Em mercados que não contam com concorrentes que oferecem produtos melhores e mais variados, dois exemplos recentes mostram o quanto as empresas pouco se preocupam em oferecer algo diferenciado, cobrando caro pelo mais do mesmo.
Esses exemplos são a recém-instalada Pollar Foods, loja de congelados em São Paulo, e a rede de restaurantes Billy the Grill, sediada no Rio de Janeiro mas com filiais não só nas demais cidades do Estado do Rio de Janeiro, mas também em algumas cidades de Minas Gerais e em São José dos Campos, no norte paulista.
Ocupando os espaços físicos deixados pela sorveteria catarinense Eskimó, que deixou o mercado da capital paulista, a Pollar Foods, não é somente dedicada aos sorvetes, mas também a outros produtos congelados, como carnes e salgados.
Mesmo assim, a Pollar Foods deixa a desejar quando a finalidade é cobrir as lacunas deixadas pela Eskimó. Os sorvetes são muito caros, um pote de dois quilos custa R$ 25, quando deveria custar R$ 19. É um grande perigo, uma vez que qualquer receita caseira pode vender o produto por R$ 17 e levar a melhor na concorrência.
Outro problema é que a Pollar Foods não oferece os sabores diferenciados da Eskimó, preferindo oferecer o "mais do mesmo", como sabores tipo morango, chocolate, creme, flocos e napolitano. Os sabores da Eskimó, Marta Rocha - leite condensado, chocolate e polpa de abacaxi - e Tramontaro - baunilha, leite condensado, avelã, caramelo e castanha de caju - simplesmente desapareceram do mercado paulistano.
Os dois sabores da Eskimó, Marta Rocha e Tramontaro, já estão sendo hoje os que o sorvete Cornetto e o picolé Magnum foram há pouco tempo, opções diferenciadas que hoje ganharam uma série de equivalentes. Ou seja, o mercado de sorvetes terá que produzir seus equivalentes de Marta Rocha e Tramontaro, se não quiser ficar em zonas de conforto que trazem prejuízo a médio prazo.
Será uma grande burrada se uma sorveteria não lançar os sabores como os dois da Eskimó, e não adianta "inventar" jogando sabor abacaxi com vinho, pois neste caso seria melhor jogar abacaxi com coco. Deixem o abacaxi com coco para receitas de youtubers descolados do momento.
Também não há picolés do tipo Ituzinho nem sabores diferentes como banana. E não se sabe se os sorvetes da Pollar Foods são adoçados com a mesma aspartame que a Eskimó adoça. Apesar disso, a Pollar Foods continua oferecendo o "mais do mesmo", que pode até ser delicioso, mas é mesmice do mesmo jeito, pois os produtos que oferece, de tão óbvios, já têm receita divulgada no Instagram, animando a concorrência que pode produzir, em casa, sorvetes convencionais com preço bem mais barato.
Já a rede Billy the Grill se aproveita de mercados que não contam com filiais das redes Giraffas, Griletto e Express Grill. A rede carioca tem um serviço de pratos "mais baratos", que denomina "Procurados", que no entanto são muito caros.
Enquanto, respectivamente, a Giraffas, Griletto e Express Grill oferecem seus pratos executivos com preços de R$ 24, R$ 22 e R$ 17, a Billy the Grill varia entre R$ 26 e R$ 28. Um verdadeiro ataque de Winchester 22 no bolso de quem não pode comprar muito por um bom almoço. A freguesia foge correndo, e até restaurante popular de R$ 1 leva a melhor nessa. E muito marmitex caseiro derruba, rápido e rasteiro, o restaurante Billy the Grill num só golpe, vendendo mais barato que esta rede.
Mas o problema está quando se compara uma opção do serviço executivo da Express Grill, rede sediada em São Paulo, com a Billy the Grill. A Express Grill oferece frango a passarinho, acompanhado de feijão, arroz e farofa acompanhado de batata frita ou salada, com preço de cerca de R$ 17.
Esta opção não tem na Billy the Grill, que prefere oferecer iscas de frango em vez de frango a passarinho. Isca de frango não é um sabor tão delicioso quanto o frango a passarinho, e o pior é que a Billy the Grill oferece esse prato por cerca de R$ 26. Um verdadeiro "espanta freguês".
Se a Pollar Foods e a Billy the Grill não se atentarem a essas recomendações, pois o mercado é como um mundo que se movimenta de forma permanente, as duas marcas irão desaparecer e, se não baixarem os preços, vão perder feio para sorvetes caseiros e marmitas que atrairão mais público com preços cerca de cinco a dez reais a menos.
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