do presidente Lula nos últimos anos. Admirei Lula até 2020, mas o petista não deixou a prisão para ser o "rei da cocada preta" e bancar o dono de uma "democracia" que só ele se acha no direito de exercer, com as decisões exclusivamente dele enquanto seus seguidores são convidados apenas a pular, dançar, brincar e "bebemorar".
Lula, hoje, é tão estranho que ele não governa mais para o proletário que precisa acordar cedo para trabalhar no dia seguinte, mas para as pessoas festeiras que praticam poluição sonora, com sons e risadas altas de toda espécie, em plena madrugada, sem o menor escrúpulo em perturbar o sono dos outros.
Escrevo isso e muita gente estranha. Na verdade, não é muita gente assim, mas quem tem acesso ao Instagram e ao Tik Tok e sente alergia ou fobia ao pensamento crítico, mesmo os "isentões" de plantão, os "Monark do bem" que dizem "apoiar o senso crítico", mas em limites tão restritos que, do verdadeiro senso crítico, nada sobra para usar o cérebro para questionar ou apontar um erro em qualquer coisa.
Lula está fazendo um governo de faz-de-conta. Aparelhou e patrocina institutos diversos, mesmo as consultorias ligadas à Faria Lima, que publicam constantemente levantamentos puramente ficcionais. Como o Quaest, que de forma "fácil, extremamente fácil" alega que Lula "melhorou sua avaliação" por parte do povo pobre, em suposta pesquisa recentemente publicada.
É um governo de simulacros. Relatórios, estatísticas, rituais, opiniões, promessas, cerimônias, encenações (com direito a "atores" fazendo papel de "miseráveis" a cumprimentar Lula no palco de seus discursos), todos os artifícios feitos e refeitos para fabricar uma grandeza de mentirinha, um "sucesso" fácil demais, com supostas realizações que parecem terem sido surgidas da noite para o dia, desmentindo o contexto trabalhoso e difícil de cada reconstrução.
Na vida real, não se vê essa maravilha, mas não se pode falar a verdade. Nas redes sociais, a narrativa tem que primar sempre pelo lado mais agradável, senão o público boicota mesmo. Senso crítico só serve para as análises "ressentidas" dos existencialistas europeus. Distopia? É um furacão que percorre a Coreia do Sul e a Polônia, no máximo atingindo a Espanha e não indo mais além disso.
No Brasil festeiro do "Papai Noel da Faria Lima", deixe a distopia para os "ressentidos" que o preconceito não-assumido dos "socialistas de butique e botequim" atribui ao bolsolavajatismo, pois oficialmente vivemos numa rinha política da polarização entre Lula e Bolsonaro, um maniqueísmo fácil e prosaico típico da "República Democrática do Instagram e do Tik Tok", o "novo nome" da República Federativa do Brasil.
Lula se acha o "menino mimado da História". Acha que o destino tem que fazer todos os favores e todas as vontades dele. Hoje sinto um semblante arrogante nos sorrisos de Lula, que está abusando da reconquista dos seus direitos políticos.
LULA E JAIR BOLSONARO - PESCA COMO HOBBY.
A fanfarronice de Lula se deu a ponto de, no último fim de semana, o presidente aparecer pescando um peixe de 4,5 kg. Não se trata daquela pesca que serve de trabalho para humildes pescadores de baixa renda, mas de uma pesca amadora feita como hobby de gente abastada, como houve uma vez com o próprio Jair Bolsonaro. E isso não tem uma simbologia positiva para o povo pobre.
Afinal, é uma pesca de gente rica, feita como hobby e sem o incômodo de estar num modesto barquinho pesqueiro vulnerável a ondas e ventos, significa levar uma vida mansa, indiferente aos problemas graves de nosso país. No seu perfil oficial, Lula, ao pescar um peixe grande no lago junto à Granja do Torto, em Brasília, o presidente se limitou a escrever:
"A minha isca não machuca o peixe porque ela não tem garra, e eu costumo pegar o peixe e soltar. Agora, como esse aqui é um pacu de quatro quilos e meio, eu não posso soltar. Isso aqui eu tenho que levar para casa, limpar, preparar, assar ele, sabe, e depois comer".
Hoje passo por dificuldades pessoais sérias, como Lula passou as suas entre 2015 e 2020. Mas no momento em que eu recuperar minha prosperidade, não vou comportar de forma ambiciosa como a elite do bom atraso que, assim que saiu da pandemia da Covid-19 e do ocaso do bolsonarismo, resolveu se transformar em bestas-feras do consumismo voraz, no qual não se sente mais olfato nem paladar, mas a submissão a uma simbologia, envolvendo prestígios pessoais e marcas consagradas, das quais as pessoas de forma afoita se subordinam em nome da agregação social.
Eu aprendi muitas coisas nestes últimos anos e vejo o quanto Lula é decepcionante. Nunca tratei o Lula como fetiche e não gosto da ideia de que, só por ser Lula, ele tem que fazer o que quiser e a gente só tem que ficar aplaudindo, se quiser lacrar fácil na Internet, seja nas redes sociais, seja na blogosfera. Me recuso a transformar meu blogue em "Mentira News" só para agradar mais gente.
Daí que tenho que publicar mais declarações de Ciro Gomes, o candidato escorraçado da campanha presidencial de 2022, na qual Lula demonstrou ser contrário à democracia que tanto defende, pois sabotou a competitividade eleitoral em vez de enfrentar, humildemente, cada candidato um a um. Lula queria enfrentar Bolsonaro sozinho e não queria um outro candidato competindo com o petista.
Ciro classificou Lula de "egoísta" ao comentar sobre a polarização entre ele e Bolsonaro, num relato bastante realista ao UOL News:
"Eu tenho absoluta segurança de que isso está matando o Brasil [a polarização das forças políticas]. É uma geração perdida, é um caminho sem volta. (...) Eu suspeito que, enquanto o egoísmo do Lula não permitir que ele dê espaço a um passo alternativo, esta polarização vai sempre acontecer, porque ela é adjetiva.
O Bolsonaro não tinha nenhum dote para ser presidente do Brasil. Desculpa, eu conheço Bolsonaro há muitos anos. Em 1993, eu era governador do Ceará, eu pedi a prisão e a cassação dele, porque ele estava propondo o fechamento do Congresso Nacional, em 1993, mal havíamos recuperado a democracia, esta figura trágica da vida brasileira... Este homem vira presidente do Brasil".
Sabe por que ele [Bolsonaro] foi eleito? Por uma circunstância muito simples: o ego descalibrado e sem nenhum resto de espírito público do Lula. Todo mundo sabia que as eleições de 2018 tinha um perdedor, que era o PT.
Por que? Porque o PT merece? Não, porque havia ali um encontro trágico da pior crise econômica da história brasileira: 7% de queda do PIB em dois anos — nunca houve nada parecido na história do Brasil —, o desemprego se aproximando de 14% — o dobro do que está hoje —, a crise social generalizada [que tinha] explodido ali em 2013, na negação das coisas todas. Enquanto isso, o noticiário dominado pela notícia generalizada de corrupção".
O que Ciro não cita que boa parte das mesmas elites que quiseram eleger Bolsonaro "só para experimentar" em 2018 são os que mais se empolgam com o governo de contos de fadas de Lula. Os avós dessas elites não suportavam um segundo de João Goulart e, em 1964, pediam o golpe militar com rosários na mão e, anos depois, o AI-5 para calar a boca dos líderes estudantis e dos jornalistas de oposição àquela "democracia" que se autoproclamava "revolucionária".
Pois agora a "democracia" que os vovôs e vovós de hoje atribuía à "redentora revolução de 1964" é considerada pelos seus netinhos - cujos papais e mamães se dividiram entre servidores da Censura Federal e bichos-grilos do desbunde pós-Tropicália - como o "patrimônio privativo" de Lula. E se seus avós não queriam que Jango encerrasse o mandato, os netinhos querem que Lula seja reeleito quantas vezes puder.
E dane-se a Constituição Federal de 1988, a Carta Magna da redemocratização, que não permite reeleição mais de uma vez. Democracia, para a "boa" sociedade, só serve se for feita em causa própria, para que a classe média abastada concentre sua renda para consumir, com os mais vorazes instintos alimalescos, tudo o que for de supérfluo e até nocivo que seu hedonismo cego permitir. Com Lula pelego sorrindo de presunção porque transformou o destino em seu gênio da lâmpada.
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