Pular para o conteúdo principal

LULA É O PRESIDENTE DA CLASSE MÉDIA FESTIVA E CONSUMISTA


Este é um Brasil estranho, transformado em um gigantesco parque de diversões. Fala-se em reconstrução, mas desde o começo essa recuperação do "país devastado como a Faixa de Gaza" foi feita em clima de festa. A posse de Lula deu sequência não a uma posse unificada de ministros, mas a um desnecessário e oneroso festival de música.

Imagine bombeiros dançando feito garotos de programa numa missão de socorro num incêndio. Ou cirurgiões brincando de trenzinho no momento de uma cirurgia de altíssimo risco. Pois é. Vemos que o presidente Lula decepciona principalmente por transformar seu atual mandato numa brincadeira de criança, com o chefe da Nação viajando, falando e se divertindo.

Quem gosta de Lula é a classe média abastada, festiva e consumista, mas tão cheia de si que ela se acha dona de tudo: da verdade, do povo pobre, do futuro, do mundo, e do que estiver ao seu alcance. Foi tão fanática por privatização que, só agora, passou a gostar de dinheiro público, desde que financie os coletivos culturais e as festinhas de aniversário fantasiadas de "eventos" com as verbas públicas do Ministério da Educação.

Enquanto na vida real há multidões em situação de rua, pessoas à beira dos bancos dos réus apenas porque estão sem dinheiro para pagar contas, gente querendo trabalhar mas tem mais de 50 anos e ainda é passada para trás por comediantes que inventam carreira profissional paralela para roubar a vaga de quem precisa, a "bolha lulista" que se acha o "único povo viável" no Brasil vive de festas e de consumismo plenos.

Essa "bolha", composta de esquerdistas aburguesados e de neoliberais convertidos à "democracia de um homem só" de Lula, está mais preocupada em curtição, lacração, festa, consumismo. São animais voltados ao consumo voraz, tão voraz que já não sentem mais o olfato e o paladar, entorpecidos pela obsessão de agregação social, já nem gostando das coisas por prazer, mas para agradar a turma com a qual irá participar do infinito carnaval do hedonismo consumista.

Lula não parece governar de forma séria. As aparentes realizações são rápidas e fáceis demais para serem reais, e muito pouco se fez no atual mandato, dentro da média de qualquer governo neoliberal e fisiológico. Mesmo assim, os preços continuam caros, os salários estão apertados, não há democratização do critério de emprego e o sistema de valores, na essência, é o mesmo da época da ditadura. Até os ídolos religiosos, como pretensos filantropos, são os mesmos de quando o Brasil era governado pelo general Ernesto Geisel.

Se de um lado a farra bolsonarista deixou como legado a descoberta do envolvimento de Jair Bolsonaro, seus familiares e amigos num possível esquema de roubo de joias, o Brasil de Lula, se não tem essa roubalheira, tem outro problema: um estranho clima recreativo marcado principalmente pela tagarelice do presidente, pelas suas viagens excessivas e pelos comícios espetaculares que ocorrem até mesmo em cerimônias de inaugurações e anúncios de medidas.

Em Osasco, Lula inaugurou um novo campus da UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo), mas com obras incompletas. Uma aluna da Faculdade de Direito da instituição, Jamily Fernandes, resolveu usar o microfone para fazer sua cobrança:

"Depois de muita luta e 14 anos de espera, finalmente estamos presenciando a inauguração oficial de apenas metade de um novo campus da Unifesp, o qual foi aguardado ansiosamente por toda comunidade acadêmica. Em uma celebração com a presença do excelentíssimo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é necessário reforçar que as obras do campus não estão completas, e ainda nos falta o auditório, o prédio da biblioteca e a quadra e anfiteatros".


A tal reconstrução do Brasil parece mais uma brincadeira de criança, em que o espetáculo está acima dos próprios trabalhos. na obsessão de Lula perseguir uma grandeza que não existe. Afinal, seu governo será marcado pela mediocridade constrangedora, qualidade negativa que não é assumida pelas narrativas que hoje prevalecem - com os espaços de expressão praticamente dominados pela pequena burguesia metida a esclarecida - , mas que serão reconhecidas pelo passar do tempo.

Ultimamente, vemos gente querendo ser dona do futuro e se achando a proprietária de sua própria posteridade. Na religião, o retrógrado e obscurantista Espiritismo brasileiro, que é o Catolicismo medieval de botox, e seus ainda mais retrógrados e farsantes "médiuns", oacreditam num triunfalismo certeiro que não existe. Na música, Chitãozinho & Xororó e Michael Sullivan se acham "acima dos tempos". Nas redes sociais, muitos idiotas metidos a terem posse da palavra final também julgam terem pontos de vista que, ainda que inconsistentes, são por eles considerados "objetivos", "imparciais" e "atemporais".

Lula também está se impondo não somente como o dono da democracia, mas também o dono do futuro. Ele tornou-se o menino mimado da História, achando que o destino tem que lhe fazer todos os favores. É triste ver isso, ver um homem fazer o que quer e ainda querer ser aplaudido, bem sucedido e triunfante. Não defendemos a soltura de Lula para que ele passasse pelo vexame que passa atualmente, como um presidente da classe média abastada, festiva e consumista.

Da mesma forma, não defendemos a libertação de Lula para ele tratar o mandato presidencial como se fosse uma brincadeira, com ele mais preocupado em parecer animador de auditório do que num governante gestor. Os progressos do Brasil estão sendo poucos e bem menos do que os relatórios anunciam, e se Lula não é o culpado direto pelo aumento do dólar, ele é culpado por consentir com a permanência de Roberto Campos Neto no Banco Central, um dos preços caros que a "democracia" de Lula acabou custando para o povo brasileiro.

Favor não confundir "povo brasileiro" com a bolha social do lulismo e seus propagandistas, pois estes são da classe média abastada, bem de vida e de bem com a vida, e cheia de dinheiro para consumir, feito animais famintos, tudo o que for de supérfluo e hedonista que estiver ao seu alcance. Coisa que faz sentido neste Brasil transformado em um parque de diversões.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PESQUISISMO E RELATORISMO

As mais recentes queixas a respeito do governo Lula ficam por conta do “pesquisismo”, a mania de fazer avaliações precipitadas do atual mandato do presidente brasileiro, toda quinzena, por vários institutos amigos do petista. O pesquisismo são avaliações constantes, frequentes e que servem mais de propaganda do governo do que de diagnóstico. Pesquisas de avaliação a todo momento, em muitos casos antecipando prematuramente a reeleição de Lula, com projeções de concorrentes aqui e ali, indo de Michelle Bolsonaro a Ciro Gomes. Somente de um mês para cá, as supostas pesquisas de opinião apontavam queda de popularidade de Lula, e isso se deu porque os próprios institutos foram criticados por serem “chapa branca” e deles se foi cobrada alguma objetividade na abordagem, mesmo diante de métodos e processos de pesquisa bastante duvidosos. Mas temos também outro vício do governo Lula, que ninguém fala: o “relatorismo”. Chama-se de relatorismo essa mania de divulgar relatórios fantásticos sobre s...

SIMBOLOGIA IRÔNICA

  ACIMA, A REVOLTA DE OITO DE JANEIRO EM 2023, E, ABAIXO, O MOVIMENTO DIRETAS JÁ EM 1984. Nos últimos tempos, o Brasil vive um período surreal. Uma democracia nas mãos de um único homem, o futuro de nosso país nas mãos de um idoso de 80 anos. Uma reconstrução em que se festeja antes de trabalhar. Muita gente dormindo tranquila com isso tudo e os negacionistas factuais pedindo boicote ao pensamento crítico. Duas simbologias irônicas vêm à tona para ilustraresse país surrealista onde a pobreza deixou de ser vista como um problema para ser vista como identidade sociocultural. Uma dessas simbologias está no governo Lula, que representa o ideal do “milagre brasileiro” de 1969-1974, mas em um contexto formalmente democrático, no sentido de ninguém ser punido por discordar do governo, em que pese a pressão dos negacionistas factuais nas redes sociais. Outra é a simbologia do vandalismo do Oito de Janeiro, em 2023, em que a presença de uma multidão nos edifícios da Praça dos Três Poderes, ...

A PRISÃO DE MC POZE E O VELHO VITIMISMO DO “FUNK”

A prisão do funqueiro e um dos precursores do trap brasileiro, o carioca MC Poze do Rodo, na madrugada de ontem no Rio de Janeiro, reativou mais uma vez o discurso vitimista que o “funk” utiliza para se promover. O funqueiro, cujo nome de batismo é Marlon Brandon Coelho Couto Silva, e que já deixou a Delegacia de Repressão a Entorpecentes para ir a um presídio no bairro carioca de Benfica, tem entre o público da Geração Z e das esquerdas identitárias a reputação que Renato Russo teve entre o público de rock dos anos 1980, embora o MC não tenha 0,000001% do talento, pois se envolve em um ritmo marcado pela mais profunda precarização artístico-cultural. No entanto, MC Poze do Rodo foi detido por acusações de apologia ao crime organizado, ao porte ilegal de armas e à violência. Em várias vezes, Poze aparecia com armas nas fotos das redes sociais, o que poderia sugerir um funqueiro bolsonarista em potencial. A polícia do Rio de Janeiro enviou o seguinte comunicado:: “De acordo com as inves...

O ATRASO CULTURAL OCULTO DA GERAÇÃO Z

Fico pasmo quando leio pessoas passando pano no culturalismo pós-1989, em maioria confuso e extremamente pragmático, como se alguém pudesse ver uma espessa cabeleira em uma casca de um ovo. Não me considero careta e, apesar dos meus 54 anos de idade, prefiro ir a um Lollapalooza do que a um baile de gala. Tenho uma bagagem cultural maior do que mimha idade sugere, pelas visões de mundo que tenho, até parece que sou um cidadão mediano de 66 anos. Mas minha jovialidade, por incrível que pareça, está mais para um rapazinho de 26 anos. Dito isso, me preocupa a existência de ídolos musicais confusos, que atiram para todos os lados, entre um roquinho mais pop e um som dançante mais eroticamente provocativo, e no meio do caminho entre guitarras elétricas e sintetizadores, há momentos pretensamente acústicos. Nem preciso dizer nomes, mas a atual cena pop é confusa, pois é feita por uma geração que ouviu ao mesmo tempo Madonna e AC/DC, Britney Spears e Nirvana, Backstreet Boys e Soundgarden. Da...

LÉO LINS E A DECADÊNCIA DE HUMORISTAS E INFLUENCIADORES

LÉO LINS, CONDENADO A OITO ANOS DE PRISÃO E MULTA DE MAIS DE R$ 300 MIL POR CONTA DE PIADAS OFENSIVAS. Na semana passada, a Justiça Federal, através da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo, condenou o humorista Léo Lins a oito anos de prisão, três deles em regime inicialmente fechado, e multa no valor de R$ 306 mil por fazer piadas ofensivas contra grupos minoritários.  Só para sentir a gravidade do caso, uma das piadas sugere uma sutil apologia ao feminicídio: "Feminista boa é feminista calada. Ou morta". Em outra piada machista, Léo disse: "Às vezes, a mulher só entende no tapa. E se não entender, é porque apanhou pouco". Léo também fez piadas agredindo negros, a comunidade LGBTQIA+, pessoas com HIV, indígenas, evangélicos, pessoas com deficiência, obesos e nordestinos, entre outros. O vídeo que inspirou a elaboração da sentença foi o espetáculo Perturbador, um vídeo gravado em 2022 no qual Léo faz uma série de comentários ofensivos. Os defensores de Léo dizem qu...

ELITE DO BOM ATRASO PIROU NAS REDES SOCIAIS

A BURGUESIA DE CHINELOS NÃO QUER OUTRO CANDIDATO EM 2026. SÓ QUER LULA. A elite do bom atraso, a “frente ampla” social que vai do “pobre de novela” - tipo que explicaremos em outra postagem - ao famoso muito rico, mas que inclui também a pequena burguesia e a parcela “legal” da alta burguesia, enlouqueceu nas redes sociais, exaltando o medíocre governo Lula e somente desejando ele para a Presidência da República na próxima eleição. Preso a estereótipos que deixaram de fazer sentido na realidade, como governar para os pobres e deixar a classe média abastada em segundo plano, Lula na prática expressa um peleguismo que é facilmente reconhecido por proletários, camponeses, sem-teto e servidores públicos, que veem o quanto o presidente “quer, mas não quer muito” trabalhar para o bem-estar dos brasileiros. Lula tem como o maior de seus inúmeros erros o de tratar a reconstrução do Brasil como se fosse uma festa. Esse problema, é claro, não é percebido pela delirante elite do bom atraso que, h...

GOVERNO LULA AGRAVA SUA CRISE

INDICADO POR LULA PARA O BANCO CENTRAL, GABRIEL GALÍPOLO PREFERIU MANTER OS JUROS ALTOS "POR MUITO TEMPO". Enquanto o governo Lula limita gastos mensais com universidades federais, a farra das ONGs nas ditas “emendas parlamentares” é de R$ 274 milhões. Na viagem para a China, Lula é acusado de gastar café com valor equivalente a R$ 56 e de conprar um terno no valor equivalente a R$ 850. Quanto às universidades públicas, a renomada Academia Brasileira de Ciências acusa o governo Lula de desmontar as instituições de ensino superior público através desses cortes financeiros. Lulistas blindam Janja quando ela quebrou o protocolo da conversa entre o marido e o presidente chinês Xi Jinping, para falar de sua preocupação com o Tik Tok. Em compensação, Lula não cumpriu a promessa de implantar o Plano Nacional de Transição Energética, que iria tirar o Brasil da dependência de combustível fóssil. Mas o presidente ainda quer devastar a Amazônia Equatorial para extrair mais petróleo. Lul...

QUANDO A CAPRICHO QUER PARECER A ROCK BRIGADE

Até se admite que o departamento de Jornalismo das rádios comerciais ditas “de rock” é esforçado e tenta mostrar serviço. Mas nem de longe isso pode representar um diferencial para as tais “rádios rock”, por mais que haja alguma competência no trabalho de seus repórteres. A gente vê o contraste que existe nessas rádios. Na programação diária, que ocupa a manhã, a tarde e o começo da noite, elas operam como rádios pop convencionais, por mais que a vinheta estilo “voz de sapo” tente coaxar a palavra “rock”. O repertório é hit-parade, com medalhões ou nomes comerciais, e nem de longe oferecem o básico para o público iniciante de rock. Para piorar, tem aquele papo furado de que as “rádios rock” não tocam só os “clássicos”, mas também as “novidades”. Papo puramente imbecil. É aquela coisa da padaria dizer que não vende somente salgados, mas também os doces. Que diferença isso faz? O endeusamento, ou mesmo as passagens de pano, da imprensa especializada às rádios comerciais “de rock” se deve...

A ILUSÃO DE QUERER PARECER O “MAIS LEGAL DO PLANETA”

Um dos legados do Brasil de Lula 3.0 está na felicidade tóxica de uma parcela de privilegiados. A obsessão de uns poucos bem-nascidos em parecer “gente legal”, em atrair apoio social, os faz até manipular a carteirada para cima e para baixo, entre um sentimento de orgulho aqui e uma falsa modéstia ali, sempre procurando mascarar a hipocrisia que não consegue se ocultar nas mentes dessas pessoas. Com a patrulha dos negacionistas factuais, “isentões” designados para promover o boicote ao pensamento crítico nas redes sociais, a “boa” sociedade que é a elite do bom atraso precisa parecer, aos olhos dos outros, as mais positivas possíveis, daí o esforço desesperado para criar um ambiente de conformidade e até de conformismo, sobretudo pela perigosa ilusão de acreditar que o futuro do Brasil será conduzido por um idoso de 80 anos. Quando ouvimos falar de períodos de supostas regeneração e glorificação do “povo brasileiro”, nos animamos no primeiro momento, achando que agora o Brasil será a n...

APOIO DAS ESQUERDAS AO "FUNK" ABRIU CAMINHO PARA O GOLPE DE 2016

MC POZE DO RODO, COM SEU CARRO LAMBORGHINI AVALIADO EM TRÊS MILHÕES DE REAIS. A choradeira das esquerdas médias diante da prisão de MC Poze do Rodo tenta reviver um hábito contraído há 20 anos, quando o esquerdismo passou a endossar o discurso fabricado pela Rede Globo e pela Folha de São Paulo para "socializar" o "funk", um dos ritmos do comercialismo brega-popularesco que passou a blindar por uma elite de intelectuais sob inspiração do antigo IPES-IBAD, só que sob uma retórica "pós-tropicalista". A revolta contra a prisão do funqueiro e alegações clichês como "criminalização da cultura" e "realidade da favela" feita por parlamentares e jornalistas da mídia esquerdista se tornam bastante vergonhosas e, em muitos casos, descontextualizada com a real preocupação com as classes pobres da vida real, que em nenhum momento são representadas ou se identificam com o "funk" ou o trap. O "funk" e o trap apenas falam sobre o ...