Tão preocupante quanto às confusões mentais de Joe Biden, candidato à reeleição para a Presidência dos EUA, é Lula, presidente do Brasil, cometer sucessivas gafes, mesmo quando tenta evitar o discurso improvisado se restringindo à leitura do texto. Pois a gafe não foi, evidentemente, na leitura do texto, escrito por uma equipe de assessores, mas no comentário que se antecedeu a ele.
No encerramento da 5ª Conferência dos Direitos das Pessoas com Deficiência, ontem, em Brasília, Lula, mesmo com tal restrição à leitura do texto, que o presidente admitiu ser consequência de um alerta de sua esposa, Rosângela da Silva, a Janja, a gafe veio ao classificar as pessoas com limitações físicas de "essa gente", num tom que soa como uma jocosa ironia.
"A Janja me alertou uma coisa: ‘amor, tome cuidado com cada palavra que você vai falar, porque essa gente tem a sensibilidade aguçada’".
Em seguida, Lula veio com uma "autodepreciação" ao se definir como "analfabeto", uma adjetivação que serve de munição para os antipetistas, que ainda estão muito fortes e numerosos no Brasil atual:
"Eu decidi ler para não falar nenhuma palavra que possa me criar problema. Também, se eu falar alguma palavra, vocês sabem que nesse assunto vocês são os especialistas. Vocês sabem que eu sou um analfabeto que precisa aprender muito com vocês".
Esse discurso de dizer que os deficientes são "especialistas" foi uma forma de corrigir uma gafe cometida no ano passado, quando o presidente disse que eles "têm problema de parafuso". No evento em questão, Lula lançou o Sistema Nacional de Cadastro da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, que será comandado pelo ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida.
Lula, na ocasião, cometeu ainda outra gafe, a de usar o termo capacitista "portador", e o presidente foi avisado pela primeira-dama para mudar o termo para "pessoa com deficiência", no momento em que ele apresentava um livro do fotógrafo Sebastião Salgado.
"É o seguinte, você tem um livro que a pessoa que estiver acompanhando, o portador pode ir lendo o que ele está tateando com a mão".
Mas foi em outra ocasião que Lula cometeu outra gafe vergonhosa. Foi um dia antes, 16 de julho, quando o presidente participava de uma reunião com empresários do setor de alimentos em Brasília. Comentando um estudo que afirma que os atos de violência contra a mulher acontecem em grande parte após o fim das transmissões de partidas de futebol, o presidente brasileiro veio com esta:
"Hoje eu fiquei sabendo de uma notícia triste. Eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de um jogo de futebol aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu, mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente".
Infelizmente, Lula está abusando muito de sua mania de opinar. Seu governo está medíocre por causa disso: poucas ações, muito discurso, muito falatório, muita opinião, menos ação. Ação até existe, mas longe do que se esperaria de um líder que criou expectativas em dimensões estratosfericas nas mentes da população.
A impressão que se tem é que Lula age assim por conta de algum problema de saúde que o faz ter o impulso psicológico de ficar opinando e cometendo gafes. Isso é muito preocupante, e, apesar de ser uma atitude diferente da de Joe Biden, tem em comum o fato de que os dois políticos indicam exaustão devido à idade avançada.
Não sou etarista e acho que um idoso, se tiver condições para trabalhar e atuar com muita lucidez e o que ainda permanece de forças pessoais, pode muito bem desempenhar tais tarefas. Paul McCartney e Bob Dylan estão em turnê e o cantor estadunidense, aliás, deu uma grande lição de sabedoria quando proibiu que a plateia utilizasse celulares e máquinas fotográficas, pois isso vai contra o propósito de ver e sentir o artista apresentando seu repertório no palco.
Mas isso não é o caso de Joe Biden nem de Lula, que demonstram muito doentes. Lula está com aparência mais velha que seus 79 anos, e até suas mãos estão com manchas de alguém com cem anos de idade. Ambos estão com as vozes cansadas e Lula indica ter escondido o câncer, inventando que só teve leucoplasia, uma doença na garganta, e as dores no quadril, para evitar que os bolsonaristas explorassem a doença grave do petista.
No caso de Biden e Lula, a lição seria de que, em certos momentos da vida, existe a hora de parar. Lula não está com a boa performance política que teve nos dois mandatos anteriores e mesmo a proliferação de relatórios e estatísticas com supostos êxitos de seu governo e supostas pesquisas sobre aprovação do governo soa fácil, rápida, constante e espalhafatosa para representar a realidade, até porque os fatos indicam o contrário disso.
Produtos custando ainda muito caro, salários baixos que não conseguem arcar com os orçamentos familiares, pobres da vida real falando mal de Lula, convulsões sociais que fazem do nosso Brasil um caos. São fatos que eu vejo e não posso fingir que eles não acontecem, só para agradar o "Clube de Assinantes VIP" da "democracia lulista".
Lula, hoje, representa uma política que envelheceu mal, tornando-se tão antiquada que sua "democracia" mais parece uma versão mais benevolente do governo do general Ernesto Geisel, e por sorte os apoiadores de Lula são, em sua quase totalidade, das mesmas elites que foram, de certo modo, beneficiadas pelo "milagre brasileiro" e possuem uma significativa quantidade de dinheiro para torrar com supérfluos.
Partem dessas elites a narrativa, predominante nas redes sociais, de que Lula faz, hoje, o melhor governo de toda a história da República brasileira. Claro, essas elites que compõem a burguesia de chinelos, os pobres de novela e os famosos hedonistas, em verdade, sempre viveram na opulência financeira e brincam de ser Primeiro Mundo desde, pelo menos, os tempos do AI-5. Para eles fica fácil exaltar Lula e querer que o petista seja reeleito para mais 40 anos de governo. A chance de ganhar dinheiro público da Lei Rouanet para liberar as fortunas pessoais dessa classe festiva só existe com Lula no poder.
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