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"BALADA" SEMPRE FOI UMA GÍRIA DE UMA ELITE DE JOVENS RIQUINHOS


O portal UOL, em suas matérias de lazer ou mesmo em algumas notícias criminais, insiste em vender para o vocabulário geral a gíria "balada", jargão que deveria ser privativo de jovens riquinhos da Faria Lima, da Jovem Pan e de Luciano Huck. Ou, por associação, da própria família Frias, dona do UOL.

A gíria "balada" é a pior de todos os tempos, a mais ridícula, a mais estúpida e a mais pretensiosa, e tenta ser perene porque vende um ideal de "diversão noturna" que enriquece os donos de boates e casas noturnas e lacra as páginas de fofocas de subcelebridades, entre outras coisas.

Portanto, não é gíria para todas as tribos nem acima de todos os tempos. Se percebermos bem, a gíria "balada" sempre encontrou os limites no tempo e no espaço, contrariando o forçado caráter "universal e atemporal" desse jargão que se pronuncia quase cuspindo.

Vergonha ver headbangers, evangélicos e educadores infanto-juvenis usando essa gíria no seu vocabulário. Teve escola de ensino médio lançando um projeto com nome de "baladinha". Isso é terrível, pois a origem da gíria sempre esteve ligada a um consumo de drogas alucinógenas - o ecstasy, a tal "bala" - por parte de jovens riquinhos da burguesia paulista e ao som de techno ou dance music.

A gíria "balada" deveria estar em desuso há mais de 20 anos, e dá pena as pessoas, no piloto automático, falarem "balada" em vez de festa, noitada ou jantar. E gente sucumbindo ao mais escancarado cacófato, pronunciando sem cerimônias nem escrúpulos "fui pra balada c'a galera".

Só mesmo uma mídia venal e uma indústria do entretenimento voraz para criarem um "departamento de marketing" próprio para forçar a perpetuação de uma gíria ligada ao consumo de drogas e ao hedonismo desenfreado. Temos que combater isso e dar o devido lugar para a gíria "balada".

A gíria "balada" deveria permanecer confinada no tempo e no espaço, como toda gíria deve ter. É uma gíria de jovens riquinhos da Zona Sul de São Paulo, frequentadores de agitos noturnos movidos a muita bebedeira e drogas. E é um jargão dos anos 1990, que soa hoje cafona, se observarmos bem. Dá pena forçar a barra para essa gíria continuar na moda, mesmo sob o preço da palavra encerrar seus dias na mídia fofoqueira de subcelebridades.

Mas vai que, nesses tempos de Halloween, o "fantasma" de Agostinho dos Santos assombre o DJ e, em vez das alegres canções eletrônicas, a vitrola toque a melancólica "Balada Triste" com seus dramáticos violinos, um bom aviso de que o Brasil vive tempos distópicos.

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