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LÁ FORA, SE COMBATE A FARSA RELIGIOSA. AQUI SÓ SE PASSA PANO


No Primeiro Mundo, com países com mais de dois mil anos de existência, o senso crítico e o faro investigativo são estimulados, mesmo que sacrifiquem a reputação de muitos ídolos e pessoas influentes, pois a integridade e a dignidade da espécie humana estão acima de indivíduos, mesmo os que gozam de visibilidade e prestígio.

Aqui no Brasil, apesar da arrogância da elite do bom atraso, que teima em insistir que nosso país se tornará desenvolvido em 2026 - aquele papo de "bota o Brasil no Primeiro Mundo e depois a gente conversa" - , o atraso sociocultural atinge níveis catastróficos de fazer o filme Inferno na Torre parecer Cantando na Chuva.

Um exemplo disso é quanto à farsa religiosa. Lá fora, se desmascaram charlatães religiosos com coragem e empenho, como se vê no caso não só de pastores evangélicos que praticam extorsão nos seus cultos, mas de fenômenos como a Cientologia, denunciada por uma destemida Leah Remini, conhecida atriz estadunidense.

O jornalista Christopher Hitchens, falecido em 2011, havia denunciado as atrocidades de Madre Teresa de Calcutá, a megera que mais parece uma sósia live action da vilã Bruxa do Mar (Sea Hag) dos desenhos do Popeye. Ela explorou os miseráveis, que eram tratados sem higiene nem medicação adequada, eram mal-alimentados e expostos à contaminação uns com os outros.

Mas este é apenas um aspecto principal da "santa" que foi canonizada por um falso milagre que, no Brasil, creditou uma intoxicação alimentar como se fosse um câncer terminal. Creio que esta observação não foi creditada no livro do médico britânico-indiano Aroup Chatterjee, entrevistado por Hitchens nas reportagens que deram no livro e documentário Anjo do Inferno (Hell's Angel), sobre a pretensa "mãe dos pobres".

O livro se intitula Mother Teresa: The Final Verdict, recém-lançado e que relembra as acusações que Hitchens havia descrito nos seus trabalhos. Chaterjee lembra das atrocidades da freira contra os pobres, que recebiam injeções de seringas reutilizadas, coisa de fazer a Cracolândia ficar de queixo caído.

Madre Teresa arrecadava dinheiro para os dirigentes do Vaticano, apoiava ditadores e recebia doações deles, e foi condecorada pelo presidente dos EUA, Ronald Reagan, que financiava o extermínio em massa em países da América Central. Madre era contra o aborto em qualquer ocasião e era seguidora da Teologia do Sofrimento, corrente radical do Catolicismo da Idade Média.

É certo que nada disso impediu a transformação de Madre Teresa em "santa". Mas, apesar dessa atribuição, poucos levam a sério essa condição, diante de denúncias tão contundentes, trazidas sob a mais fiel investigação jornalística e legitimada pela mais isenta pesquisa universitária. E Chatterjee não deixa o legado de Hitchens cair no esquecimento, ao lançar este importante livro.

E aqui, o que temos?

O que temos é a passagem de pano mais subserviente e complacente a impostores religiosos, coisa que apenas parcialmente se resolveu quando se combateu a extorsão da fé dos pastores neopentecostais, traduções brasileiras dos pastores evangélicos dos EUA que, da alta reputação conquistada em programas arrendados em redes de TV, eram derrubados como castelos de areia atingidos por uma leve onda do mar.

Mas o pior caso, os charlatães do Espiritismo brasileiro - religião que, na prática, é apenas rótulo e fachada que mascara um Catolicismo medieval jesuíta que imperou no Brasil colonial e foi relançado sob o disfarce denominado "kardecismo" - , estes são blindados até as últimas consequências, até porque a religião "espírita", juntamente com a Legião da Boa Vontade, servem de "lavagem de dinheiro" de empresários e magnatas comprometidos com o neoliberalismo "democrático", diferente do apoio dos neopentecostais ao bolsonarismo.

Por isso, temos um "médium" charlatão que usava peruca e atuava como inspetor de gado zebu em Uberaba, a cidade mineira onde o barato sai caro. Ou seja, um típico vilão de desenho do Scooby-Doo: ajudante de fazendeiro que tentava intimidar as pessoas com "fantasmas" e era depois desmascarado. 

Quer dizer, o vilão era desmascarado no desenho animado conhecido entre nós, porque o vilão da vida real, mesmo com denúncias sendo divulgadas de forma ampla a cada dia, recebe mais passagem de pano do que móveis de castelo mal-assombrado. Daí que a peruca do "médium" saía sempre brilhando, com as esfregadas de flanelas da multidão complacente.

Contra o "médium" há acusações de fazer a franquia Sexta-Feira 13 parecer comédia pastelão, a partir do fato de ter sido pioneiro na literatura fake, com o "livro do Párnaso" de 1932 prometendo trazer poemas espirituais de autores mortos mas só trouxe o estilo do "médium" sob vários pseudônimos, de Olavo Bilac e Castro Alves a Auta de Souza e Augusto dos Anjos. Por essa "façanha", podemos definir o "médium da peruca" como o "padroeiro das fake news".

A pior vítima foi Humberto de Campos. Em vida, Humberto criticou o "livro do Párnaso" com uma mensagem cheia de ironias, concluindo sua resenha dizendo para o "médium" parar com essa tarefa, para não atrapalhar o ganha-pão dos escritores vivos. Dois anos depois, em 1934, Humberto faleceu e o "médium" depois passou a usurpar o nome do autor, em ambiciosas psicografakes que claramente apontavam sérios problemas de estilo se comparados ao estilo original do autor.

E aí houve o processo judicial dos herdeiros de Humberto, em 1944, do qual um juiz suplente de reputação mediana, com "método" jurídico semelhante ao de um Sérgio Moro, para dar impunidade ao "médium" ao declarar o processo dos herdeiros como "improcedente" e ainda cobrar da viúva do autor o pagamento de custos advocatícios. Mais tarde, o "médium" assediou o filho homônimo do escritor, que, antes cético, foi vergonhosamente dominado pelo charlatão.

Livre para usar o nome de Humberto como quiser, mas creditando oficialmente o nome de "Irmão X", o charlatão ainda veio com um falso testemunho de fazer os de Simão Pedro sobre Jesus Cristo parecer depoimentos fidedignos. O "médium" botou na conta do "espírito de Humberto" as acusações graves contra as humildes vítimas do incêndio no Gran Circo Americano, em Niterói, em 1961, de terem sido "cidadãos sanguinários" da Gália, cidade na parte do Império Romano correspondente à França.

Mas o "médium" tem outras acusações sombrias: teria "lavado as mãos" diante da morte, possivelmente ordenada por um dirigente "espírita", do sobrinho Amauri Pena, que teria sido envenenado por "queima de arquivo". A ameaça teria sido antecipada por matéria de Manchete, de 09 de agosto de 1958.

Há, também, o apoio escancarado do "médium" à ditadura militar, um apoio de fazer o Brilhante Ustra ficar de queixo caído. O "médium" usou até o nome do abolicionista Castro Alves para um poema pseudo-psicografado pedindo o apoio aos militares, lembrando que a ditadura era respaldada por fazendeiros que exploravam trabalho escravo. E se o "médium" estava a serviço deles...

O apoio radical à ditadura rendeu homenagens ao "médium" em cerimônia cheia de pompa feita pela Escola Superior de Guerra, o "cérebro" da ditadura. Os partidários do "médium" tentavam dizer que a defesa da ditadura "nada tinha a ver", que era só "estratégia para não ser preso", mas os fatos confirmam o envolvimento do "médium" com a ditadura militar, através da "cortina de fumaça" das "cartas mediúnicas dos entes queridos", um modismo forjado para abafar a revolta popular pelo fracasso do "milagre brasileiro" e cuja única coisa que realizou foi produzir sensacionalismo na mídia.

Apesar destas atrocidades do "médium", que era ranzinza e azarento, pois ele está relacionado à "maldição dos filhos mortos", as pessoas passam pano no religioso, o que faz o Espiritismo brasileiro um cliente potencial da indústria têxtil brasileira, por conta da elevada demanda de panos e flanelas.

Sobre a "maldição dos filhos mortos", o que faz, entre outros maus agouros trazidos a quem adora o "médium", definir o religioso como "médium dos pés-de-gelo", várias personalidades, depois que manifestaram adoração ao charlatão, perderam seus filhos prematuramente em tragédias vindas do nada: Nair Belo, Ana Rosa, Augusto César Vannucci, Maurício de Souza e Christiane Torloni.

Christiane, que perdeu um dos filhos gêmeos num acidente de carro, afirmou, em entrevista recente, que sentia a presença de "espíritos obsessores" durante as filmagens de A Viagem, a amaldiçoada novela que virou artigo da "nostalgia de araque" do brega-vintage brasileiro. A Viagem, em sua versão original da TV Tupi, trouxe energias que fizeram esta rede pioneira falir, demitindo uma série de funcionários cheios de dívidas para pagar. A versão da Rede Globo quase derrubou a carreira de cineasta do ator Guilherme Fonts, que estava no elenco desta produção.

Mas a passagem de pano do "médium" se baseia em três supostas caridades, todas elas grandes cascatas:

1) Ele não doou o cachê de seus livros "para os mais pobres". O cachê o "médium" deixou para a FEB, para a fortuna dos seus dirigentes, hoje verdadeiros super-ricos. O "médium" apenas passou a ser sustentado tal como a rainha Elizabeth britânica, sem tocar em moedas sujas, mas vivendo vidas bastante confortáveis. Dizem que o "médium" era proprietário de uma série de casarões do interior de Minas Gerais e Goiânia, que supostamente doou para "instituições de caridade".

2) Ele não se dedicou para os mais necessitados. As longas filas de pessoas miseráveis em busca de donativos foi um espetáculo constrangedor a serviço do mais abjeto sensacionalismo, pois os pobres esperavam horas, não raro passando fome, para receber mantimentos que se esgotavam em dois dias, de tão poucos. Nada menos humilhante do que os maus-tratos de Madre Teresa com seus alojados.

3) As "cartas mediúnicas" supostamente atribuídas a familiares mortos são um vergonhoso trabalho de religiosidade tóxica, com um astral tão pesado quanto as orgias do inferno. Usadas como "cortina de fumaça" para tentar salvar a ditadura militar de sua grave crise, as "cartas mediúnicas" eram produzidas por uma porção de truques que ia da "leitura fria" colhida de depoimento de parentes dos mortos até pesquisas de materiais escritos relativos ao falecido. "Leitura fria" é o nome que se dá a interpretações subliminares baseadas em gestos e palavras ditos por um depoente.

Se conseguimos desmascarar as três "maiores caridades" do "médium", por que elas ainda são tidas como "indiscutíveis"? Uma trajetória dessas do "médium", mais suja do que pau de galinheiro atingido por um mar de lama, não deveria receber tanta passagem de pano. Mas recebe, porque o Espiritismo brasileiro é a religião da elite do atraso, e serve para "guardar" o dinheiro excessivo dos magnatas brasileiros que hoje dominam culturalmente a sociedade brasileira.

Falta um Christopher Hitchens, falta uma Leah Remini e um Aroup Chatterjee para denunciar as atrocidades de um "médium", que seria desmascarado até pelos personagens de um desenho animado. Mas preocupa a blindagem obsessiva e persistente em favor de um impostor religioso. Triste Brasil.

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