A quase tragédia de Andressa Urach traz, sem dúvida alguma, muitas lições dolorosas. Um drama ainda pior do que aquele que os intelectuais "bacanas" atribuíam à "ditadura da beleza" no âmbito das mulheres de classe média, e que, tomado pelo exagero no âmbito do "popular", já havia criado muitas tragédias, com mulheres comuns morrendo por causa de cirurgias ou cuidados plásticos malfeitos.
O sonho dourado do "popular", da "periferia" idealizada por cientistas sociais e ativistas "bacanas", que querem a bregalização cultural e a espetacularização do ativismo social, sofreu um sério choque, porque Andressa Urach, vice-Miss Bumbum de 2012, quase morreu por conta de cirurgias estéticas que passavam sob vistas grossas até por certas "feministas" inseridas nas chamadas "esquerdas médias".
Para elas, o mal estava nas revistas Cláudia, Marie Claire e Manequim. A "ditadura da beleza" era demonizada da parte de mulheres de comportamento estereotipado nos comerciais de TV, nas atrizes de novelas ou nas modelos de primeiro escalão, as chamadas top models. O mal estava no "lado de cima".
Já no âmbito do "popular", era aquela "festa". "Liberdade do corpo", "liberdade do sexo", musas siliconadas usando e abusando da forma física, enquanto as "feministas" e "etnógrafas" que iam para a mídia esquerdista fazer "urubologia do bem" achavam tudo lindo, era a "afirmação da mulher da periferia", acreditando até numa suposta ruptura com o machismo por parte das "mulheres-objetos".
Agora a situação dramática de Andressa Urach põe a pensar o quanto a "ditadura da beleza" que só horrorizava as "urubólogas do bem" quando aparecia em comerciais de televisão e nas capas de revistas femininas atingia com maior gravidade justamente as mulheres do "povão".
Os noticiários já mostravam mulheres morrendo tentando fazer lipoaspiração ou cirurgias plásticas, atendidas em clínicas sem qualquer tipo de cuidado higiênico nem qualquer outro cumprimento de normas técnicas necessárias, e, por alguma sorte, Andressa não engrossou os obituários que já haviam até matado uma funqueira pouco conhecida, meses atrás.
Todas as "boazudas" fizeram alguma plástica, e moldaram seus rostos para uma plástica "bonita", mas muito insossa. E isso inclui "mulheres-frutas" e outras funqueiras que causavam deleite nos "etnógrafos de butique" que tanto se achavam os juízes máximos da cultura popular. E de uma forma bem mais "higienista" do que os intelectuais "bacanas" acusavam em top models e atrizes de novela.
"MERCADÃO" DE SILICONADAS TENTA SE RECICLAR
Com a recuperação de Andressa Urach, o mercadão das "boazudas" tenta se reciclar, voltando aos "áureos tempos" em que centenas e centenas de "musas" apareciam "sensualizando" por nada na mídia, conforme se atesta em portais como Ego e O Fuxico.
"Mulheres-frutas" na "pegação" na vida noturna, abrindo caminho para uma nova leva de nulidades femininas mostrando seus corpos sem motivo. Tudo isso por conta de generosos investimentos de seus empresários, machistas convictos, cuja influência é ocultada ou minimizada até mesmo pelas "feministas" de ocasião que haviam seduzido esquerdistas com suas monografias, artigos e documentários.
E essas sub-musas do machismo lúdico e enrustido brasileiro - o "machismo uia", porque seus partidários sempre reagem dizendo "Uia!" quando são denunciados como machistas - já tentam embarcar na causa LGBT para afastar a sombra do machismo e forjar uma falsa liberdade sexual, dentro da espetacularização do ativismo social que entusiasmava as "esquerdas médias", hoje em crise.
Só que a história se repete como uma farsa e hoje o caso Andressa Urach soou como um alerta para as "mulheres-objetos". A "liberdade do corpo" sem a liberdade da alma - que poderia moderar os excessos da "sensualidade" e dos "cuidados com o corpo" - , um dia, cobra seu alto preço. Andressa se livrou do pior, mas e se outra sucumbir?
Comentários
Postar um comentário