A SORTE NA VIDA DE GAL COSTA (IN MEMORIAM) E CAETANO VELOSO NÃO VALEM PARA QUEM TRABALHOU OU TRABALHA PARA ELES.
É essa a geração de artistas que, na segunda metade dos anos 1960, prometia mudar o Brasil? Noticiários recentes apresentam denúncias de irregularidades trabalhistas envolvendo Caetano Veloso e, postumamente, Gal Costa, ambos amigos e parceiros desde os tempos da Tropicália e do antológico álbum de estreia Domingo, de 1967.
No caso de Caetano Veloso, matéria da revista Veja de 24 de maio passado divulgou que a ex-governanta do cantor e de sua esposa e empresária Paula Lavigne, Edna Paula de Fonseca Santos, decidiu processar o casal depois de ter sido demitida sob acusação de furtar dólares dos ex-patrões, além de furtar também garrafas de bebidas e de se hospedar clandestinamente em uma casa na Bahia e usar um veículo da empresa do músico para fins particulares.
Edna entrou na Justiça para desmentir as acusações contra ela, mas também para acusar Caetano e Paula de impor à ex-governanta uma jornada de trabalho excessiva, com acúmulo de funções, e de cometer assédio moral contra a ex-empregada. O salário de Edna era de R$ 4.800, sendo dois mil "por fora", e ela pede uma indenização de R$ 2,6 milhões pelos danos morais e trabalhistas sofridos.
Em contrapartida, uma ex-funcionária de Edna passou a defender o casal e a acusar a ex-governanta. A mulher transsexual Andressa Carvalho Marques da Silva, que atualmente trabalha para o filho de Caetano, o também músico Tom Veloso, e que atuou como testemunha de defesa do tropicalista e sua esposa produtora, reforçou as acusações contra Edna. A ex-governanta demitiu Andressa "sem explicações".
Sem dar um parecer conclusivo sobre o caso, isso demonstra o quanto Caetano Veloso, ídolo das esquerdas identitárias - algumas das forças sociais mais beneficiadas, hoje, pelo atual governo Lula - , passou a viver uma vida aristocrática, a ponto dele e Paula Lavigne terem planos de saúde nos EUA. O caso do desaparecimento dos dólares do casal continua sob investigação na Justiça.
No caso da denúncia póstuma contra Gal Costa, falecida em 2022, o casal Luciana e Souza Santos e Ed Wilson, que foram funcionários da cantora baiana e de sua viúva, Wilma Petrillo, entraram com dois processos contra as ex-patroas, com pedido de indenização superior a R$ 1,141 milhão. A denúncia foi revelada pela jornalista Fábia Oliveira, do portal braziliense Metrópoles.
O casal de empregados acusa Gal e Wilma de maus tratos, como irregularidades no cumprimento de obrigações trabalhistas, que inclui até a proibição dos dois de ter compartilhadas as mesmas refeições das ex-patroas. "Muito humilhante. A pessoa está com fome, não pode comer. Com um monte de comida lá, não pode comer", disse Luciana em depoimento à repórter Patrícia Ferraz.
Luciana também revelou falta de amor na aparente relação conjugal entre Gal e Wilma, esta responsável pelo inventário deixado pela cantora. Wilma alega ter vivido com a cantora baiana durante 20 anos. "Eu nunca vi carinho", disse a ex-funcionária. Ed, o marido de Luciana, trabalhou como funcionário de serviços gerais da cantora. Os dois foram entrevistados no último domingo pelo Domingo Espetacular, da Record TV.
O casal, no seu processo, afirma nunca ter trabalhado com carteira assinada. No processo judicial, Luciana e Ed reivindicam reconhecimento da relação de emprego, o pagamento de 13º, férias, horas extras, verbas rescisórias, seguro desemprego e reajuste salarial.
Os dois incidentes arranham a reputação de dois notáveis intérpretes da MPB, símbolo do atual culturalismo vigente no Brasil governado sob Lula. E mostra o quanto Caetano e Gal, ídolos da sociedade identitarista e festiva que tomou o poder em 2022 juntamente com a burguesia repaginada que tenta ocultar as atrocidades de seus antepassados, se tornaram aristocráticos, da mesma forma que a própria elite do bom atraso, que posa de "gente simples" mas nunca abriu mão de seus privilégios extravagantes.
Já se foi o tempo em que a Tropicália prometia um futuro melhor para a cultura brasileira. O establishment caetânico, existente há algumas décadas após o verão tropicalista, tornou-se um movimento aristocrático, burguês.
Se isso ocorre com a MPB festiva e cortejada, apesar das controvérsias, pelas esquerdas identitárias, o que esperar dos novos ricos da música brega-popularesca, como funqueiros, trapeiros, piseiros e sofrentes? E ainda querem que os latifundiários bregas Chitãozinho & Xororó sejam lembrados na posteridade com sua horrível versão da já melosa "Evidências"? Que cultura devastada o Brasil tem, o que torna nosso país longe de ser uma nação desenvolvida.
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