SKANK - Único nome do Rock Brasil (e, por adoção, da MPB), a estar nas 100 mais tocadas pelas rádios brasileiras.
Com uma certa boa-fé, o jornalista Ricardo Alexandre, em sua coluna, acredita na virada de jogo das rádios "roqueiras" 89 FM (SP) e Rádio Cidade (RJ) na crise do gênero nas músicas mais tocadas nas rádios brasileiras.
Ele não consegue acreditar que o próprio perfil e a linguagem das duas emissoras são responsáveis em parte pela crise que vive o rock - ainda mais quando a 89 e a Cidade retomaram rigorosamente todos os erros que as derrubaram em 2006 - e as duas rádios possuem uma bela parcela de culpa que favorece breganejos e funqueiros a estarem no topo dos listões radiofônicos.
As duas rádios demonstraram total incompetência. Mas, no Brasil, como o que vale é o que se diz, o primeiro autoproclamado de plantão é o maior representante de alguma coisa, temos que aceitar essas duas "coxinhas" em FM como representantes máximas e ideais do radialismo rock.
LOCUTORES FALAM COMO SE DIRIGISSEM A FÃS DO JUSTIN BIEBER
Ontem, quando estava fazendo caminhada, estava um quiosque na Praia de Icaraí, em Niterói, sintonizado na Rádio Cidade. O locutor fazia aquele estilo enjoado e irritante de radialista pop, com voz afetada, jeitão de "engraçadinho" e falando como se estivesse se dirigindo não a um público de rock, mas a fãs de Justin Bieber e One Direction, para não dizer coisas mais infantis.
A linguagem afasta o público roqueiro e a informação explícita de que ex-locutores da Jovem Pan 2 e da hoje extinta Beat 98 passaram a entrar nos quadros da 89 Fm e Rádio Cidade, respectivamente. Gente que não sabe a diferença entre uma guitarra elétrica e um contrabaixo elétrico usa os microfones para conduzirem emissoras que se dizem "especializadas" em rock.
Os locutores já são gente não especializada. Mas mesmo os coordenadores são gente dotada de incompetência. Mesmo o Tatola, que virou "deus" entre os roqueiros de São Paulo, um Estado marcado pela influência de dois "coxinhas" roqueiros, Roger Rocha do Ultraje a Rigor e o carioca radicado em Sampa Lobão.
Tatola não passa de um palhaço, que com seu Não Religião satirizava o Jello Biafra nos gestos no palco, enquanto seu grupo fazia um pastiche de Plebe Rude com Ira! com letrinhas sem questionamentos firmes e profundos sobre o "sistema". Como locutor, sua voz está cada vez mais parecida com a de Rui Bala, da Transamérica.
Isso reflete no público. Se o locutor fala igualzinho o de rádios de poperó e brega, que tocam os Lucas Lucco, Anitta e Avicii que expulsaram os roqueiros das 100 mais da Crowley, ele vai atrair ouvintes de poperó e brega, desses que, entre uma Valesca Popozuda e um Thiaguinho, são capazes de ouvir um Imagine Dragons, Raimundos e Charlie Brown Jr.
Digo isso nas mídias sociais e muitos se sentem ofendidos. Furiosos, eles preferem acreditar na fantasia de contos-de-fadas de que roqueirões da pesada, skatistas furiosos e alternativos com olhar soturno ouvem essas rádios, mesmo com locutores que falem como se estivessem comandando As Sete Melhores da Pan.
Até Beavis e Butt-head, com todos os seus senões de meninos roqueirinhos dos anos 90, não iriam com as caras (e, sobretudo, as irritantes vozes) dos locutores da 89 FM e da Rádio Cidade, e iriam, com toda a certeza, defini-los pelos termos asshole (panacas) e damnass (estúpidos).
As duas rádios não seguiram 1% sequer das lições de Luiz Antônio Mello - sim, ele está a todo vapor esbanjando lucidez na Coluna do LAM - e se prostituíram nos interesses comerciais mais levianos. Pouco importa se as pessoas se acostumaram até com drag queen apresentando programa de metal, temos que ter um pouco de firmeza e não aceitar tudo de bandeja.
Nem os locutores, nem os produtores ou coordenadores são capazes de ter feeling para perceber sons e artistas mais seminais do rock, e se limitam a seguir tão somente o cardápio das gravadoras. E ainda têm a cara-de-pau para dizer que não ousam muito no repertório e adotam linguagem pop para "viabilizar audiência". Até quando?
E o mais vergonhoso é que a Rádio Cidade está desde março no ar, e a 89 FM desde dezembro de 2012. Pede-se ao Ricardo Alexandre que preste muita atenção, afinal, em época em que as informações eram muitíssimo mais lerdas, a Fluminense FM, de Niterói, com apenas seis meses de existência já divulgava uma grande cena de rock no país.
E a 89 FM? Já se foram dois anos, e nada. E a Rádio Cidade tem nove meses, o mesmo período em que uma mulher tende a gerar um filho, mas a emissora carioca não consegue lançar uma banda que preste. E isso com Internet, MP3, informações instantâneas, velocidade de assimilação de novidades etc.
E quais são as duas "grandes bandas" que as duas rádios lançaram? Apenas Malta e Aliados. O Malta, aliás, nem elas lançaram, porque foi a Rede Globo que lançou no programa Superstar. Sem falar que o Malta é xerox brasileira e tardia (sempre tardia) do Nickelback. E os Aliados não passam do mais do mesmo pós-Raimundos, num engodo perdido entre Charlie Brown Jr. e CPM 22.
Por isso é que os "sertanejos" estão rindo à toa. Os funqueiros mandaram beijinho nos ombros do pessoal da 89 FM, cuja única grande coisa que fez foi puxar uma cena de "funk ostentação" na falta de gente qualificada para abraçar a cultura rock, com seus microfones emporcalhados por locutores debiloides que falam como se fossem animadores de festinhas infantis.
Mereceríamos rádios de rock melhores, que talvez não tenham relações tão cordiais ou corporativistas com empresas de promoção de eventos que é o caso da 89 e Cidade, "amigas de infância" de Roberto Medina e seus séquitos. Mas que tivessem produtores, coordenadores e locutores com mentalidade e estilo rock, sem vozes afetadas e com muita coisa interessante a trazer.
As informações se tornam mais complexas e, se o rock hoje não está nas 100 mais das rádios brasileiras, ele circula livre fora das rádios, dentro da "MP3 FM" que circula livremente nos corações dos roqueiros autênticos que, do contrário que sonham pessoas como Ricardo Alexandre, nem de longe estão sintonizados nessas duas emissoras sem pé nem cabeça.
Com uma certa boa-fé, o jornalista Ricardo Alexandre, em sua coluna, acredita na virada de jogo das rádios "roqueiras" 89 FM (SP) e Rádio Cidade (RJ) na crise do gênero nas músicas mais tocadas nas rádios brasileiras.
Ele não consegue acreditar que o próprio perfil e a linguagem das duas emissoras são responsáveis em parte pela crise que vive o rock - ainda mais quando a 89 e a Cidade retomaram rigorosamente todos os erros que as derrubaram em 2006 - e as duas rádios possuem uma bela parcela de culpa que favorece breganejos e funqueiros a estarem no topo dos listões radiofônicos.
As duas rádios demonstraram total incompetência. Mas, no Brasil, como o que vale é o que se diz, o primeiro autoproclamado de plantão é o maior representante de alguma coisa, temos que aceitar essas duas "coxinhas" em FM como representantes máximas e ideais do radialismo rock.
LOCUTORES FALAM COMO SE DIRIGISSEM A FÃS DO JUSTIN BIEBER
Ontem, quando estava fazendo caminhada, estava um quiosque na Praia de Icaraí, em Niterói, sintonizado na Rádio Cidade. O locutor fazia aquele estilo enjoado e irritante de radialista pop, com voz afetada, jeitão de "engraçadinho" e falando como se estivesse se dirigindo não a um público de rock, mas a fãs de Justin Bieber e One Direction, para não dizer coisas mais infantis.
A linguagem afasta o público roqueiro e a informação explícita de que ex-locutores da Jovem Pan 2 e da hoje extinta Beat 98 passaram a entrar nos quadros da 89 Fm e Rádio Cidade, respectivamente. Gente que não sabe a diferença entre uma guitarra elétrica e um contrabaixo elétrico usa os microfones para conduzirem emissoras que se dizem "especializadas" em rock.
Os locutores já são gente não especializada. Mas mesmo os coordenadores são gente dotada de incompetência. Mesmo o Tatola, que virou "deus" entre os roqueiros de São Paulo, um Estado marcado pela influência de dois "coxinhas" roqueiros, Roger Rocha do Ultraje a Rigor e o carioca radicado em Sampa Lobão.
Tatola não passa de um palhaço, que com seu Não Religião satirizava o Jello Biafra nos gestos no palco, enquanto seu grupo fazia um pastiche de Plebe Rude com Ira! com letrinhas sem questionamentos firmes e profundos sobre o "sistema". Como locutor, sua voz está cada vez mais parecida com a de Rui Bala, da Transamérica.
Isso reflete no público. Se o locutor fala igualzinho o de rádios de poperó e brega, que tocam os Lucas Lucco, Anitta e Avicii que expulsaram os roqueiros das 100 mais da Crowley, ele vai atrair ouvintes de poperó e brega, desses que, entre uma Valesca Popozuda e um Thiaguinho, são capazes de ouvir um Imagine Dragons, Raimundos e Charlie Brown Jr.
Digo isso nas mídias sociais e muitos se sentem ofendidos. Furiosos, eles preferem acreditar na fantasia de contos-de-fadas de que roqueirões da pesada, skatistas furiosos e alternativos com olhar soturno ouvem essas rádios, mesmo com locutores que falem como se estivessem comandando As Sete Melhores da Pan.
Até Beavis e Butt-head, com todos os seus senões de meninos roqueirinhos dos anos 90, não iriam com as caras (e, sobretudo, as irritantes vozes) dos locutores da 89 FM e da Rádio Cidade, e iriam, com toda a certeza, defini-los pelos termos asshole (panacas) e damnass (estúpidos).
As duas rádios não seguiram 1% sequer das lições de Luiz Antônio Mello - sim, ele está a todo vapor esbanjando lucidez na Coluna do LAM - e se prostituíram nos interesses comerciais mais levianos. Pouco importa se as pessoas se acostumaram até com drag queen apresentando programa de metal, temos que ter um pouco de firmeza e não aceitar tudo de bandeja.
Nem os locutores, nem os produtores ou coordenadores são capazes de ter feeling para perceber sons e artistas mais seminais do rock, e se limitam a seguir tão somente o cardápio das gravadoras. E ainda têm a cara-de-pau para dizer que não ousam muito no repertório e adotam linguagem pop para "viabilizar audiência". Até quando?
E o mais vergonhoso é que a Rádio Cidade está desde março no ar, e a 89 FM desde dezembro de 2012. Pede-se ao Ricardo Alexandre que preste muita atenção, afinal, em época em que as informações eram muitíssimo mais lerdas, a Fluminense FM, de Niterói, com apenas seis meses de existência já divulgava uma grande cena de rock no país.
E a 89 FM? Já se foram dois anos, e nada. E a Rádio Cidade tem nove meses, o mesmo período em que uma mulher tende a gerar um filho, mas a emissora carioca não consegue lançar uma banda que preste. E isso com Internet, MP3, informações instantâneas, velocidade de assimilação de novidades etc.
E quais são as duas "grandes bandas" que as duas rádios lançaram? Apenas Malta e Aliados. O Malta, aliás, nem elas lançaram, porque foi a Rede Globo que lançou no programa Superstar. Sem falar que o Malta é xerox brasileira e tardia (sempre tardia) do Nickelback. E os Aliados não passam do mais do mesmo pós-Raimundos, num engodo perdido entre Charlie Brown Jr. e CPM 22.
Por isso é que os "sertanejos" estão rindo à toa. Os funqueiros mandaram beijinho nos ombros do pessoal da 89 FM, cuja única grande coisa que fez foi puxar uma cena de "funk ostentação" na falta de gente qualificada para abraçar a cultura rock, com seus microfones emporcalhados por locutores debiloides que falam como se fossem animadores de festinhas infantis.
Mereceríamos rádios de rock melhores, que talvez não tenham relações tão cordiais ou corporativistas com empresas de promoção de eventos que é o caso da 89 e Cidade, "amigas de infância" de Roberto Medina e seus séquitos. Mas que tivessem produtores, coordenadores e locutores com mentalidade e estilo rock, sem vozes afetadas e com muita coisa interessante a trazer.
As informações se tornam mais complexas e, se o rock hoje não está nas 100 mais das rádios brasileiras, ele circula livre fora das rádios, dentro da "MP3 FM" que circula livremente nos corações dos roqueiros autênticos que, do contrário que sonham pessoas como Ricardo Alexandre, nem de longe estão sintonizados nessas duas emissoras sem pé nem cabeça.
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