REPRESENTANTE DA BURGUESIA "BACANA" CARIOCA, O PREFEITO DO RIO DE JANEIRO, EDUARDO PAES, SE AFIRMA ALIADO DE LULA.
Vivemos sobre a supremacia de uma burguesia que se acha "bacana" e "esclarecida", que não suporta ler textos que questionem a "realidade" estabelecida, porque nossas elites acham que estão construindo um mundo, que, sendo para elas, se faz acreditar que se trata de um "mundo para todos".
Fora da bolha social do Brasil-Instagram, a "República Democrática do Instagram e do Tik Tok" que luta contra a "tirania de plástico" do X, o povo pobre, se sentindo abandonado e traído por Lula, o pelego presidente, resolveu dar seus recados.
Depois do protesto oculto dos pobres usarem a micharia do Bolsa Família para apostas esportivas - as chamadas bets - , na esperança, ainda que vã, de ganhar mais dinheiro, agora é a situação dos votos da população pobre, a chamada "periferia", que votou em massa no bolsonarista André Fernandes, que virou o placar contra o petista Evandro Leitão com uma respectiva porcentagem de 40% contra 34%, levando a disputa para a prefeitura de Fortaleza para o segundo turno.
O que assusta é que vivemos a onda do cancelamento cultural que anda sendo orquestrado, ultimamente, pela burguesia através de sua positividade tóxica, que promove boicotes contra textos que questionem valores "estabelecidos", num momento em que os velhos valores das classes dominantes tentam ser ressignificados para uma narrativa politicamente correta, hoje respaldada pelo governo Lula.
As narrativas hoje da suposta realidade brasileira vivem o monopólio de uma elite que se acha "esclarecida" só porque tem muito dinheiro, muitos seguidores da Internet e seus pontos de vista têm trânsito livre na opinião pública, por mais delirantes que eles sejam.
Uma gíria da Faria Lima, Jovem Pan e Luciano Huck como "balada" - que o UOL, da família Frias, ainda tenta difundir a todo custo - , tem mais facilidade de se propagar do que uma expressão como "valentonismo", que proponho como tradução em português para bullying.
A elite do bom atraso não iria revelar a realidade de que humilhar o próximo nas escolas é um fenômeno antigo, tentando nos fazer crer que o tal bullying, fenômeno identificado até num livro como O Ateneu (1888), de Raul Pompeia, foi inventado pelo massacre de Columbine, em Colorado (EUA), em 1999.
As classes populares se sentem abandonadas e traídas por Lula, mas essa realidade contundente não pode ter valor. O que tem que prevalecer é sempre a narrativa de uma classe privilegiada, num momento em que os netos das velhas elites golpistas que derrubaram João Goulart e pediram o AI-5 agora posam de "bacanas" e cooptaram o apoio das esquerdas médias para criar uma "democracia" que só serve aos interesses de 10% da população brasileira.
Há uma luta das classes dominantes em tentar "ressignificar", nas narrativas oficiais, tudo o que a direita moderada produz, propaga e defende, reforçando os "brinquedos culturais" que as esquerdas infantilizadas mantém com apego doentio, transformando o Brasil numa novela das 21 horas da Rede Globo, servida para uma sociedade hipermidiatizada, marionete dos barões da mídia, mas que jura ter "somente assistido o canal Netflix desde os anos 1980 (sic)".
Vemos as esquerdas domesticadas e fiquei abismado com o nível de infantilidade da campanha dos vereadores do PSOL na Avenida Paulista, usado e abusado pela esquerda festiva e identitária. Até carteiradas como "mulher trans, negra, pobre e feminista" foram divulgadas, sem qualquer benefício real para esses grupos sociais, quando estão fora das bolhas carnavalescas do lulismo de hoje em dia. Dizendo isso hoje, Dia das Crianças, faz muito sentido quando se vê uma boa parcela das esquerdas se comportar como se fossem criancinhas mimadas de 12 anos.
O próprio Lula decepcionou quem está fora desse bacanal supostamente democrático de hoje. A burguesia não quer admitir, e ela, mesmo posando hoje de "democrática" e "amante da liberdade e da justiça social", tem seus surtos golpistas quando não suporta o senso crítico, promove boicote a textos questionadores que escapam das narrativas "saudáveis" e "equilibradas" que o grande consórcio da mídia jornalística e da indústria do entretenimento divulgam em larga escala.
Não se pode deixar vazar a realidade de que Lula tornou-se um grande pelego, termo que remete ao antigo representante dos oprimidos que faz alianças secretas com os opressores, tendo sempre que "ressignificar" e "reinterpretar" qualquer estranheza que o presidente brasileiro cometesse, sempre no esforço de manter o ídolo petista como um fetiche de "tudo de bom" na sociedade brasileira.
Daí vemos o quanto as esquerdas se tornaram infantilizadas e aliadas à burguesia "esclarecida" na qual se notam empresários e coaches esbanjando falsa conscientização social, todos com sorrisos permanentes, falando em "inovações" e "estratégias" com seu "humanismo de festa de gala". Esquecemos o quanto o yuppismo gerado do Vale do Silício fez escola para a elite ilustrada da Faria Lima.
E aí chegamos à foto que ilustra esta postagem, quando o direitista moderado Eduardo Paes, representante da burguesia ilustrada da Barra da Tijuca, demonstra apoio entusiasmado a Lula, a ponto de afirmar que defende a reeleição do presidente. Isso diz muito quando se vê que o tucanato clássico e seus herdeiros agora estão com a "democracia de um homem só" de Lula, deixando o antigo PSDB se envelhecer como um acampamento político da ultradireita dente-de-leite.
Isso mostra o quanto o esquerdismo brasileiro se tornou domesticado, em que pese o exército de narrativas que tente ocultar essa realidade. Daí que vemos o quanto nossas esquerdas apenas tomaram emprestado o protagonismo da burguesia pós-2016, que botou todo o legado golpista na conta de uns radicais (de Sérgio Moro a Pablo Marçal, passando por Kim Kataguiri, Jair Bolsonaro, Carla Zambelli e Silas Malafaia, entre outros) para depois renascer repaginada como a velha elite travestida de "nova". E somos aconselhados a acreditar sempre nessa ilusão. A realidade que se dane.
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