A situação do Brasil de hoje é preocupante. Justamente num período em que, oficialmente, se define como "plenamente democrático", a elite do bom atraso, a "frente ampla" que vai do pobre remediado ao famoso milionário, passando pela classe média abastada que domina as narrativas e a burguesia que investe pesado no "divertimento da galera", sente profunda fobia de senso crítico.
É uma elite que, hoje, posa de "progressista, humanista e amante da liberdade e da justiça social", escondendo sob o tapete as atrocidades dos seus antepassados, das quais seus atuais descendentes só sentem uma parcial discordância, mais por entender que seus ancestrais "pegaram pesado demais" do que por zelar pelos privilégios de classes.
Há uma preocupação de fazer com que os brasileiros tenham que estar de acordo com tudo, em permanecer num clima de felicidade tóxica, tratando o nosso país como um grande parque de diversões e aproveitando as benesses de uma elite investindo pesado em eventos com artistas estrangeiros, em festivais e até franquias de eventos estadunidenses, do Lollapalooza ao NFL, trazendo as "maravilhas do mundo desenvolvido" para o território brasileiro.
Vivemos na pandemia do egoísmo humano, sob a qual quem tem muito dinheiro aproveita tudo isso, pouco importando com a justiça social que defende da boca para fora. Por isso, há um negacionismo factual, uma fobia, uma ojeriza, um ódio em ler textos realistas, sobretudo quando são divulgadas críticas ao governo Lula, com o presidente, hoje um pelego político, convertido numa mascote da burguesia que o petista finge criticar.
Esse negacionismo factual foge de livros, blogues, artigos e matérias em geral que apresentem visões mais críticas, abordagens contestatórias em relação ao "estabelecido". E isso é gravíssimo, pois os boicotes a esses textos passam até mesmo por matérias que falam de atitudes humanas explicitamente erradas, como jogar comida fora e fumar um cigarro.
É, portanto, uma situação de fazer mudo tetraplégico querer sair por aí correndo e gritando por socorro. A má vontade das pessoas em ver informações verídicas, trazidas pelas abordagens críticas da realidade, é um fenômeno perigoso, pois a "boa" sociedade, em nome de uma positividade tóxica, acaba fazendo os problemas acumularem e e agravarem.
Foi isso que fez Salvador e Rio de Janeiro, capitais estaduais que viveram seus períodos de "parques de diversões", se degradarem seriamente, e a "doce vida" agora ampliada em território nacional, é estimulada por mecanismos que envolvem todo um lobby da grande mídia para manter o Brasil culturalmente deteriorado e socialmente engessado.
Daí ser assustador que as pessoas prefiram um "jornalismo Cinderela" no qual as fantasias agradáveis têm que prevalecer sobre a realidade. E isso partindo de gente adulta e "democrática", mas com o velho AI-5 correndo forte em suas veias. É triste ver que chegamos a esse ponto. E logo sob o governo, em tese, progressista e democrático de Lula.
Comentários
Postar um comentário