É DESTA FORMA QUE OS HAWAIANOS QUEREM INVADIR A MPB.
A canastrice dos bregas não tem limites. Numa época em que a MPB autêntica desapareceu das rádios - quase não dá sinais nas 100 mais tocadas do país, com a única exceção do Skank - , os bregas de várias gerações investem no pretensiosismo, no pedantismo e alguns usam até factoides escandalosos para se autopromoverem, como Rick & Renner, Gian e Giovani e Edson & Hudson.
Também preocupa a promoção à "MPB de verdade" de canastrões neo-bregas arrumadinhos, como Chitãozinho & Xororó (com direito a massacrar as músicas de Tom Jobim), Alexandre Pires, Belo, Péricles, Leonardo, Daniel e Zezé di Camargo & Luciano, quando eles somente pensam que MPB é uma mera questão de misturar plateias lotadas com ambiente de gala.
Os neo-bregas ficam enrolando gravando covers de MPB autêntica e sendo "tão artísticos" quando os calouros de reality shows musicais, que usam e abusam do oversinging, que é aquele método afetado de cantar de maneira exagerada, como se estivesse "tomado de muita emoção". Muitos esquecem que, além dos calouros do The Voice e similares, Alexandre Pires e Ivete Sangalo fazem parte dessa turma.
Pois vamos aos novatos. Há poucos dias, o breganejo Luan Santana - cuja coisa mais importante que fez na vida foi estar associado a supostos romances com atrizes famosas ou outras bonitonas de plantão - anunciou que vai "se inspirar nos anos 60" na gravação do seu novo (?!) CD / DVD. Triste hábito de ficar gravando discos ao vivo sempre com os mesmos (e entediantes) sucessos.
"Já estava na hora de apresentar um trabalho com arranjos mais bonitos e suaves para o meu público. Ele tem a temática dos anos 60, que eu acho que foi a era de ouro da música mundial. A gente vai trazer elementos que remetem a essa época para o palco. Meu topete já está no clima", se desculpa o rapaz, dando o pano de fundo para novas etnografias para a intelectualidade "bacana".
Mas antes que algum incauto possa, com base nesta frase, partir para mirabolantes teses de pós-graduação do tipo "Luan Santana e sua influência provocativa no quadro geopolítico globalitário da cultura multiétnica antropofágica do Terceiro Milênio", é bom lembrar o total desconhecimento de Luan Santana sobre os anos 60.
É ASSIM QUE LUAN SANTANA PENSA SER O VISUAL DOS ANOS 60.
Pela idade dele - 23 anos - e pelo contexto de bregalização, desinformação e ditadura midiática do país em que ele vive, o mesmo que nós, a ideia que ele tem dos anos 60 deve ser de deturpações de quarta mão veiculadas pelo Fantástico, Malhação e outros programas da Rede Globo de Televisão. Nem precisa comentar muito sobre a década que Luan nem de longe entende direito.
Luan nem deve saber sequer como foi o cenário musical da época, e mesmo testemunhas atuais daqueles tempos, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, não são devidamente compreendidos pela geração abregalhada de Luan Santana, Michel Teló, Lucas Lucco (que tem o mesmo topetão de Luan) e outros.
O novo disco apenas acrescentará pretensão ao mesmo repertório pisado e repisado em sucessivos e intermináveis CDs / DVDs ao vivo, sendo com arranjos "acústicos" e "mais elaborados". Mas, no fundo, é tudo mais no mesmo, apenas uma maneira diferente de mostrar uma mesma mercadoria, uma maneira "diferenciada" de mostrar o mesmo disco que Luan repete a cada ano.
Mas se a onda de imbecilização cultural parou por aí, é bom nos prepararmos para o estado de calamidade pública que se encontra a MPB, perdida em tributos e homenagens intermináveis e pelo distanciamento dos próprios ritmos populares genuínos do seu povo, com Paulinho da Viola e Martinho da Vila praticamente restritos aos públicos abastados da Zona Sul carioca.
Pois o grupo de "funk" Os Hawaianos invadiram a Caras - revista que só um Pedro Alexandre Sanches da vida, junto com seus séquitos, acha que nunca daria espaço para os funqueiros - para anunciar seu pretensiosismo fora de medida para 2015.
O descaramento já é completo quando eles logo dizem, na maior cara-de-pau: "Queremos invadir a MPB, gravar com grandes nomes da música". Foi essa canastrice que fez, no meio dos anos 90, aquela irritante geração neo-brega da Era Collor, com seus "sertanejos" e "pagodeiros" de butique, carregar no banho de loja e tecnologia para se transformarem na "MPB de mentirinha" de hoje.
E todas essas coisas contam com o apoio de uma intelectualidade complacente, que faz etnografia até com peido de mulher-fruta. Enquanto isso, a MPB é condenada ao desaparecimento, com homenagens intermináveis que congelam todo seu cancioneiro, sem algo novo e vibrante na música brasileira.
E isso se deve pelo fato de que não temos mais grandes novos artistas com visibilidade suficiente para vingarem na mídia. O que temos são ídolos medíocres e canastrões, que contam somente com bons empresários, capazes de sacar um talão de cheque ao menor risco de seus clientes caírem no ostracismo.
Daí que as carreiras desses ídolos sempre acontecem e se sustentam de maneira permanente a troco de qualquer coisa. No entanto, a contribuição desses nomes para a Música Popular Brasileira é negativa, pela sua falta de talento e pela submissão às regras de mercado.
E se a MPB permitir essa invasão de Luans e Hawaianos da vida, será cada vez menos valorizada, pouco importando a enxurrada de pseudo-etnografias "provocativas" em documentários, reportagens, monografias e outros artifícios discursivos. Não dá para transformar bosta em ouro, mesmo em vias acadêmicas ou intelectuais.
A canastrice dos bregas não tem limites. Numa época em que a MPB autêntica desapareceu das rádios - quase não dá sinais nas 100 mais tocadas do país, com a única exceção do Skank - , os bregas de várias gerações investem no pretensiosismo, no pedantismo e alguns usam até factoides escandalosos para se autopromoverem, como Rick & Renner, Gian e Giovani e Edson & Hudson.
Também preocupa a promoção à "MPB de verdade" de canastrões neo-bregas arrumadinhos, como Chitãozinho & Xororó (com direito a massacrar as músicas de Tom Jobim), Alexandre Pires, Belo, Péricles, Leonardo, Daniel e Zezé di Camargo & Luciano, quando eles somente pensam que MPB é uma mera questão de misturar plateias lotadas com ambiente de gala.
Os neo-bregas ficam enrolando gravando covers de MPB autêntica e sendo "tão artísticos" quando os calouros de reality shows musicais, que usam e abusam do oversinging, que é aquele método afetado de cantar de maneira exagerada, como se estivesse "tomado de muita emoção". Muitos esquecem que, além dos calouros do The Voice e similares, Alexandre Pires e Ivete Sangalo fazem parte dessa turma.
Pois vamos aos novatos. Há poucos dias, o breganejo Luan Santana - cuja coisa mais importante que fez na vida foi estar associado a supostos romances com atrizes famosas ou outras bonitonas de plantão - anunciou que vai "se inspirar nos anos 60" na gravação do seu novo (?!) CD / DVD. Triste hábito de ficar gravando discos ao vivo sempre com os mesmos (e entediantes) sucessos.
"Já estava na hora de apresentar um trabalho com arranjos mais bonitos e suaves para o meu público. Ele tem a temática dos anos 60, que eu acho que foi a era de ouro da música mundial. A gente vai trazer elementos que remetem a essa época para o palco. Meu topete já está no clima", se desculpa o rapaz, dando o pano de fundo para novas etnografias para a intelectualidade "bacana".
Mas antes que algum incauto possa, com base nesta frase, partir para mirabolantes teses de pós-graduação do tipo "Luan Santana e sua influência provocativa no quadro geopolítico globalitário da cultura multiétnica antropofágica do Terceiro Milênio", é bom lembrar o total desconhecimento de Luan Santana sobre os anos 60.
É ASSIM QUE LUAN SANTANA PENSA SER O VISUAL DOS ANOS 60.
Pela idade dele - 23 anos - e pelo contexto de bregalização, desinformação e ditadura midiática do país em que ele vive, o mesmo que nós, a ideia que ele tem dos anos 60 deve ser de deturpações de quarta mão veiculadas pelo Fantástico, Malhação e outros programas da Rede Globo de Televisão. Nem precisa comentar muito sobre a década que Luan nem de longe entende direito.
Luan nem deve saber sequer como foi o cenário musical da época, e mesmo testemunhas atuais daqueles tempos, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, não são devidamente compreendidos pela geração abregalhada de Luan Santana, Michel Teló, Lucas Lucco (que tem o mesmo topetão de Luan) e outros.
O novo disco apenas acrescentará pretensão ao mesmo repertório pisado e repisado em sucessivos e intermináveis CDs / DVDs ao vivo, sendo com arranjos "acústicos" e "mais elaborados". Mas, no fundo, é tudo mais no mesmo, apenas uma maneira diferente de mostrar uma mesma mercadoria, uma maneira "diferenciada" de mostrar o mesmo disco que Luan repete a cada ano.
Mas se a onda de imbecilização cultural parou por aí, é bom nos prepararmos para o estado de calamidade pública que se encontra a MPB, perdida em tributos e homenagens intermináveis e pelo distanciamento dos próprios ritmos populares genuínos do seu povo, com Paulinho da Viola e Martinho da Vila praticamente restritos aos públicos abastados da Zona Sul carioca.
Pois o grupo de "funk" Os Hawaianos invadiram a Caras - revista que só um Pedro Alexandre Sanches da vida, junto com seus séquitos, acha que nunca daria espaço para os funqueiros - para anunciar seu pretensiosismo fora de medida para 2015.
O descaramento já é completo quando eles logo dizem, na maior cara-de-pau: "Queremos invadir a MPB, gravar com grandes nomes da música". Foi essa canastrice que fez, no meio dos anos 90, aquela irritante geração neo-brega da Era Collor, com seus "sertanejos" e "pagodeiros" de butique, carregar no banho de loja e tecnologia para se transformarem na "MPB de mentirinha" de hoje.
E todas essas coisas contam com o apoio de uma intelectualidade complacente, que faz etnografia até com peido de mulher-fruta. Enquanto isso, a MPB é condenada ao desaparecimento, com homenagens intermináveis que congelam todo seu cancioneiro, sem algo novo e vibrante na música brasileira.
E isso se deve pelo fato de que não temos mais grandes novos artistas com visibilidade suficiente para vingarem na mídia. O que temos são ídolos medíocres e canastrões, que contam somente com bons empresários, capazes de sacar um talão de cheque ao menor risco de seus clientes caírem no ostracismo.
Daí que as carreiras desses ídolos sempre acontecem e se sustentam de maneira permanente a troco de qualquer coisa. No entanto, a contribuição desses nomes para a Música Popular Brasileira é negativa, pela sua falta de talento e pela submissão às regras de mercado.
E se a MPB permitir essa invasão de Luans e Hawaianos da vida, será cada vez menos valorizada, pouco importando a enxurrada de pseudo-etnografias "provocativas" em documentários, reportagens, monografias e outros artifícios discursivos. Não dá para transformar bosta em ouro, mesmo em vias acadêmicas ou intelectuais.
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