OS ENREDOS DO SERIADO SCOOBY-DOO, LANÇADO EM 1969, SERVIRIAM PARA DENUNCIAR O CHARLATANISMO RELIGIOSO BRASILEIRO.
Nosso Brasil está culturalmente tão devastado que muitos dos alertas sobre nossos problemas são de fontes estrangeiras. A desigualdade surreal das injustiças humanas se encontra na literatura de Franz Kafka, no âmbito trágico, e no cinema de Luís Buñuel, no âmbito cômico. A hipocrisia humana das elites se encontra na literatura de Oscar Wilde.
Um seriado de desenho animado estadunidense que, desde o começo dos anos 1970, fez parte da infância de muitos brasileiros, poderia também trazer lições contundentes sobre farsantes religiosos que insistem em ser tratados como quase unanimidades intocáveis.
O seriado da turma do Scooby-Doo, cuja temporada original, lançada em 1969, se intitulava Scooby-Doo, Where Are You?, é uma produção da Hanna-Barbera Productions e uma criação dos dois funcionários de William Hanna e Joseph Barbera, Joe Ruby e Ken Spears.
Ruby e Spears trabalhavam desde os primórdios da empresa mas que, nos anos 1970, deixaram a companhia para criarem uma produtora própria, que fez parceria com DePatie-Freleng Productions (produtora de A Pantera Cor-de-Rosa (Pink Panther), fundada por dois ex-funcionários da Warner envolvidos na série Looney Tunes, David DePatie e Friz Freleng), da qual o maior sucesso no Brasil foi o seriado Missão Quase Impossível (The Houndcats).
Como produtora própria, Ruby e Spears produziram sucessos como Marmaduke e Heathcliff, também exibidos na TV brasileira, assim como Mini Polegar (conhecido pelo cachorro Yogui, Yukk no original, um cão feioso que escondia seu rosto repulsivo com uma casinha de miniatura) e Bicudo, o Lobisomem (Fangface), respectivamente inspirados nas criações da dupla na Hanna-Barbera, Dinamite, o Bionicão (Dynomutt, the Dog Wonder) e em Scooby-Doo, neste caso com semelhanças até na abertura.
Quanto a Scooby-Doo, sabe-se que é um seriado de crime e mistério, com toques eventuais de comédia, que envolvem um grupo de jovens: o galã Fred e sua musa Daphne, a sardenta Welma, o franzino Salsicha (Shaggy, no original) e seu cachorro Scooby. O grupo percorre as estradas dentro de um furgão, a Máquina Mistério (Mystery Machine, no original).
O que chama a atenção nos enredos do seriado do Scooby-Doo - que se desdobrou, ao longo dos anos, em temporadas diferentes) é que, de início, o grupo entra em uma casa ou fazenda, fala com o dono da propriedade, e depois conhece um ajudante que, após uma longa sequência de supostas assombrações e intrigas, é depois desmascarado como o vilão da estória.
É bom chamar a atenção desse personagem vilão, em que pese variações em cada episódio da série, pelo menos em suas temporadas originais de 1969 e 1970. Em boa parte dos episódios, o vilão desmascarado é um ajudante de casa ou de fazenda, geralmente um sujeito franzino, mal-humorado e feioso.
E aí entra a religião do Espiritismo brasileiro, cujo maior ídolo, o "médium da peruca" (iniciais são as consoantes da palavra "caixa"), que era franzino, mal-humorado e feioso. E era ajudante de fazenda, a serviço dos "coronéis" do gado zebu do Triângulo Mineiro, caso que detalharemos em outra oportunidade.
Pois o "médium", uma das figuras mais retrógradas, reacionárias e ultraconservadoras da história da religiosidade brasileira, tem uma trajetória bastante sinistra: sua "psicografia" era fake (psicografake), pois as obras "mediúnicas" sempre apresentavam problemas quanto a aspectos pessoais dos autores espirituais alegados, sua caridade era fajuta (tipo a que se vê com Luciano Huck ou com qualquer político do interior do Brasil) e sua trajetória é marcada pela morte suspeita de um sobrinho.
O charlatão religioso quase foi para a cadeia há 80 anos, por causa do caso Humberto de Campos. Foi beneficiado pela impunidade por um juiz suplente e medíocre, e o "médium", oportunista, foi depois assediar o filho homônimo do lesado escritor (cujo nome foi usurpado pelo "médium" depois de sua morte prematura em 1934), que passou o pano naquele que usou o nome de seu pai em obras de igrejismo medieval.
Apesar disso, e apesar das aversões socioculturais do "médium", que odiava esquerdistas, roqueiros, musas sensuais e o movimento LGBTQIA+, recebia de pessoas dessas causas um apoio digno da Síndrome de Estocolmo. A ditadura militar fez do charlatão, que transformou a doutrina de Allan Kardec num chiqueiro e ainda blindou o criminoso João de Deus, em um pretenso símbolo de "paz, solidariedade e amor ao próximo", com uma narrativa montada pela Rede Globo, durante a ditadura militar, para combater o progressismo da Teologia da Libertação.
Hoje se tenta reabilitar o "médium", cujo nome é ostentado em anúncios de bancas que vendem seus livros obscurantistas. O Espiritismo brasileiro tenta se promover a partir do fenômeno pseudocult da novela A Viagem, enquanto páginas de entretenimento de segundo escalão citam listas de filmes estrangeiros tidos como "espíritas". Até no perfil de piadas maliciosas Porra, Maurício, dedicado à Turma da Mônica no Reddit, resolveu descontextualizar e apresentar uma lista de obras "espíritas" criadas por Maurício de Souza e sua equipe.
Isso é muito assustador, porque o Espiritismo brasileiro - que eu segui durante 28 anos e só tive prejuízo com essa religião que é o Catolicismo medieval de botox - é o braço religioso da elite do bom atraso, a burguesia brasileira que se acha "dona de tudo" e que está dominando o Brasil, causando estragos na cultura, no mercado de trabalho e na vida das pessoas comuns.
O "médium da peruca" nunca é desmascarado, causando inveja ao seu quase homônimo Frank Abagnale Jr., consultor financeiro que havia sido o farsante retratado no filme Prenda-Me Se For Capaz (Catch Me If You Can), de Steven Spielberg. Nem a morte suspeita do sobrinho, Amauri Pena, nem a defesa da ditadura de fazer o Cabo Anselmo ficar de queixo caído e nem a defesa da Teologia do Sofrimento (espécie de "holocausto" defendido com palavras "dóceis") fazem com que o "médium" seja revelado como um grande e preocupantemente terrível farsante religioso.
Até quando os muitos erros, vários deles vergonhosos, que o "médium" cometeu em sua carreira, são reconhecidos, o pessoal prefere passar pano. Quando um jornalista investigativo ou cético se envolve com a trajetória do "médium", as flanelas substituem as canetas, lápis e o teclado de digitação, com a complacência babando feito saliva com mau hálito.
Tivemos os alertas de Erasto de Paneas, que, no tempo de Allan Kardec, alertou sobre farsantes religiosos. Tivemos os alertas de escritores renomados como Osório Borba e Malba Tahan. Tivemos as denúncias de Amauri Pena, as fraudes denunciadas pelo conhecido José Hamilton Ribeiro, jornalista do Globo Rural que trabalhou na revista Realidade. Mas nada consegue desmascarar o maior farsante religioso da História do Brasil, cujo reacionarismo faria Silas Malafaia parecer Che Guevara no modo poeta.
E o mais grave é que nem os alertas indiretos de Joe Ruby e Ken Spears quanto a ajudantes de fazendeiros que forjam assombrações para assustar e obter poder, foram suficientes para desmascarar o "médium da peruca". Só faltava a turma do Scooby-Doo dar um pulo em Uberaba, para desmascarar de vez mais um farsante que continua assombrando a vida de muitos brasileiros que adoram serem enganados de graça, mas pagando caro com infortúnios e adversidades muito pesadas.
Dizem que o Espiritismo brasileiro é a religião do desapego. Grande engano. Para começar, seus seguidores e simpatizantes são apegados ao "médium da peruca", num processo de submissão que chega aos níveis da obsessão. Ver pessoas obsediadas assim preocupa, e muito, e o que mais preocupa é ver um farsante religioso sem chance alguma de ser desmascarado. Triste Brasil.
MENSAGEM ABERTA PARA O PERFIL DE ELAINE BAST, QUE PUBLICOU POSTAGEM NO INSTAGRAM SOBRE A MACABRA BONECA ANNABELLE
(NÃO PUDE PUBLICAR NOS COMENTÁRIOS DO INSTAGRAM POR CAUSA DAS DIRETRIZES DA PLATAFORMA DIGITAL, MAS SEGUE O TEXTO ABAIXO):
"Elaine, desculpe ser desagradável a todos, mas segui uma religião que, embora bastante adorada por muitos, trouxe azar para muita gente e eu mesmo fui vítima desse mau agouro. Seu maior pregador foi um suposto "médium", um sujeito ranzinza e retrógrado, acusado de fazer literatura fake, que foi defensor árduo da ditadura militar e tem até em sua trajetória a morte suspeita de um sobrinho (que o "médium" não matou, mas Manchete de 09-08-1958 alertou que parte do "movimento espírita" fez ameacas de morte ao rapaz) que iria denunciar o tio. O "médium" também acobertou os crimes do João de Deus, já denunciado em 1993. O tal "médium" macabro é muito conhecido, nem deveria ser adorado sequer pela suposta caridade, pois ela era muito fajuta e deixava os pobres em situação constrangedora para receber mantimentos (poucos e que se esgotavam facilmente) e enganava as famílias com mensagens "psicografadas" estranhamente padronizadas. E, pasmem, até o José Hamilton Ribeiro (Globo Rural) desmascarou o "médium" (revista Realidade) e ninguém percebeu. E o "médium", que foi ajudante de fazendeiros e autoridades de Uberaba, lembrava muito, pasmem também, aqueles ajudantes de fazenda que costumam ser revelados como vilões de um seriado de animação. Se não damos ouvidos a dois cartunistas estadunidenses quanto a charlatães religiosos, estamos perdidos. Perto do "bonondoso médium" e suas pregações para todo mundo continuar sofrendo para comprar um lugar no céu, Annabelle é fichinha. Leiam esse texto, que fala do tal seriado de animação, também muito famoso".
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